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Designer da Louis Vuitton criticado por comentário polémico

Virgil Abloh, o designer responsável pelas coleções masculinas da marca, usou as redes sociais para revelar detalhes sobre a sua própria experiência com o racismo. Mas antes, causou polémica.

Foto: Getty Images
03 de junho de 2020 | Rita Silva Avelar

O simples facto de, em 2018, Virgil Abloh, fundador e diretor criativo da Off-White, ter assumido o cargo de diretor artístico de moda masculina da Louis Vuitton, levou a uma onda de esperança e positividade dentro da indústria. O designer, que nasceu em Illinois e tem raízes ganenses, tornou-se, nesse momento, o primeiro designer afro-americano a estar no leme de uma casa de moda pertencente ao grupo de luxo LVMH

Abloh ainda não tinha reagido à morte do norte-americano George Floyd por parte de um polícia, mas fê-lo agora de forma inesperada. O designer comentou um vídeo publicado no Instagram pelo designer da Nike Sean Wotherspoon, mostrando os interiores destruídos (durante os protestos) das suas lojas em Round Two e Vintage Round Two, em Los Angeles. Escreveu: "Isto enoja-me. Nós fazemos parte de uma só cultura. (...) Quando passarem por ele [Wotherspoon], por favor tenham a dignidade de não o olhar nos olhos..."

Visto por alguns como um comentário inadequado, as críticas a Abloh não se fizeram esperar, sobretudo porque, segundo o New York Post, o designer tinha anunciado que ia dar 50 dólares para as crianças envolvidas nos protestos, uma quantia indiscutivelmente pequena face às necessidades. Esta informação foi rapidamente replicada no Twitter, onde várias pessoas reforçaram que Abloh doou apenas 50 dólares à organização Fempower, sediada em Miami. 

Abloh reagiu revelando mais da sua própria experiência, numa publicação no seu Instagram pessoal. "Deixem-me começar por alguns factos centrais. Eu sou um homem negro. Um homem negro escuro. Bastante escuro", escreveu Abloh. "Numa ida normal à mercearia de Chicago, sinto receio de morrer. O risco de literalmente morrer acompanha-me ao longo da vida. Quando submeto uma candidatura profissional, receio não ficar com o lugar. (...) [Eu] vivo como se estivesse a andar em bicos de pés. Qualquer interação com a polícia pode ser fatal para mim" partilhou, naquilo que pareceu ser o bloco de notas do telemóvel, ou seja, um apontamento pessoal.

"Como negro, sinto raiva, tristeza e dor sempre que um de nós é vítima de preconceito ou racismo sistémico", continuou. "Tenho orgulho em ser solidário com todos os movimentos para erradicar o racismo e a violência policial. O racismo tem de acabar. Está, literalmente, a matar-nos" desabafa, revelando também um pouco da história dos pais, que "emigraram do Gana sem um dólar em seu nome."

Sobre a morte de George Floyd, Virgil acrescentou ainda: "Sinto-me mal por George Floyd e gerações de negros terem sido injustamente mortos pela polícia. Todos os agentes da polícia envolvidos nas suas mortes têm de ser acusados e condenados. De forma inequívoca. Nós, os povos do mundo, devemos protestar como acharmos melhor".

Acabando, também, por pedir desculpa sobre os comentários proferidos na conta de Instagram de Sean. "Peço desculpa pelos meus comentários de ontem terem sugerido que as minhas principais preocupações não fossem a solidariedade para com os movimentos contra a violência policial, o racismo e as desigualdades."

Por fim, Abloh esclareceu o equívoco quanto à doação. "É puramente falso no que diz respeito ao total. Eu doei 20.500 dólares para pagar fianças e outras causas relacionadas com este movimento".

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