Livro. Georg Baselitz e o mundo de cabeça para baixo
Desde pinturas existenciais até esculturas rudemente esculpidas em madeira e "remixes" de obras anteriores, o trabalho deste artista alemão é sempre desafiador. Muitas das suas pinturas exploram a identidade alemã e o impacto da Segunda Guerra Mundial e do Nazismo. Ficou famoso por pintar "às avessas".

Georg Baselitz é um dos pintores e escultores alemães mais influentes do pós Segunda Guerra Mundial. Ficou conhecido pelo seu estilo expressivo e, sobretudo, pelos seus quadros pintados de cabeça para baixo. Uma estratégia audaciosamente simples, mas revolucionária, que tinha como objetivo desafiar a perceção do espectador, afastando-o da interpretação literal das imagens. Nasceu em 1938 e ainda está entre nós, mantendo uma produção artística significativa para alguém com a respeitável idade de 87 anos. A Taschen presta-lhe, agora, homenagem com esta monografia atualizada, que dá a conhecer toda a amplitude do seu trabalho com grande profundidade e detalhe, apresentando mais de 400 imagens que abrangem as suas obras desde 1960 até ao presente.

Desde pinturas existenciais até esculturas rudemente esculpidas em madeira e "remixes" de obras anteriores – a arte de Georg Baselitz é sempre desafiadora. O seu estilo é muito marcado por pinceladas fortes, cores vibrantes e uma sensação de brutalidade, influenciado pelo expressionismo alemão. De resto, muitas das suas obras exploram a identidade alemã e o impacto da Segunda Guerra Mundial e do Nazismo. Baselitz foi muito influenciado por artistas como Picasso, os expressionistas alemães – em particular, Ernst Ludwig Kirchner, Emil Nolde, Otto Dix e Max Beckmann – e pelo Informalismo – movimento pictórico que abrange todas as tendências abstratas e gestuais desenvolvidas na Europa depois da Segunda Guerra Mundial. O seu trabalho teve um grande impacto na arte contemporânea, especialmente no neoexpressionismo dos anos 80.

As suas obras são sempre carregadas de emoção, mas surpreendentemente diversas. Começou com figuras masculinas cruas e existenciais, que foram removidas da sua primeira exposição individual por serem consideradas indecentes, e com a série "Heróis", na qual retratou figuras mutiladas e expostas num cenário devastado. Ao longo dessa evolução, o espaço pictórico tornou-se cada vez mais fragmentado e, no final da década de 1960, Baselitz inverteu completamente o mundo: árvores, fábricas, águias e autorretratos nus foram pintados literalmente de cabeça para baixo.

"Der Wald auf dem Kopf" (A Floresta de Cabeça para Baixo), de 1969, foi a primeira pintura "às avessas". A partir daí, essa técnica tornou-se uma marca registada do seu trabalho. Essa escolha permitiu-lhe pintar com mais liberdade e explorar esquemas de cores conceptuais ou temas inusitados. Mais recentemente, começou a desenvolver os chamados "remixes", nos quais reinterpreta o seu próprio trabalho anterior num diálogo ao longo do tempo. Já mestre no desenho, na xilogravura e na gravura, a partir de 1980 Baselitz começou também a criar esculturas rudes esculpidas em madeira com machado e motosserra, passando a incluir o bronze nos seus materiais no final dos anos 2000.

Esta edição da Taschen, chamada, simplesmente, Georg Baselitz, inclui textos que abordam o artista sob diferentes perspetivas. Richard Shiff, um conhecedor de longa data de Baselitz, escreve um perfil do artista com enfoque no seu humor negro; o crítico de arte Jonathan Jones fala dos seus anos formativos e da sua evolução como pintor; já a historiadora de arte Eva Mongi-Vollmer analisa o seu trabalho escultórico desde o seu sucesso controverso na Bienal de Veneza de 1980; Carla Schulz-Hoffmann estuda as suas estratégias artísticas; o autor e realizador Alexander Kluge escreve uma coleção de vinhetas literárias que relacionam o seu uso do mito e da história; e, por último, a transcrição de uma conversa em estúdio com o jornalista de arte Cornelius Tittel. Declarações do próprio artista e uma biografia ilustrada completam esta exploração sem precedentes da obra de Georg Baselitz.

De resto, quem quiser e tiver oportunidade poderá, até 4 de maio, visitar as suas obras no Munchmuseet, em Oslo, na Noruega, onde está patente a exposição "Feet First", com mais de 80 pinturas, desenhos e esculturas desde o início dos anos 1960 até aos dias de hoje. Para quem não conseguir ir a Oslo, resta este completíssimo volume que já foi publicado como edição de colecionador, assinada e – por definição – limitada, mas regressa agora de forma ilimitada.
Custa 75 euros, tem 616 páginas e está disponível no site da Taschen.
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