Prazeres / Review

Immerso: um refúgio a 45 minutos de Lisboa

A Must fez-se à estrada para passar meio dia no primeiro hotel de cinco estrelas da Ericeira. Entre tratamentos de spa e um almoço de inspiração atlântica, com consultoria do chef Alexandre Silva, a experiência é para repetir.

Foto: DR
26 de novembro de 2023 | Madalena Haderer

Por razões que não vêm ao caso, relacionadas com uma viagem de 18 horas de autocarro, a enviada especial da Must chegou ao Immerso cansada, entorpecida e a amaldiçoar o facto de ter tido de madrugar e de se enfiar num carro para mais uma viagem de trabalho. "O que é que me passou pela cabeça para combinar isto?", perguntou várias vezes a si própria – a resposta tardava em chegar. E, de repente, ali estava ela, sob a forma de um hotel escondido num bonito vale verdejante com vista de mar ao fundo. Os jardineiros estavam atarefados a cortar a relva e aquele cheiro a erva fresca misturava-se com o aroma do orvalho, da maresia e do café acabado de chegar. Começava a tornar-se evidente que, afinal, não tinha sido má ideia. Mas o que fez toda a diferença foi a massagem – um momento quase bíblico ao estilo "Lázaro, levanta-te e anda" e, o que é certo, é que Lázaro andou… Alegremente até à mesa do almoço.

Entrada do hotel
Entrada do hotel Foto: DR

O Immerso é o primeiro hotel de cinco estrelas da Ericeira. O nome descreve bem o que encontramos: uma estrutura rasteira, dividida em quatro blocos, em tons terra que se funde com a paisagem do vale sem retirar o seu protagonismo, e a piscina com vista para o mar a erguer-se no topo de um dos blocos. Tanto o edifício com os seus interiores são da responsabilidade do arquiteto Tiago Silva Dias e em todo o lado se nota o cuidado em usar materiais orgânicos: o couro, a lã, o linho, a madeira, a terracota. Os interiores, de resto, têm a curadoria da proprietária do hotel, Alexandra Almeida d’Eça, que selecionou obras de diversos artesãos para ajudar a transmitir o look que imaginou para o Immerso: como os tapetes artesanais feitos a partir de desperdícios de lã e algodão orgânicos da SUGO CORK RUGS, de Susana Godinho, e os candeeiros e as cadeiras de baloiço da Oficina 166, de Diana Cunha, ou ainda o Uniouriço, uma enorme intervenção artística, da autoria de Paulo Reis, que decora a entrada da propriedade. 

Immerso escondido no vale
Immerso escondido no vale Foto: DR

Por muito apetecível que seja o bar e restaurante do hotel, com a sua esplanada com vista para o mar, para quem chega estafado, o melhor é descer até ao spa. Uma massagem, mais vigorosa ou mais delicada, conforme a preferência, faz mesmo milagres. Na tranquilidade e penumbra da sala de tratamento, com as plantas dos pés bem assentes em grainhas de uva, para ajudar a relaxar o estado de espírito, o visitante é convidado a escolher o óleo que prefere para a sua massagem, numa experiência sensorial em que a preferência é obtida com o nariz, com a aplicação de uma gota de óleo na pele.

Tratamento Vinoterapia Immerso, com almofadas com grainhas de uva
Tratamento Vinoterapia Immerso, com almofadas com grainhas de uva Foto: DR

Os produtos usados no spa são da marca de vinoterapia Vinoble Cosmetics, feitos com ingredientes naturais, vegan e sustentáveis, boa parte decorrentes do desperdício da indústria vinícola – como é o caso das grainhas de uva. Um tratamento Vinoterapia Immerso, como o que trouxe esta que vos escreve de volta à vida, custa 95 euros por 60 minutos ou 150 euros por 80 minutos. À saída da sala de tratamento é convidado a beber um chá ou uma água aromatizada. De seguida, poderá rumar à sauna, ao banho turco ou ao ginásio. Se quiser tomar um duche antes de seguir para o almoço – e imaginamos que queira – e não vive sem amaciador, leve-o consigo. O hotel disponibiliza champô, gel de banho e creme de mãos de excelente qualidade, mas, estranhamente, não amaciador. Se for apanhado desprevenido, aqui fica uma dica: uma ervilha de creme das mãos faz as vezes de creme de pentear e é melhor que nada.

Restaurante Emme
Restaurante Emme Foto: DR

O Emme é o restaurante do Immerso e conta com Alexandre Silva – premiado com uma estrela Michelin no LOCO, em Lisboa – como chef consultor, e com Maurício Pinto como chef residente. A cozinha é de inspiração atlântica, baseada no que o mar tem para oferecer, como o peixe da costa da Ericeira e das Berlengas, e plantas salinas. A lota de Peniche é visitada, diariamente, pelo chef ou pela equipa e é lá que são escolhidos o peixe e o marisco, garantindo frescura e qualidade exclusivas. De sublinhar também a utilização dos legumes da horta orgânica do hotel.

Torricado de sardinha com puré de pimento e mistura de ervas (13 euros)
Torricado de sardinha com puré de pimento e mistura de ervas (13 euros) Foto: DR

No dia em que visitámos o Emme, comemos, de entrada, ceviche de peixe da costa com batata doce e pickle de cebola roxa (€17,50); um torricado de sardinha com puré de pimento e mistura de ervas (€13); pica-pau do mar, com bivalves da nossa costa, molho de ervas frescas e pickles de kumquat e funcho (€19). Como prato principal, experimentámos o risoto vegetariano com cogumelos e legumes da horta (€19); a garoupa na grelha com xerém de berbigão (€36); e o arroz de pato (€36). Para terminar, duas sobremesas: brownie de chocolate com caramelo salgado, gelado de arroz doce e telha de canela (€9,50); e ananás com granita de ervas, sorvete de ananás e chá verde (€9). Acompanhámos tudo com vinho branco Ramilo.

Peixe da lota de Peniche com xerém de berbigão (36 euros)
Peixe da lota de Peniche com xerém de berbigão (36 euros) Foto: DR

Para não dizer que estava tudo delicioso, dizemos-lhe, antes, o que não poder perder: o torricado de sardinha, o pica-pau do mar e a garoupa com xerém. O Emme tem um menu que serve durante o dia, até às 19 horas, um menu de jantar, das 19 horas às 22 horas, e um menu de snacks que serve durante todo o dia, portanto, tem muito por onde escolher.

Promessa de dia bem passado
Promessa de dia bem passado Foto: DR

Se quiser passar a noite, a estadia custa a partir de €280, mas lembre-se que pode sempre fazer uma escapadela de meio dia, como fez a Must. Responder a uns e-mails, resolver uns quantos problemas, passar uns recados, meter o computador na mala e seguir para o Immerso. Está lá em menos de uma hora – a partir de Lisboa – faz uma massagem, passa meia hora entre a sauna e o banho turco e depois almoça e ou regressa ao escritório, ou faz da esplanada com vista para o mar a sua secretária para o resto do dia.

Saiba mais Hotel, Spa, Gastronomia, Immerso, Emme, Ericeira, Chef Alexandre Silva, Chef Maurício Pinto
Relacionadas

Chefs de renome tomam conta do Miss Jappa

Na última quinta-feira de novembro, dia 30, e na primeira de dezembro, dia 7, o restaurante recebe chefs convidados que prometem transformar o espaço num palco de inovação culinária.

Um novo capítulo residencial em Lisboa

O cobiçado bairro da Graça, no coração de Lisboa, é onde fica o mais recente projeto residencial: o edifício “Peixinhos” no Condomínio Jardim da Glória.

Estes são os destinos mais favoráveis para 2024

Depois de meses isoladas em casa, as pessoas têm sentido a necessidade de sair para explorar, mais do que nunca, os cantos e recantos do mundo. Se ainda não tem planos para o próximo ano, espreite esta lista para se inspirar.

Mais Lidas
Lugares Faial. Roteiro pelo encanto insular

Fora da época alta, esta ilha açoriana ganha uma outra graça, revelando-se em detalhes que, na voragem turística da primavera e do verão, passam muitas vezes despercebidos.

Lugares Cascavel: uma fusão de culturas e sabores no coração de Lisboa

O novo hotspot da capital lisboeta encanta com a sua atmosfera eclética e menu que mistura influências portuguesas, brasileiras e angolanas. Da arquitetura minimalista ao aroma irresistível da cozinha, cada detalhe convida os visitantes a explorar uma experiência gastronómica autêntica e emocionante.

Lugares “É um Restaurante”, em Lisboa, tem selo das Nações Unidas

A Associação Crescer vai alargar o espaço de restauração que tem vindo a florescer em Lisboa para a cidade da Amadora. Na capital, a abertura do "É um Restaurante", em 2019, com a ajuda do chef Nuno Bergonse, foi o início de uma ideia que já incluiu propostas como os "É uma mesa", "É uma esplanada", "É uma copa" e, até agora o último, "É um almoço". O diretor executivo, Américo Nave, conta como aconteceu e divulga, em exclusivo, o que aí vem mais.