Vinhos de verão: um 11 de sonho
Tintos, brancos, rosés e até um Porto. Do Minho ao Porto Santo — e mais um francês, para dar um toque internacional. A maioria com preços acessíveis, mas também há algumas estrelas — daquelas que decidem jantares, para continuar com a analogia futebolística. E, evidentemente, todos se destacam pela leveza e frescura, como se pede a um vinho que vai acompanhar refeições de verão.

Château d’Esclans Garrus 2022
Antigamente dizia-se "como não havia vinho, bebeu-se branco". Hoje já quase ninguém o faz, mas muitos passaram essa ideia para os rosés — e continuam enganados. Há muitos rosés bons, alguns ótimos e uma minoria absolutamente extraordinária, capazes de ombrear com os melhores brancos e tintos do mundo em complexidade e profundidade. É o caso do Garrus, o topo de gama da Château d’Esclans e a casa do Whispering Angel, provavelmente o rosé mais famoso da atualidade.
Mas o Garrus joga noutra liga: sem perder o carácter mais descontraído dos rosados, ganha muitas camadas — fruta madura, amarela e vermelha, notas picantes, um corpo mais cremoso — fruto do estágio de um ano em barricas novas de carvalho francês. É poderoso e leve, com bom potencial de guarda. O melhor de dois mundos… sem contar com o preço, que também é de outro campeonato. Provavelmente o rosé mais caro do mundo (tirando os champanhes e um par de edições imitadas) — mas até isso funciona como cartão de visita. Preço: 115 euros

Colombo Justino’s Caracol Listrão 2022
Depois dos vinhos do Pico, Portugal descobriu o Porto Santo — e apaixonou-se por estes vinhos secos e salgados, que só podiam nascer de videiras quase plantadas na areia, no meio do Atlântico. É verdade que a Companhia dos Profetas e dos Vilões (de Maçanita e Nuno Faria) teve um papel decisivo na fama, mas a Justino’s já cá estava — comprando e produzindo uva, sobretudo para os fortificados da Madeira.
Há poucos anos, dedicou-se também aos vinhos tranquilos, com resultados espetaculares. Pode não ser um vinho consensual, mas parece-nos impossível não adorar a precisão e austeridade deste Caracol (com 3% de Listrão), onde os açúcares são praticamente inexistentes, os aromas discretos, o álcool muito baixo (11,5% vol.) e a frescura inversamente proporcional. A salinidade dá-lhe um toque gastronómico irresistível — perfeito com tudo o que venha do mar (lapas ou percebes!), saladas ou pratos leves.
A fama crescente e a produção reduzida já fazem destas as uvas mais caras do país. Preço: 27 euros

Duorum Vinha dos Muros 2024
Nasce de uma pequena parcela de Arinto e Gouveio, plantada a 500 metros de altitude no Douro Superior. É um verdadeiro "vinho de vinha", rodeada pelos típicos muros de xisto que justificam o nome.
Um casamento feliz: o Arinto traz a acidez vibrante, o Gouveio (Verdelho, no Alentejo) oferece exuberância aromática — notas de chá, menta, tangerina, laranja. Um vinho longo, fresco e premiado: venceu o título de Melhor Branco do Douro no 11.º Festival do Vinho do Douro Superior. Edição limitada a 6000 garrafas. Preço: 20 euros

Morgado do Quintão Clarete Negra Mole 2023
Não é bem um tinto — é um clarete, algarvio, produzido com a casta mais típica da região: a Negra Mole. Pouca extração e pouca cor, como manda o estilo, com acidez vincada. Uma homenagem aos antigos vinhos do Algarve — e vai lindamente com peixe e marisco. Preço: 17 euros

Lagoalva Branco 2024
Muito fresco, equilibrado, descomplicado e em conta. Bastante aromático no nariz, boa acidez na boca. Apesar de ser a entrada de gama da Quinta da Lagoalva, conquistou uma medalha de ouro no concurso dos melhores vinhos do Tejo. Talvez por as uvas (Fernão Pires, Arinto e Sauvignon Blanc) serem vindimadas de noite, para preservar os aromas. Preço: 5,49 euros

QM Alvarinho 2024
As Quintas de Melgaço são um raro exemplo de associativismo em Portugal, reunindo cerca de 530 famílias sob a mesma marca. Sendo de Melgaço, o Alvarinho é a estrela da casa — mas aqui destacamos a entrada de gama, um blend com Loureiro num belo equilíbrio.
Temos o lado tropical e aromático do Alvarinho, com a acidez e mineralidade do Loureiro. O corpo cheio resulta, aliás, dessa boa acidez. Outra boa opção é um rosé inusitado, mistura de Alvarinho e Vinhão. Ambos muito versáteis à mesa. Preço: 6,90 euros (ou 12,98 no caso do Rosé)

Vicentino Naked Rosé 2024
Nascidos no sudoeste alentejano, junto ao mar e banhados pela brisa atlântica, os vinhos Vicentino são alentejanos muito frescos, perfeitos para o verão. Este novo Pinot Noir Naked Rosé é super elegante e discreto nos aromas de frutos vermelhos, com notas minerais. "Naked", porque não tem madeira. Já produzem um topo de gama da casta, por isso sabiam como o Pinot da Borgonha se adapta bem àquela terra.
Outra boa opção é o Alvarinho da casa — com a acidez e exuberância esperadas — ideal para peixes brancos e comida um pouco mais condimentada. Preço: 9,99 euros (rosé) ou 12,49 euros (Alvarinho)

Quinta da Vacaria Oh Pires! 2024
Um típico vinho de verão: leve, fácil de beber, feito a pensar no convívio. Vai muito bem com petiscos — e temos a certeza de que houve muito trabalho de bastidores para chegar a este resultado tão "descomplicado". Com baixo teor alcoólico (11,5% vol.), seco e aromático. O nome e o rótulo remetem à descontração — tal como a screw cap em vez da rolha — mas também à casta: Fernão Pires. Preço: 18,50 euros

Tarelo Arinto & Verdelho 2019
Com o blend típico dos vinhos do Pico, embora com mais Arinto que Verdelho. Fermentou em inox, com borras por 4 meses e mais 8 sem. Depois disso, tem estado a descansar em garrafa — o que lhe deu um equilíbrio excecional.
Notas cítricas, fruta tropical (do Verdelho), boca profunda, fresca e elegante. O final é longo e, claro, tem a salinidade que encanta nos vinhos açorianos. Perfeito para mariscos com sabor a mar. Preço: 30 euros

Quinta do Sampayo 2024
Ilustre propriedade do Cartaxo, na orla do Tejo, que ganhou nova vida nos últimos anos, com forte aposta na agricultura regenerativa e na sustentabilidade. Este é o primeiro branco do novo ciclo — um blend 50-50 de Arinto e Fernão Pires, que estagiou 6 meses sobre borras finas em barrica nova de carvalho francês, ganhando textura e domando a acidez.
Mínima intervenção na adega — com um ligeiro toque de "vinho natural", sem o ser. Muito bom à mesa, sobretudo com peixe e marisco. Até a garrafa é das mais leves do mercado, o que ajuda o planeta e facilita levá-la de férias. Preço: 9,50 euros

Conceito Vinho do Porto Branco 10 anos
Este vinho não é para guardar no armário das bebidas — mas no frigorífico, porque um Porto branco, bem fresco, pode ser o final perfeito de um jantar de verão. Textura aveludada, aromas ricos de casca de laranja, frutos secos, mel (dos 10 anos em casco), e uma doçura equilibrada pela acidez. Nem precisa de sobremesa. Uma delícia.
Já agora, também resulta bem como aperitivo: basta um Porto branco seco (preferível escolher outro, não este), raspas de citrinos, gelo e água tónica — e temos um excelente Porto Tónico. Preço: 20 euros.

São Salvador da Torre: como o Loureiro se está a transformar na nova casta estrela dos vinhos verdes
“O que mais importa nestes projetos são as pessoas que reunimos”, dizem, à vez, Jorge Dias e Anselmo Mendes, dois grandes senhores do vinho, unidos por uma longa amizade e juntos num dos projetos mais inovadores da região dos Verdes.
Em julho, cinco vinhos que vai querer experimentar
Um colheita tardia de Favaios calha bem à sobremesa e não só. O rosé do Alentejo ou o “verde” de Portugal Ramos, e ainda os dois tintos do Alentejo e do Douro, completam o ramalhete.
Aeternus, o vinho que Américo Amorim sonhou (e a filha criou)
A primeira vindima do Aeternus foi em 2017, ano da morte de Américo Amorim – e desde então apenas foram lançadas as colheitas de 2019 e, já este ano, de 2022. É um vinho raro, o mais especial da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, e promete continuar a dar prazer por muitos e muitos anos.
Tintos, brancos, rosés e até um Porto. Do Minho ao Porto Santo — e mais um francês, para dar um toque internacional. A maioria com preços acessíveis, mas também há algumas estrelas — daquelas que decidem jantares, para continuar com a analogia futebolística. E, evidentemente, todos se destacam pela leveza e frescura, como se pede a um vinho que vai acompanhar refeições de verão.
Com uma ode à sazonalidade, aos produtos locais, sem deixar a sustentabilidade de parte, o restaurante lisboeta revela a sua nova carta.
Um colheita tardia de Favaios calha bem à sobremesa e não só. O rosé do Alentejo ou o “verde” de Portugal Ramos, e ainda os dois tintos do Alentejo e do Douro, completam o ramalhete.
O Arrebita regressa para mais uma edição que apresenta um menu provocador com cunho português. A entrada é gratuita.