Um serão bem passado no Palácio do Governador
É neste luxuoso boutique hotel em Lisboa, reconstruído no local da casa do antigo governador da Torre de Belém, que fica o Po Tat. Um restaurante com um nome inusitado que celebra o espírito dos navegadores com uma culinária de inspiração portuguesa e pan-asiática.

"Vamos jantar ao Po Tat?" Vamos jantar onde? Po Tat? Dito assim, sem mais, pode parecer que o interlocutor está a ter um AVC. O que é o Po Tat? Pois, Po Tat, caro leitor, são duas coisas: o famoso pastel de nata português, conhecido em cantonês como "Po Tat" e reinterpretado em Hong Kong com recheio de custard britânico; e o restaurante do histórico hotel Palácio do Governador, em Belém. "Então e…", perguntará o leitor, "dá para comer pastéis de nata no Po Tat?" Claro que sim. Pasteis de nata e muito mais.

O Po Tat é um espaço recente, que abriu em setembro do ano passado e assumiu como conceito o cruzamento das fronteiras culinárias do Japão, China e Coreia, fundindo a cozinha pan-asiática com o espírito aventureiro dos viajantes portugueses do século XV.
O espaço é elegante e confortável, com uma decoração contemporânea que combina tons de azul – evocando os vastos oceanos desbravados pelos navegadores portugueses – com detalhes quentes e sofisticados. A decoração não trai nem a identidade do restaurante nem a história do hotel. É fácil imaginar que estamos num qualquer entreposto ultramarino em visita a um representante da Coroa.

A Must visitou o restaurante no início de março, quando anoitecia cedo e, ainda por cima, em noite de temporal. Não tivemos, por isso, oportunidade de admirar os jardins, a esplanada e piscina. Mas eles estão lá e são particularmente úteis no Brunch de Domingo, uma experiência que decorre todos os domingos, entre as 12h e as 16h, e custa 45 euros por pessoa e, por mais 20 euros por pessoa é possível ter acesso ao Felicitás Spa.

Mas voltemos ao jantar, que foi o que nos levou ao Po Tat. Sob a liderança do chef André Santos, o menu apresenta uma fusão harmoniosa de técnicas e ingredientes portugueses e asiáticos, que resulta num tipo de cozinha leve que é hoje muito apreciada – já ninguém tem vida para passar horas a tentar digerir uma refeição. A aposta em produtos portugueses e locais é, como não podia deixar de ser, um dos pilares do restaurante. Tudo isto resulta numa experiência gastronómica imersiva, onde os sabores tradicionais se encontram com técnicas contemporâneas e inspirações internacionais, num verdadeiro tributo às antigas rotas de comércio e intercâmbio cultural.

Começámos a degustação com delicioso Pão de massa mãe com manteiga de mel (cinco euros), tudo fabrico da casa. De seguida, uma seleção de três snacks: Tiradito de barriga de atum, toranja e óleo de pimento (oito euros); Gamba da costa curada, stracciatella e harissa (sete euros); e Tosta de anchova com manteiga de leitelho e limão preservado (seis euros). Três opções excelente, saborosas, bem confeccionadas e bem equilibradas, que regámos com um óptimo vinho branco: Druida Encruzado Reserva 2023. Outros elementos do nosso grupo de comensais experimentaram outras ofertas vitivinícolas, mas esta jornalista da Must, tanto mais que não come carne, não viu qualquer motivo para largar o Druida da mão.

Depois de três snacks, não havia necessidade de exagerar nas entradas. Ficámo-nos pelos Cogumelos ostra grelhados com puré de inhame e amendoim (16 euros). Um prato reconfortante com aromas entre o fumado e braseado que fazem desconfiar que está por ali um pedaço de picanha escondido – não está –, sendo por isso uma opção excelente para os vegetarianos desconsolados e pouco convictos. Uma maravilha.

De seguida, passamos para os pratos principais: Robalo, girassol batateiro e dashi beurre blanc de algas (32 euros); Donburi de beringela com pesto de caju e dengaku, como opção vegetariana (19 euros); e, para os carnívoros, Presa de porco alentejano grelhada com marmelos shio koji e alface-espargo (29 euros). Tudo delicioso e altamente recomendável com especial menção para os marmelos shio koji que esta jornalista acabou a comer de uma tacinha depois de ter babado a olhar para o prato dos carnívoros.

E se, por esta altura, regra geral, mesmo com porções pequenas, já estaríamos um tanto enfartados com tantas opções, aqui isso não aconteceu. Porque há, realmente, cortesia do chef André Santos, uma leveza e um equilíbrio na confecção que fazem dispensar os anti-ácidos e as Águas das Pedras. E, assim sendo, ainda houve espaço para uma sobremesa: Gelado de arroz negro, manga e curcuma com merengue de yuzu (nove euros). Uma delícia.

"Então e os pastéis de nata?!", perguntará o leitor, imaginando já que o nome do restaurante é, na verdade, um embuste. Mas não é. Esta jornalista trouxe uma caixinha para casa, com um exemplar que aqueceu no dia seguinte em cima da torradeira, e consumiu com café e está, de facto, em posição de confirmar que é dos melhores que já comeu. Experimente. Vale a pena.
Onde? Rua Bartolomeu Dias, 117, 1400-030 Lisboa Horário? Todos os dias das 19h30 às 22h30 Reservas? 963 637 239 ou reservations@potatrestaurant.com
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