Prazeres / Sabores

Há um novo restaurante na baixa lisboeta (e é tudo menos vulgar)

O edifício é histórico, o interior gracioso e o receituário português. No prato, a técnica apurada permite que os produtos regionais brilhem de forma divertida, com apresentação cuidada. É já ali, na rua dos Fanqueiros, que fica o In.Vulgar.

Foto: In.Vulgar
05 de setembro de 2022 | Must
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A afluência estrangeira é enorme nesta zona da capital. Há oferta hoteleira, restaurantes típicos e lojas de souvenirs para quem se possa esquecer que esteve em Lisboa. Mas faltava algo. "A restauração, aqui, está muito virada para o turismo, e nem sempre utiliza o melhor produto ou se propõe uma carta de vinhos diferenciadora", começa por explicar Fernando Carrilho, um dos quatro sócios responsáveis pelo novíssimo In.Vulgar. Mais abaixo, na mesma rua, encontra-se o primogénito, o restaurante Terroir, inaugurado em 2020 por estes empresários. "Estávamos a recusar muitas reservas e a deixar boa gente ir embora. Sentimos necessidade de procurar um novo espaço e a falta de uma boa oferta gastronómica nesta parte da cidade facilitou".

Foto: In.Vulgar

São ambos fine dining: o Terroir de cozinha autoral e experimental fechada em menus de degustação e o In.Vulgar, à carta e de budget mais acessível, com uma matriz bem portuguesa. A ideia foi pegar no receituário nacional e criar um menu criativo, com um toque contemporâneo e uma exibição elegante. Uma proeza conseguida pelo chef Hélder Martins, que coloca todo a ênfase nos produtos regionais para se distinguir dos demais.

A inspiração encontrou-a nas memórias emocionais e experiências profissionais prévias: "queria algo que revelasse o melhor da gastronomia nacional e, simultaneamente, convertesse o conceito de restaurante de hotel em algo mais aberto, acessível aos passantes".

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Foto: In.Vulgar

De facto, o In.Vulgar torna-se muito fácil de encontrar. Situado num edifício histórico, porventura da época pombalina, impõe-se pela fachada em vidro escuro, seduzindo pelo mistério. Lá dentro, tons sóbrios, cadeiras aveludadas e toques de dourado confluem em toda uma experiência, pautada, claro, pela comida.

Um menu que se pretende variar quatro vezes ao ano, como as estações. Se no final da primavera, quando o restaurante inaugurou, se deu primazia às cenouras, favas, ervilhas e beterraba, com o calor surgiu uma nova carta "mais extensa e completa, com opções mais diversificadas", confessa o chef. Agora é o momento da beringela, da lima ou mesmo do pêssego. Querem-se entradas frescas, de preferências leves. Têm-se o gaspacho mar e terra (€12,5) e o tomate e beringela (€9,50). O escabeche de atum (€12,5) também é novo, ao contrário do firmado tártaro de vitela (€15), muito pedido. Todos os pratos, mesmo os iniciais, evocam uma explosão de cor e brincadeiras com as texturas, tornando-os descaradamente fotogénicos.

Foto: In.Vulgar

Depois, apresentam-se a corvina alimada com batata doce e algas (€22) uma sugestão do chef, ou mesmo o espadarte de Sesimbra, aipo e azeitona (€28), que todo o sentido faz no verão. Opções de partilha também as há como o arroz de garoupa e bivalves para duas pessoas (€42) – embora a carta seja toda ela versátil e apetecível o suficiente para compartilhar. A garrafeira vai acompanhando, naturalmente. Cocktails de autor como o Touriga (€11) ou o Blue Ron (€9) ou mais clássicos como a Margarita (€9) e o Negroni (€9) dão agora lugar aos vinhos, num total de 40 referências nacionais que a dinâmica e atenta equipa de sala terá todo o gosto em guiar.

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Foto: In.Vulgar

Nas carnes, o rabo de boi, foie-gras e maçã de Alcobaça (€24) é um favorito dos habitués. Há igualmente sempre uma opção vegan, de momento beringela, cogumelos e Ras el Hanout - blend de especiarias do Magrebe (€20).

Já as sobremesas destacam "os sabores que vamos encontrar na nossa doçaria nacional, aqui com uma outra roupagem e equilíbrio nutricional", desvenda o chef, entre risos. Por exemplo, a proposta de priscos e citrinos (€7), procura "um pudim que não tenha seis mil calorias por peça. Para isso baixamos a quantidade de açúcar com alguns substitutos, mantendo a gulodice", desvenda. Em semelhança à maçã de alcobaça e miso (€7) com crumble de limão na base a fazer de terra e a imitar um fruto caído, também o novo cheesecake de pêssego (€7,5) prima na composição final, inusitado como tudo o resto. Afinal, "se fosse para uma experiência vulgar, ficávamos em casa", como nos revelam, acertando na mouche.

Onde? Rua dos Fanqueiros 308, 1100-233 Lisboa. Quando? De terça-feira a sábado, das 19h às 22h. Reservas através de 218 864 177.

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