Prazeres / Sabores

Em julho, cinco vinhos que vai querer experimentar

Um colheita tardia de Favaios calha bem à sobremesa e não só. O rosé do Alentejo ou o “verde” de Portugal Ramos, e ainda os dois tintos do Alentejo e do Douro, completam o ramalhete.

Foto: DR / Collage
14:46 | Augusto Freitas de Sousa

Obliti

Um colheita tardia que a Adega de Favaios chama Obliti, que significa esquecido, em latim, evocando algo que é feito para além do tempo que seria natural. Os responsáveis dizem que as uvas permanecem quase esquecidas na vinha, muito mais do que o tempo habitual da vindima, para proporcionar as condições ideais para amadurecerem e se concentrarem. A vindima tardia aconteceu a 16 de dezembro de 2019, numa parcela de vinhas de Moscatel Galego Branco no planalto de Favaios. Foram selecionados os cachos afetados pela podridão nobre e, na adega, as uvas foram prensadas suavemente, antes de uma longa fermentação em depósito de inox que se prolongou por cerca de seis meses. O vinho estagiou durante cinco anos em barricas velhas de carvalho francês, previamente utilizadas em colheitas tardias antigas. 

Obliti.
Obliti. Foto: DR

João Portugal Ramos Vinhas do Cardido

Desde 2010 que o Grupo João Portugal Ramos chegou à região dos Vinhos Verdes. Este branco resulta de uma parceria em 2024 com o Paço do Cardido, com uma aposta no Vale do Lima e na casta Loureiro. É o primeiro vinho do Grupo vinificado na adega do Paço do Cardido e completa a gama de vinhos verdes de João Portugal Ramos, que já conta com um vinho Alvarinho e dois espumantes da mesma casta. O nome refere-se às encostas da quinta que, no entender dos responsáveis, "beneficiam de um microclima único e que permite às castas Loureiro e Alvarinho alcançar o seu pleno potencial aromático". O Alvarinho estagia em cubas de cimento, enquanto o Loureiro estagia em cubas de inox. Durante este período de estágio, o vinho mantém-se em contacto com as borras finas

João Portugal Ramos Vinhas do Cardido.
João Portugal Ramos Vinhas do Cardido. Foto: DR

Implante Tinto 2022

O enólogo da Cas’Amaro, Ricardo Santos, conta que o nome nasceu da decisão tomada de se "plantar novas vinhas com castas menos conhecidas e de revitalizar algumas das atuais, assim como o recurso aos processos de enxertia para alterar castas". O termo implante foi escolhido como uma metáfora que reflete os processos de criação e prolongamento da longevidade das plantas e que, para o enólogo, simboliza "a paixão do produtor pela inovação e o cuidado de preservar a tradição". Nasceu na Herdade do Monte do Castelête, no coração do Alentejo, em Estremoz, e é um blend das castas Aragonês, Castelão e Trincadeira. Parte do vinho estagiou em barricas de carvalho usadas e outra parte em inox. 

Implante Tinto 2022.
Implante Tinto 2022. Foto: DR

Da Bica Rosé 2024

Madalena Torres Pereira, enóloga residente, refere que Da Bica "renasce um outro Alentejo, mais consensual, menos extremo e a oferecer uma grande experiência". Explica que tal como o tinto, o Da Bica Rosé herda o nome da adega, Monte da Bica, e representa a homenagem ao lugar que lhe dá origem. Madalena Torres Pereira diz que o vinho mantém "o espírito da casa" e mostra que "também no rosé se consegue expressar a identidade do terroir". Os cachos são selecionados na vinha, desengaçados e transportados por gravidade para um pequeno lagar, onde se sangra e se prensa em bica aberta, numa prensa vertical forrada a madeira usada. Decantou-se durante 48 horas a frio e, após passar a limpo, fermenta a temperatura controlada em cuba de inox. 

Da Bica Rosé 2024.
Da Bica Rosé 2024. Foto: DR

Dona Amelia Grande Reserva Tinto 2020

O enólogo António Narciso conta que o produtor comprou em 2022 uma propriedade junto a Nagozelo do Douro, em S. João da Pesqueira, e chamou-lhe Quinta Dona Amélia em homenagem à sua avó paterna "pelo seu caráter amoroso, doce e meigo". O próprio nome da marca "umbrella" do produtor, Dom Vicente, "é em homenagem ao seu avô paterno". O enólogo explica que o produtor já tinha em mente o lançamento de um vinho mais complexo e com origem em vinhas velhas. António Narciso refere que as uvas foram desengaçadas totalmente, esmagadas e colocadas em depósitos em inox onde fermentou a temperatura controlada com maceração cuidada. Depois da fermentação alcoólica, ficou em inox até à fermentação malolática, altura em que passou para barricas novas e usadas durante 18 meses. Posteriormente, permaneceu em garrafa pelo período mínimo de dois anos

Dona Amelia Grande Reserva Tinto 2020.
Dona Amelia Grande Reserva Tinto 2020. Foto: DR
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