Livro. Mais de seis décadas de fotografias de Ralph Gibson
Este famoso fotógrafo norte-americano aprendeu com os grandes, tendo começado a sua carreira como assistente de Dorothea Lange e de Robert Frank. E agora, nesta nova edição da Taschen, com legendas e comentários do próprio, podemos todos aprender com ele.

É raro uma antologia fotográfica da Taschen vir acompanhada de legendas e comentários do próprio fotógrafo – regra geral, porque são homenagens póstumas. Neste caso feliz, porém, Ralph Gibson continua vivo e com vontade de contar histórias sobre as fotografias que tirou ao longo de mais de seis décadas de trabalho. Munido da sua fiel máquina fotográfica Leica, Gibson captou nus, naturezas-mortas, retratos e fotografias narrativas. Nas mais de 500 páginas desta edição, intitulada Ralph Gibson. Photographs 1960–2024, o fotógrafo fala não só das suas fotografias isoladas, como das suas séries – com nomes tão sugestivos quanto The Somnambulist, Déjà-Vu, Days at Sea e Chiaroscuro –, num exercício de memória e reflexão que tem muito para oferecer aos apreciadores desta forma de arte.

Gibson nasceu em 1939, em Los Angeles, e começou a fotografar enquanto estava ao serviço da Marinha dos Estados Unidos da América, nos anos 1950. Talvez não seja injusto dizer que a sua grande oportunidade de singrar no mundo da fotografia ocorreu em 1960, quando se mudou para Nova Iorque e começou a trabalhar como assistente de Dorothea Lange – a fotógrafa que captou as famosas imagens das duríssimas condições de vida dos trabalhadores agrícolas durante a Grande Depressão. Mais tarde, chegou também a ser assistente de Robert Frank – que ficou célebre com o seu livro de fotografias The Americans, um retrato da sociedade norte-americana nos anos do pós-Segunda Guerra Mundial, com introdução do escritor Jack Kerouac.

Mas deixemos os seus mentores, e voltemos a Ralph Gibson. O seu olhar é facilmente reconhecível através do seu estilo de fotografia artística, conceptual, surreal, muitas vezes com forte foco no corpo humano, na arquitetura e nos objetos do quotidiano, que são, frequentemente, tratados de uma forma quase onírica. Gibson é um mestre na utilização de sombras profundas e luz intensa. Os seus enquadramentos são minimalistas, mas meticulosamente construídos. Nas suas fotografias há sempre espaço para mistério, com uma forte componente psicológica e sensual. No início da sua carreira, trabalhou quase exclusivamente a preto e branco, mas mais tarde incorporou a cor com a mesma intensidade formal.

Produzido em estreita colaboração com o artista, este livro oferece o resultado de mais de seis décadas de criação fotográfica. Desde as primeiras fotografias de Gibson em São Francisco, Hollywood e Nova Iorque, nos anos 1960, até aos dias de hoje, esta é a coleção mais abrangente do trabalho deste fotógrafo amplamente reconhecido, e que foi distinguido com bolsas da NEA e da Fundação Guggenheim, e em 2002 recebeu o título de Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres pelo governo francês.

Ralph Gibson. Photographs 1960–2024 custa 60 euros e está à venda no site da Taschen.
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