Prazeres / Sabores

Plano de uma noite de verão: uma experiência No Jardim

O chef Vítor Adão decidiu celebrar o verão abrindo as portas do jardim do seu Plano a quem procura uma versão mais leve, fresca e descontraída do restaurante. O menu é um festim elegante e subtil, harmonizado a preceito para saborear a estação estival.

Foto: Pedro Sadio
13:09 | Diego Armés

É logo quando passamos pela porta que uma estranha sensação se apodera de nós. Como se atravessássemos uma passagem encantada, viajamos, com um só passo, desde uma cidade torta, confusa, um tanto suja e cheia de gente, até a um espaço idílico, reservado, abrigado, fresco, onde podia ser sempre verão. "Bem-vindos ao Jardim do Plano", é assim que nos recebem, com gentileza e um sorriso, e somos tentados a olhar para trás, para nos certificarmos de que a cidade ainda está lá fora, que não mudámos de dimensão, que tudo isto faz estranhamente parte do mesmo mundo.

No Jardim, assim se designa esta modalidade do Plano do chef Vítor Adão. Consiste, muito abreviadamente, na abertura ao público do espaço nas traseiras do edifício onde se encontra o restaurante principal. E esse espaço, que fica para lá de uns altos muros brancos, contém relva, árvores de várias espécies, um terraço onde estão as mesas e cadeiras, bancos, balcões, recantos de sombra, um pequeno lago.

A variante "No Jardim" funciona durante todo o verão. Não tem data fixa para terminar, acaba quando o verão definhar. Da mesma forma, também funciona apenas se as condições climatéricas o permitirem - o calor excessivo ou as tempestades de verão podem provocar adiamentos. Quanto à "abertura ao público", embora não requeira reserva, a gerência aconselha que a ela se proceda. Os lugares são poucos e o ambiente quer-se descontraído e tranquilo, isolado do mundo lá fora. 

Embora não requeira reserva, a gerência aconselha que a ela se proceda. Os lugares são poucos e o ambiente quer-se descontraído e tranquilo, isolado do mundo lá fora
Embora não requeira reserva, a gerência aconselha que a ela se proceda. Os lugares são poucos e o ambiente quer-se descontraído e tranquilo, isolado do mundo lá fora Foto: Pedro Sadio

Esta modalidade mais fresca, descontraída e de celebração do verão tem um menu composto por cinco momentos, acompanhados por quatro vinhos que harmonizam com os pratos. Em alternativa aos vinhos, os visitantes podem optar pela versão não alcoólica de cocktails absolutamente imperdíveis - mas já lá iremos.

Para despertar o palato, abrir o apetite e deixar absolutamente claro que nos encontramos numa espécie de paraíso de adoração ao estio - e, porque não, ao dolce far niente -, começamos com uma ostra com maçã e vinagrete de romã. 

Ostra com maçã e vinagrete de romã
Ostra com maçã e vinagrete de romã Foto: Pedro Sadio

Segue-se a entrada, tártaro de atum com batata doce e um riquíssimo, embora muito suave, leche de tigre. Depois das ostras, a nota dominante continua a ser frescura, mas sempre bem envolvida em sabores e aromas ricos, mantendo o espírito apropriadamente relaxado enquanto os sentidos se divertem e deleitam.

Estes pequenos delírios de frescura e acidez harmonizam com um Ding Alvarinho 2020, um vinho branco que não encontraremos facilmente noutro lugar. Aliás, todos os vinhos servidos existem quase exclusivamente no Plano, com exceção daquele que encerra a refeição, com a sobremesa. 

Os pequenos delírios de frescura e acidez harmonizam com um Ding Alvarinho 2020, um vinho branco que não encontraremos facilmente noutro lugar
Os pequenos delírios de frescura e acidez harmonizam com um Ding Alvarinho 2020, um vinho branco que não encontraremos facilmente noutro lugar Foto: Pedro Sadio

Como alternativa ao vinho, o Plano hamorniza o snack e a entrada com uma outra delícia - e aproveitamos para deixar um conselho: mesmo que harmonizem o menu com vinho, não percam a oportunidade de provar estes inacreditáveis "mocktails". Com a ostra e o tártaro de entrada, acompanha um tepache (bebida fermentada de origem mexicana) com leite de côco e maracujá.

O prato principal de peixe é, talvez, a humilde escolha deste que vos escreve como "momento alto deste fim de tarde" - mais um conselho: chegar ao Jardim do Plano logo às sete da tarde é o ideal para desfrutar daquela magia muito particular do verão lisboeta, em que o dia vai entrando devagarinho pela noite dentro, mas de uma maneira que o crespúsculo parece demorar-se durante horas, criando a ilusão de que o tempo para. Bom, voltando ao principal: o peixe é corvina, braseada, cozinhada no ponto, suculenta, com esmagada de batata - atenção, não é uma batata qualquer: é batata de Chaves, Trás-os-Montes, a terra do chef Vítor Adão - e molho de espumante.

Acompanhando o prato de peixe, é servido um vinho rosé, o Ding Assinatura 2020, que acrescenta um toque surpreendente à experiência. Como alternativa não-alcoólica, existe a opção de chá gelado de rooibos e canela, com ginger ale. Qualquer das possibilidades faz um pairing perfeito com o prato.

Chegamos ao prato principal de carne, um pouco mais robusto, mas sem exageros. Bife do lombo, tomate coração de boi e beldroegas, assim se faz o remate aconchegante de uma refeição avessa aos excessos, deixando ainda aquele espacinho essencial para se saborear a sobremesa como ela merece ser degustada - sem enfartamentos. A harmonização do prato é feita com o Dong Tinto 2020 ou, em alternativa, com um cocktail sem álcool de beterraba e laranja.

O encerramento é com uma base de iogurte natural com morangos e granizado de frutos vermelhos, muito distintamente acompanhado por Porto Niepoort LBV 2020 ou, na versão de cocktail sem álcool, adequadamente harmonizado com um shrub de frutos vermelhos, romã e limão. 

O encerramento é feito com uma base de iogurt natural com morangos e granizado de frutos vermelhos, muito distintamente acompanhado por Porto Niepoort LBV 2020 ou, na versão de cocktail sem álcool, adequadamente harmonizado com um shrub de frutos vermelhos, romã e limão
O encerramento é feito com uma base de iogurt natural com morangos e granizado de frutos vermelhos, muito distintamente acompanhado por Porto Niepoort LBV 2020 ou, na versão de cocktail sem álcool, adequadamente harmonizado com um shrub de frutos vermelhos, romã e limão Foto: Pedro Sadio

A gerência do Plano não obriga a fazer reserva para a experiência No Jardim, mas aconselha-a vivamente, não só pelo número reduzido de lugares à disposição, mas também pela possibilidade de adequar alguns dos momentos da degustação às dietas ou restrições alimentares dos clientes.

A experiência No Jardim funciona de segunda a sexta-feira, das 19h00 às 00h00, e aos sábados e domingos das 12h30 às 15h30 e das 19h00 às 00h00. Tem o valor de €140, com tudo incluído, e as reservas podem ser feitas por email para reservas@planorestaurante.com.

Saiba mais Prazeres, Sabores, Restaurante, Plano, No Jardim, Lisboa, Vítor Adão
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