Seis sugestões da Must para a Feira do Livro
O que é que Deus, o Diabo, a bebedeira, a guerra, o Kramer (só há um e dispensa apresentações), e a ginástica mental que uma pessoa faz para sobreviver às agruras da vida têm em comum? Várias coisas, mas há uma que sobressai: cabem todos numa prateleira.

Se ainda não foi à Feira do Livro de Lisboa, saiba que tem até ao próximo dia 22. Com ainda dois fins-semana e dois feriados daqui até ao dia do encerramento, ainda vai muito a tempo de se abastecer de livros para as férias ou, dependendo do tempo de consegue dedicar à leitura, talvez lhe cheguem até ao Natal. E se, de facto, apesar dos seus melhores esforços, tudo o que consegue é ler um livro por mês, então, não vá mais longe porque temos aqui, precisamente, uma seleção de seis obras. Nem todas são recém-publicadas, mas têm todas menos de nove meses. Por acaso, são todos livros de não-ficção. Mas as semelhanças ficam-se mais ou menos por aí. Há dois livros de História – um mais humorístico, outro mais aterrador; um de memórias; um de ensaio; um de conversas bem-dispostas sobre a existência (ou inexistência) de Deus; e um outro que a contracapa diz tratar-se de "autoajuda", mas, tendo em conta que o autor é um renomado filósofo, esta jornalista não se atreve a descrevê-lo de tal forma – chamemos-lhe literatura terapêutica. O que, no fim, acaba por incluir todos os livros. Ou, pelo menos, os bons.

Breve História da Bebedeira, Mark Forsyth, Casa das Letras, 264 páginas, €18,90
Com a quantidade de humor negro contida neste livro, é bastante óbvio que o autor só podia ser britânico. Abra qualquer página ao calhas e será presenteado com uma frase espirituosa (trocadilho intencional). Coisas como: "Noé plantou uma vinha. Foi a primeira coisa que fez depois do dilúvio, e é compreensível que estivesse a precisar de uma bebida." Em pouco mais de 250 páginas, Forsyth leva-nos numa viagem alucinante ao longo de 10 mil anos de bebedeira, desde a pré-história da bebida até à Lei Seca, passando pela Idade das Trevas. Aqui ficamos a saber, por exemplo, que os antigos persas debatiam as questões políticas duas vezes: uma bêbedos e outra sóbrios. E somos advertidos a nunca entrar numa competição de bebedeira com um musaranho das árvores da Malásia. Haverá melhor livro para ler nas férias? Dificilmente.

O Que É Que Eu Estou Aqui a Fazer?, João Francisco Gomes conversa com Ricardo Araújo Pereira, Tinta da China, 288 páginas, €16,10
Um jornalista católico, um humorista ateu (mas que conhece melhor a Bíblia do que muitos devotos) e, a determinada altura, um padre entram numa livraria/editora onde têm cinco longas e animadas conversas sobre Deus, que acabam prefaciadas por um cardeal. A pergunta do título foi feita por Ricardo Araújo Pereira, durante uma aula de Religião e Moral, ao seu professor que era também padre. Os colegas riram à gargalhada, com o que julgaram ser uma piada, mas o padre percebeu tratar-se de um questionamento genuíno e respondeu em conformidade – RAP é que já não ouviu nada porque ficou inebriado com o riso que provocou. Este é um livro delicioso e imprescindível para quem se interesse pela existência (ou inexistência) de Deus, a fé, o humor, a morte, o sentido (ou falta de sentido) da vida e sobre os pontos de contacto entre a teologia e a comédia.

Entradas e Saídas, Michael Richards, Casa das Letras, 544 páginas, €19,71
Eis um pequeno calhamaço (passe o paradoxo) memorialista capaz de lhe fazer companhia durante uma boa quinzena de praia. O autor é o famoso Kramer da sitcom Seinfeld – humorista que assina o prefácio do livro onde conta, por exemplo, o seguinte: "O Kramer ia ser tudo o que fosse engraçado. Às vezes era planeado, mas muitas vezes deixávamo-nos simplesmente inspirar por aquilo que víamos na personalidade maravilhosa do Michael. [...] Eu costumava provocá-lo e rir-me das contorções físicas e mentais a que se obrigava para desempenhar o papel dele, mas tudo aquilo fazia parte da diversão e do sofrimento inerentes à comédia." Neste livro de memórias, o homem e a personagem confundem-se e boa parte das histórias acabam mesmo por ser sobre as suas experiências na série que lhe trouxe a fama. Um mimo para os fãs de uma das melhores sitcoms de todos os tempos: um programa sobre nada.

Uma Viagem Terapêutica, Alain de Botton, D. Quixote, 416 páginas, €22,41
Este é o livro perfeito para quem se está a aproximar das férias saturado, frustrado, exasperado, perdido e com o depósito na reserva. O autor, um bem conhecido filósofo suíço radicado em Londres, escreveu sobre não estarmos bem, nesta obra que começa num momento de crise e acaba na sua superação. É uma viagem de saúde mental, uma espécie de retiro literário, que "tem como intenção servir como guia prático, mas também como fonte de consolo e amizade nos momentos mais solitários e angustiantes das nossas vidas". Quer se trate de uma rutura numa relação, de um revés na carreira, ou da ansiedade do dia-a-dia, de Botton acompanha o leitor com compreensão e bondade, ajudando a encontrar razão para ter esperança. E tudo isto, sem lamechices, como se esperaria de qualquer bom britânico, mesmo que adotado.

O Silêncio da Guerra, Antonio Monegal, Objectiva, 272 páginas, €17,51
Da mesma forma que é possível contar a história da humanidade através da bebedeira, é também possível fazê-lo através da guerra. O resultado, porém, é muito diferente, certamente, menos divertido, mas muito recomendável para os dias que vivemos. Nesta obra, o autor, professor catedrático de Teoria da Literatura e Literatura Comparada, doutorado em Harvard, reflete sobre "a diferença entre viver uma guerra e saber dela através de mediações culturais", recordando três jovens libaneses, que, em 1976, encontrou numa estrada da Bulgária, rumo a Paris, fugindo da guerra civil no seu país. Na introdução pode ler-se que "este livro versa, simplesmente, sobre a guerra representada. A discussão gira em torno da forma como falamos da guerra, escrevemos sobre ela ou a vemos, ou seja, sobre como podemos adequar a linguagem a uma experiência que lhe escapa."

Uma História do Diabo, Randall Sullivan, Casa das Letras, 368 páginas, €17,01
Já que neste conjunto de sugestões temos um livro que questiona a existência de Deus, por que não questionar também a existência do Diabo? Aqui há uns anos, numas férias na província, esta jornalista passou todos os serões no (muito barulhento) café central, porque tinha medo de ler o livro que estava a ler – The Shining – sozinha em casa. Esta biografia do demo é capaz de ter o mesmo potencial. Em 1995, o autor, um jornalista norte-americano, com três obras nomeadas para o Pulitzer, viveu na Bósnia e Herzegovina onde ouviu histórias de horror dos tempos de guerra. Se isso, por si só, já bastaria para começar a acreditar da existência do Diabo, Sullivan também deu por si a participar num exorcismo. Essas experiências – e outras ainda mais bizarras – resultaram numa muito natural curiosidade cujo resultado final é esta investigação empolgante sobre o Mal desde os tempos remotos até à atualidade.
Livro. Mais de seis décadas de fotografias de Ralph Gibson
Este famoso fotógrafo norte-americano aprendeu com os grandes, tendo começado a sua carreira como assistente de Dorothea Lange e de Robert Frank. E agora, nesta nova edição da Taschen, com legendas e comentários do próprio, podemos todos aprender com ele.
Livro. Georg Baselitz e o mundo de cabeça para baixo
Desde pinturas existenciais até esculturas rudemente esculpidas em madeira e "remixes" de obras anteriores, o trabalho deste artista alemão é sempre desafiador. Muitas das suas pinturas exploram a identidade alemã e o impacto da Segunda Guerra Mundial e do Nazismo. Ficou famoso por pintar "às avessas".
Livro. Os 100 momentos marcantes da Fórmula 1
A nova obra da Assouline — "Fórmula 1: The Impossible Collection" — celebra 70 anos de F1 com os momentos mais trágicos, mas também os mais emocionantes, do automobilismo. São eles que hoje constroem a história de um dos desportos mais vistos do mundo.
Livro. História de 225 anos de auto-retratos em 60 obras
"Self Portraits: From 1800 to the Present" é uma das mais recentes edições da Assouline. Um verdadeiro livro de mesa de café, este objeto de coleção promete horas bem passadas a analisar mais de 60 auto-retratos de artistas como Monet, Picasso, Félix Vallotton, Gustave Caillebotte, entre outros.
O que é que Deus, o Diabo, a bebedeira, a guerra, o Kramer (só há um e dispensa apresentações), e a ginástica mental que uma pessoa faz para sobreviver às agruras da vida têm em comum? Várias coisas, mas há uma que sobressai: cabem todos numa prateleira.
A Forbes divulgou a lista anual dos atletas que registaram os ganhos mais altos do ano. Cristiano Ronaldo, Stephen Curry e Tyson Fury são os nomes que lideram o topo da tabela, com valores que ultrapassam os 125 milhões de euros. Já nas modalidades, o destaque vai para o futebol, basquetebol, baseball e boxe.
Um estudo de uma empresa inglesa descobriu que a opção "aceder ao microfone" pode estar a fazer com que lhe apareçam anúncios publicitários aparentemente personalizados.
A novidade exclusiva já esgotou online. Inspirada nas lendárias canetas baby de 1910 e 1920, as mais pequenas do seu tempo, junta-se à Heritage Collection.