2011 foi um ano lendário no Douro. Teve a maior a maior declaração vintage de sempre no vinho do Porto, foi ano de Barca Velha e até a influente crítica de vinhos Jancis Robinson terá declarado que era "impossível pensar em qualquer outra região do mundo, que tenha produzido melhores vinhos do que o Douro nesse ano". Na Vieira de Sousa, no entanto, esperava-lhes uma surpresa.
"Algumas barricas saíam fora da caixa", conta Luísa Vieira de Sousa, a enóloga da família. "O vinho estava anormalmente concentrado e não se enquadrava na oferta da casa", explica, acrescentando que era ao mesmo tempo um problema e uma oportunidade, uma vez que "o vinho, com mais algum tempo de estágio, tinha potencial para virar uma maravilha".
As uvas vieram da velha Quinta da Água Alta, em Gouvinhas, na margem direita do rio Douro, onde, aliás, nascem muitos dos melhores Vinhos do Porto da VdS. É uma das mais antigas das cinco quintas desta empesa familiar, cuja origem remonta já ao século XIX, e a José Silvério Vieira de Sousa, o tetravô de Luísa e de Maria Vieira de Sousa, as duas irmãs que se ocupam agora do negócio.
A ideia do garrafão também partiu de Luísa, que "há já algum tempo queria fazer experiências com formatos maiores, mas estamos sempre em rutura de stock, pelo que esta era a oportunidade perfeita". A ideia do garrafão passa também por "manter algo que é tão tradicionalmente português, e que se estava a perder". Além disso, como se sabe, o vinho tem potencial para evoluir melhor em formatos maiores. Assim, depois de "um pouco mais de um ano de estágio em barricas novas de carvalho francês", o vinho foi então engarrafado e passou os últimos dez anos a estagiar e evoluir até "chegar ao perfil ideal" que Luísa imaginou.
Trata-se de um blend de Touriga Nacional e Touriga Francesa, com enorme predominância desta última, uma das castas mais típicas, antigas e bem-adaptadas ao Douro, mas que encontramos quase sempre em lote. É um vinho de aromas vincados a fruta vermelha, e com taninos muito bem integrados. Perdeu aquele lado mais rude que apresentava, amaciou e desenvolveu complexidade. Embora tenha ainda alguma capacidade de envelhecimento, diríamos que está no auge e no ponto ideal de consumo.
Ao longo da década, as provas para testar a evolução do vinho foram feitas de uma forma muito pouco científica, mas bastante mais agradável: "à volta de uma mesa em reuniões familiares, e festas com amigos. Foi sempre essa a ideia por detrás do projeto", explica por sua vez Maria Viera de Sousa, a outra face da dupla, antes de concluir: "E com cinco litros é bom que seja para partilhar". Tem sido este o vinho de eleição para os natais e aniversários em família, ou para os encontros mais especiais entre amigos, o que ditou a que chegássemos a 2023 com apenas 150 garrafões. "Por sorte ninguém se casou", brinca Maria Alves de Sousa "ou não teríamos vinho para fazer esta Edição Especial"
Foi num desses almoços que surgiu a ideia deste garrafão especial, com uma base em cortiça e um look premium totalmente em linha com o vinho. Dos 150 garrafões, 50 são destinados ao internacional, mas 100 ficam por cá, e chegam ao mercado com um preço de 245 euros, o que, feitas as contas, é um valor muito aceitável para o brilharete que se arriscam a fazer. Vieira de Sousa Reserva Tinto 2011. Edição Especial Garrafão 5L – brevemente à mesa, numa festa perto de si.