Prazeres / Sabores

Vinho em garrafão para fazer um brilharete

A Vieira de Sousa recuperou o velho garrafão de 5 litros. Só que em vez da zurrapa habitual traz um belíssimo Reserva Especial 2011 do Douro. A pensar nas festas.

Foto: Gonçalo Villaverde
10 de novembro de 2023 | Bruno Lobo
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2011 foi um ano lendário no Douro. Teve a maior a maior declaração vintage de sempre no vinho do Porto, foi ano de Barca Velha e até a influente crítica de vinhos Jancis Robinson terá declarado que era "impossível pensar em qualquer outra região do mundo, que tenha produzido melhores vinhos do que o Douro nesse ano". Na Vieira de Sousa, no entanto, esperava-lhes uma surpresa.

"Algumas barricas saíam fora da caixa", conta Luísa Vieira de Sousa, a enóloga da família. "O vinho estava anormalmente concentrado e não se enquadrava na oferta da casa", explica, acrescentando que era ao mesmo tempo um problema e uma oportunidade, uma vez que "o vinho, com mais algum tempo de estágio, tinha potencial para virar uma maravilha".

Foto: Gonçalo Villaverde

As uvas vieram da velha Quinta da Água Alta, em Gouvinhas, na margem direita do rio Douro, onde, aliás, nascem muitos dos melhores Vinhos do Porto da VdS. É uma das mais antigas das cinco quintas desta empesa familiar, cuja origem remonta já ao século XIX, e a José Silvério Vieira de Sousa, o tetravô de Luísa e de Maria Vieira de Sousa, as duas irmãs que se ocupam agora do negócio.

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A ideia do garrafão também partiu de Luísa, que "há já algum tempo queria fazer experiências com formatos maiores, mas estamos sempre em rutura de stock, pelo que esta era a oportunidade perfeita". A ideia do garrafão passa também por "manter algo que é tão tradicionalmente português, e que se estava a perder". Além disso, como se sabe, o vinho tem potencial para evoluir melhor em formatos maiores. Assim, depois de "um pouco mais de um ano de estágio em barricas novas de carvalho francês", o vinho foi então engarrafado e passou os últimos dez anos a estagiar e evoluir até "chegar ao perfil ideal" que Luísa imaginou.

Foto: Gonçalo Villaverde

Trata-se de um blend de Touriga Nacional e Touriga Francesa, com enorme predominância desta última, uma das castas mais típicas, antigas e bem-adaptadas ao Douro, mas que encontramos quase sempre em lote. É um vinho de aromas vincados a fruta vermelha, e com taninos muito bem integrados. Perdeu aquele lado mais rude que apresentava, amaciou e desenvolveu complexidade. Embora tenha ainda alguma capacidade de envelhecimento, diríamos que está no auge e no ponto ideal de consumo.

Ao longo da década, as provas para testar a evolução do vinho foram feitas de uma forma muito pouco científica, mas bastante mais agradável: "à volta de uma mesa em reuniões familiares, e festas com amigos. Foi sempre essa a ideia por detrás do projeto", explica por sua vez Maria Viera de Sousa, a outra face da dupla, antes de concluir: "E com cinco litros é bom que seja para partilhar". Tem sido este o vinho de eleição para os natais e aniversários em família, ou para os encontros mais especiais entre amigos, o que ditou a que chegássemos a 2023 com apenas 150 garrafões. "Por sorte ninguém se casou", brinca Maria Alves de Sousa "ou não teríamos vinho para fazer esta Edição Especial"

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Foto: Gonçalo Villaverde

Foi num desses almoços que surgiu a ideia deste garrafão especial, com uma base em cortiça e um look premium totalmente em linha com o vinho. Dos 150 garrafões, 50 são destinados ao internacional, mas 100 ficam por cá, e chegam ao mercado com um preço de 245 euros, o que, feitas as contas, é um valor muito aceitável para o brilharete que se arriscam a fazer. Vieira de Sousa Reserva Tinto 2011. Edição Especial Garrafão 5L – brevemente à mesa, numa festa perto de si.

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