Fernando Soares Franco, um vinho em nome do pai
António e Domingos Soares Franco acabam de lançar um vinho muito especial, uma homenagem a um dos grandes enólogos portugueses que é, também, pai de ambos.

A baronesa Philippine Mathilde Camille de Rothschild proferiu uma frase que se tornou célebre no mundo dos vinhos: "O negócio é relativamente simples. Só os primeiros 200 anos é que são difíceis". A ser verdade, com 186 outonos, a José Maria da Fonseca prepara-se para entrar numa boa vida…

Nos primeiros cento e oitenta e tal anos atravessarem guerras, duas delas mundiais e uma ultramarina, catástrofes e pandemias, das que afetam os seres humanos e das que afetam as vinhas, como a terrível filoxera, mas "fora isso" não se podem queixar. A lista de sucessos suplanta definitivamente os desaires, começando logo pelo lançamento, em 1840, do primeiro vinho "a sério" de Portugal, o Periquita, que era vendido já engarrafado e não a granel como era comum. Quase um século antes de muitos outros lhe seguirem os passos.
Hoje, a JMF controla mais de 30 marcas distribuídas pelas várias regiões de Portugal continental, e exporta praticamente 60% da produção para 70 países. São definitivamente uma das grandes empresas do ramo e, mais importante ainda, mantiveram-na sempre dentro da família. António e Domingos são a sexta geração e a sétima já está envolvida. Hoje, António é o "economista", e Domingos o enólogo, que este ano celebra 40 anos à frente da equipa de enologia, igualando o tempo do seu pai na empresa. Quanto ao apelido, Soares Franco, descende já da família da mulher do fundador, José Maria da Fonseca.

Nascido em 1918 e licenciado em Agronomia, Fernando Soares Franco dedicou-se à viticultura da JMF entre 1948 e 1988. Foi um inovador plantando, na Quinta de Camarate, uma enorme Colecção Ampelográfica (de castas) e introduzindo mesmo várias espécies exógenas à região - que via com elevado potencial enológico, como a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tannat, Syrah, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alvarinho. Foi, também, por sua principal insistência que se conseguiu preservar a última vinha de Moscatel Roxo na região. Parece totalmente inconcebível hoje, quando estes vinhos se assumem como a grande bandeira da região, mas teriam desaparecido não fosse a célere atuação deste homem, cujo legado continua assim bem vivo. Não só na empresa como em toda a região.

Um exemplo perfeito daquilo que a baronesa de Rothschild pretendia transmitir quando proferiu a sua famosa frase: preservar hoje o que vem de trás, mas também plantar para que as gerações futuras possam colher esses frutos.
Justíssima homenagem então esta dos filhos e elaborada com algumas das castas preferidas do pai: Trincadeira, Syrah e Tannat. Introduzido inicialmente em 1998, esta edição do FSF 2015 revela um belo potencial de envelhecimento. Um vinho vermelho profundo, complexo no paladar, onde sobressaem notas de especiarias e menta, e muito elegante na boca, com taninos muito bem incorporados. Deve ser servido decantado e ligeiramente mais fresco, a 14º, para ser bebido a 16º. Será a melhor forma de desfrutar de esta herança que Fernando Soares Franco nos deixou.

FSF - Fernando Soares Franco 2015. Uma edição limitada com menos de 3500 garrafas, por 34 euros.
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