Prazeres / Sabores

4 vinhos que são autênticas experiências

Final do ano com algumas podas a decorrer numa altura em que o frio dita as horas de trabalho. Dois tintos que ditam uma experiência, um que tem dado que falar e um porto duriense declarado vintage.

Foto: DR
29 de dezembro de 2023 | Augusto Freitas de Sousa

Marquês de Marialva Baga Unoaked e Marquês de Marialva Baga Complexo

A Adega de Cantanhede lançou dois vinhos da mesma casta Baga, mas feitos de forma diferente, como refere o diretor da instituição, Vítor Damião, "um hino à casta Baga, à sua inequívoca plasticidade e versatilidade". O responsável refere que estes vinhos são "dois irmãos gémeos que se separam em determinada altura, e agora, já adultos, voltam juntos para nos proporcionar uma experiência que espelha os caminhos distintos que trilharam até atingir a maioridade".

O responsável aponta entre 16 e 18ºC. para servir os vinhos.
O responsável aponta entre 16 e 18ºC. para servir os vinhos. Foto: DR

Os tintos são vinificados a partir das uvas do mesmo terroir na Cordinhã, um pequeno território marcado pelo elevado teor calcário num solo predominantemente argiloso onde a pedra roliça de origem granítica também marca presença. Vítor Damião explica que "estas distintas uvas partilham o mesmo depósito de fermentação alcoólica e todo o savoir-faire que dedicam aos vinhos". No caso do Baga Unoaked, após fermentação malolática, inicia o estágio em depósitos de aço inox, enquanto o Baga Complexo inicia o estágio em barricas de carvalho francês. O diretor da adega refere que a escolha da casta Baga, autóctone da região, aconteceu porque "os vinhos produzidos a partir desta casta têm um enorme potencial de guarda".

O responsável aponta entre 16 e 18ºC para servir os vinhos e sugere "carnes vermelhas assadas ou guisadas, caça e queijos de meia cura". O preço de €64,90 é calculado para as duas garrafas, uma vez que não são vendidas separadamente. Relativamente à Bairrada, Vítor Damião salienta que estes vinhos são "únicos, autênticos, irreverentes e didáticos, permitindo uma experiência dos diferentes estágios da casta baga, inox e barrica de carvalho francês".

"A influência marítima está bem presente nos vinhos da região pela frescura em boca" Foto: DR

O diretor da Adega de Cantanhede aponta como consumidores desde "o enófilo entusiasta e conhecedor dos tintos de Baga, ao consumidor curioso ávido de descobrir vinhos únicos, vinhos de terroir que espelhem a tipicidade da sua origem e que encontrem no vinho a companhia perfeita para tertúlias à volta da mesa, pontuadas pela rica gastronomia nacional". Acrescenta que "sem pretensiosismos, estes vinhos encerram também um propósito de promoção e pedagogia à volta da Baga, enquanto casta icónica da Bairrada".

Vítor Damião garante que "a influência marítima está bem presente nos vinhos da região pela frescura em boca e, neste caso em concreto, a uva da casta Baga, selecionada de vinhas com mais de 25 anos e plantadas em solos argilo-calcários do concelho de Cantanhede conferem-lhe notas predominantes em frutos de polpa vermelha madura e geleia dos mesmos, o que aliado ao tempo de estágio e diferentes processos de maturação tornam estes vinhos macios, elegantes e cativantes".

Dois vinhos da mesma casta Baga, mas feitos de forma diferente.
Dois vinhos da mesma casta Baga, mas feitos de forma diferente. Foto: DR

Saturn

É o terceiro vinho da saga Wines from Another World (Vinhos do Outro Mundo), lançada em 2021, com o objetivo de colocar no mercado um total de nove vinhos, representativos de cada planeta do sistema solar. Este é um vinho alemão que surge através da parceria entre a Martins Wine Advisor e o produtor Ernst ‘Erni’ Loosen.

Cláudio Martins, da empresa que lançou esta série, recorda que "este vinho chega ao mercado depois do alentejano Júpiter e do espanhol Uranus, e homenageia, precisamente, Saturno, o sexto planeta a partir do Sol e o segundo maior do Sistema Solar". A coleção limitada envolve o lançamento de um vinho por ano, oriundo das principais regiões vinícolas do mundo, a começar e a acabar em Portugal.

O responsável explica que se trata de "um branco da casta riesling, seco, em que todo o processo envolto à sua produção é muito minucioso, desde a colheita, realizada através de um processo de seleção manual, onde apenas a fruta mais madura e saudável é aproveitada, aos processos de fermentação, executado em grandes barris de Fuder, e de maturação, efetuada sobre as borras totais durante oito anos antes do engarrafamento".

É o terceiro vinho da saga Wines from Another World (Vinhos do Outro Mundo).
É o terceiro vinho da saga Wines from Another World (Vinhos do Outro Mundo). Foto: DR

A escolha da casta reside na origem das uvas colhidas da parcela mais antiga de vinhas de Ernest Loosen, em Erdener Treppchen, da região de Vale do Mosel, na Alemanha, onde as vinhas, de pré franco, têm mais de 130 anos de história.

Claúdio Martins refere que o vinho deve ser consumido entre os 10 e 12 ºC e pode ser degustado sozinho, com comidas asiáticas, com especiarias, mas acompanha bem qualquer prato. Cada garrafa do Saturn, de 0,75l, tem o custo de 900 euros e também há disponíveis 60 magnum de 1,5 litros a dois mil euros cada.

O responsável garante que o branco pode ser bebido brevemente, mas tem potencial de guarda. Salienta que este é um tipo de vinho raro e exclusivo, "com um número muito limitado de garrafas disponíveis no mercado – entre 500 a 2000 – e, por isso, pensado para uma comunidade eclética de conhecedores de vinhos, à semelhança dos dois anteriores e dos que serão lançados nos próximos seis anos".

Quinta da Boeira Vintage 2021

A enóloga Helena Teixeira conta que no decorrer da vindima de 2021 verificou que as uvas tinham uma qualidade excecional pelo que optou por selecionar as melhores uvas dos vários talhões da vinha para tentar preparar um lote que poderia ter características para ser um vintage de alta qualidade.

Enóloga Helena Teixeira
Enóloga Helena Teixeira Foto: DR

A enóloga afirma que "a previsão da equipa de enologia estava correta dado que ao fim de um ano o vinho tinha evoluído para ser classificado como vintage pelo Instituto do Vinho do Porto". A responsável refere que apesar de 2021 ter sido um ano muito quente, na quinta de Alijó, choveu na altura certa, resultando numa excelente uva para vintage, "fenómeno que não se verificou em todo o Douro, o que poderia ter sido um risco, pois a probabilidade do Instituto do Vinho do Porto o declarar como Ano Vintage era baixa".

O Porto, feito com as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão, típicas dos vinhos do Porto, deve ser servido entre 15 e 16ºC e a enóloga sugere a sua degustação após a refeição como digestivo, acompanhado de queijos e ou frutos secos.

"Ao fim de um ano o vinho tinha evoluído para ser classificado como vintage pelo Instituto do Vinho do Porto" Foto: DR

A marca Boeira calculou um preço de 180 a 200 euros em caixa de luxo com 3 garrafas serigrafadas, num total de 3500. 

Helena Teixeira refere que, de acordo como o perfil do consumidor, o Boeira Vintage 2021 "tem potencial de guarda para os apreciadores de envelhecimento, mas para o consumidor que privilegia os vinhos ricos em taninos pujantes e complexos pode ser aberto no imediato". Para a responsável o destinatário final "é o apreciador de vinhos de alta qualidade, muito encorpados e frutados, permitindo envelhecê-los por longos anos". Destaca que "há famílias que adquirem estes vinhos para comemorar a data de nascimento de um filho ou neto e, ao longo dos anos, vão abrindo uma garrafa nos aniversários, casamento, entre outras celebrações familiares".

Por último, Helena Teixeira garante que "o terroir é o grande responsável na qualidade da produção dos vinhos do Porto, sendo que a altura da vinha entre 530 e 620 metros tem um fator diferenciador nos vinhos da casa".

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