Prazeres / Lugares

Já ouviu falar em cozinha nikkei?

O Ponja Nikkei é o novo restaurante da capital que se especializa na fusão da cozinha nipónica com a peruana. A carta? Uma surpresa total.

Foto: DR
10 de novembro de 2023 | Rita Silva Avelar
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Comecemos pelo conceito, pela definição. De denominação japonesa, a palavra "nikkei" serve para classificar todo os japoneses nascidos fora do Japão. Ora, no Peru, popularizou-se o termo associado à gastronomia para designar o que seria – o que é – a fusão entre a cozinha japonesa e peruana, muito em parte graças à vaga de imigração japonesa entre 1880 e 1920. O resultado é uma combinação de pratos rica em sabores originários de ambas as culturas, e que agora podemos provar em Lisboa no Ponja Nikkei, um restaurante "importado" de Madrid (pertence ao Grupo Quispe, criado por César Figari e Constanza Rey) onde tem duas moradas, e que pertence agora ao número 1 do Largo Barão Quintela, no Chiado. Já a palavra ponja, remete para o nome que carinhosamente os peruanos dão aos japoneses a viver no Peru. A junção dos dois inspirou este Ponja Nikkei.

 "Lisboa está cada vez mais apetecível, é uma cidade em crescimento, com muito potencial", começa por dizer Rodrigo Sousa Otto, diretor do restaurante, peruano filho de mãe portuguesa, que se junta ao almoço. A cozinha está a cargo da chef Anahí Díaz, sob supervisão do chef executivo do Grupo Quispe, Jeremías Urruti. É quase obrigatório começar a refeição com um pisco sour, de preferência clássico, e que aqui é feito da maneira mais simples possível, fiel à tradição (mas já agora saiba que também há de maracujá, frutos vermelhos, ou até de milho roxo com cardamomo, €12). Como, aliás, tudo o resto. Deve chegar à mesa com o delicioso edamame com milho e batayaki de tomilho (€3,50). A carta é vastíssima, contemplando dos aperitivos às ceviches e tiraditos, mas também niguiris, makis, gunkan, sashimi e outros pratos mais específicos como shiromi de robalo, udón achupetado, lombo salteado ou costeletas de churrasco.

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O peixe ganha aqui destaque em várias formas – primeiro, na ceviche, chega-nos com a corvina selvagem ou com o atum vermelho de almadraba (€22 e €25, respectivamente) da forma mais tradicional possível. Depois, nos niguiris, no sashimi, nos gunkans e nos makis, a presença do peixe-manteiga, do salmão, do polvo, ou do lírio (a juntar ao atum), combinados com molhos especiais (desde €3,50 por unidade). Já nos mariscos, é imperativo provar as gyozas de santola achupetadas (€10, duas unidades), que vêm recheadas da dita e de pimenta amarela, e vêm mergulhadas num molho de frutos do mar e espuma de queijo.

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A surpresa, depois desta viagem mais pelo mar, é o prato de lombo salteado no wok, com cebola roxa, tomate, cogumelos, ostra e molho de soja, mandioca frita e arroz com milho. "Comiamos este prato pelo menos uma vez por semana, é muito típico dos almoços de família", revela Rodrigo Sousa Otto, que pontualmente nos vai transportando para as mesas peruanas, e nos faz viajar até lá sempre que fala com os empregados (quase todos são da América do Sul, e boa parte do Peru, especificamente).

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Enquanto estes pratos coloridos vão chegando, apreciamos a decoração sublime do Ponja Nikkei, com tetos a imitar os padrões florais típicos do Japão e paredes com aspecto inacabado e em tons arenosos, aludindo ao destino dos Trópicos, por sua vez, e a uma certa sensação de férias. No restaurante em si há espaço para 100 pessoas sentadas, e na sala privada de mais 30 – e já agora, a saber, os menus de grupo chegam a tempo do natal (€45, €55 e €65), incluem bebidas e várias entradas e pratos principais.

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Surpreende-nos a secção de sobremesas e de vinhos: a primeira, porque tem apenas duas e chegam perfeitamente; a segunda por ser ecléctica e vasta, e ir além das sugestões habituais. Portanto, temos cheesecake de lúcuma (uma fruta que é típica dos vales andinos do Peru e encontra-se nas margens do Amazonas) e o suspiro limenho de cherimoia, a nossa anona, em forma de merengue com gergelim crocante e frutos vermelhos. Nos vinhos, escolhidos por Rodrigo Sousa Otto e por Constanza Rey, tanto temos Valdoeiro branco da Bairrada como Vinha do Furo branco com Alentejo, um Jose Pariente Verdejo de Espanha, como um Vietti Moscato d’asti de Itália – há cerca de 30 referências.

Onde? Largo Barão Quintela 1, Lisboa Quando? De terça-feira a domingo das 13h às 15h e das 19h30 às 23h (excepto sábado e domingo, que abre às 20h e fecha às 23h30). Encerra às segundas. Reservas 964 752 105

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