Estilo / Beleza & Bem-Estar

Fazer dieta é só para mulheres?

Os homens estão cada vez mais gordos, mas parece que não nos preocupamos muito com isso. Será porque a dieta ainda é vista como uma coisa feminina?

Foto: IMDB
27 de outubro de 2021 | Bruno Lobo

O melhor estudo sobre dietas foi publicado, há uns anos, no New England Journal of Medicine, e chegou a uma conclusão que já todos sabíamos: a dieta mais acertada é fechar a boca. Foi preciso um trabalho académico para acabar nesse desfecho, mas a verdade é que, tratando-se de um estudo científico rigoroso (ou nem seria publicado naquele respeitável órgão), não deixou nenhuma dieta "da moda" em bons lençóis.

Entretanto, estamos no início de um novo ano e quem tem excesso de peso pode — e bem — ter tomado a resolução de o perder em 2020. Segundo um relatório do SNS, o excesso de peso é maleita que afecta quase metade dos homens portugueses (45%) e uma das mais sérias causas de saúde pública para os próximos anos.

Por outro lado, quem também tem uma mulher na mesma situação já terá percebido como a mesma resolução pode assumir contornos tão diferentes. Você provavelmente pensou ‘tenho de comer menos e mais saudável e praticar mais exercício físico’, mas o seu amor delineou um plano com ementas detalhadas para as próximas semanas, retiradas ‘do livro daquela que foi ao programa da Cristina’, antes ainda de se inscrever na clínica de emagrecimento ‘que resultou tão bem com a Cláudia’. Isso e a criação de um grupo de WhatsApp com as outras amigas em dieta, para se "incentivarem mutuamente", até porque no final já combinaram ir ‘todas juntas às compras’.

Definitivamente, homens e mulheres não encaram as dietas da mesma forma. Mas a sociedade também não – sendo claramente mais branda e compreensiva com os homens com excesso de peso, que ainda hoje podem agarrar no "pneu" e dizer coisas como ‘está aqui muito dinheiro investido’ e arrancar umas gargalhadas. Uma senhora a fazê-lo e a resposta seria mais do tipo Choque&Horror!

É por isso que as mulheres estão muito mais inclinadas a fazer dietas por motivos puramente relacionados com a aparência, ao passo que os homens são geralmente empurrados por questões de saúde. Além disso, um homem nunca se lembraria de criar um grupo de apoio à dieta — quando muito seria um grupo de competição, para ver quem perdia peso mais rápido, da mesma forma que também não se inscrevem em clínicas de emagrecimento — não é por acaso que essas clínicas fazem (quase) exclusivamente publicidade dirigida às mulheres. Para muitos é um passo ‘demasiado feminino’ ou ‘demasiado vaidoso’ e nenhum das duas lhes parece uma alternativa válida.

Fisicamente também não somos iguais (é verdade…) e, para o caso, importa reter que as senhoras têm (geralmente) mais matéria gorda para abater e os senhores (em princípio) mais massa muscular e um metabolismo mais elevado. Destes dois fatores resulta que a metade masculina da humanidade consegue perder peso mais rapidamente logo ao início. A longo prazo já não será bem assim, mas para começar é um excelente incentivo. Além disso, parece que também nos "falta" a parte do cérebro responsável por salivar por comida: ou seja, conseguimos dizer que não a um chocolate, sem pensar mais no assunto, ao contrário das mulheres, onde essa decisão é assombrada por um desejo que se prolonga bem para lá do momento. Afinal, nunca pensar em nada sempre tem alguma vantagem…

Às vezes… ou raramente… porque se pensássemos um bocadinho percebíamos que podíamos ser umas máquinas a fazer dieta e não o somos. Talvez porque os homens não sofrem de pressão da sociedade. Seja como for, quando finalmente nos toca ter de fazer dieta por motivos de saúde (batam na madeira) é que percebemos como teria sido muito mais fácil nunca ter deixado crescer aquela bolha de investimento chamada pneu. Porque tirar dá muito mais trabalho e exige muito mais esforço do que prevenir.

O que nos leva de volta ao estudo do New England Journal of Medicine, em que os autores chegaram então à conclusão de que podíamos esquecer as dietas da moda, as ‘ricas’ e as ‘pobres’ em hidratos de carbono, as ‘alcalinas’ as ‘paleolíticas’ e todas as outras. E porquê? Porque "não foi possível estabelecer as vantagens de uma dieta que enfatize proteínas, gorduras ou hidratos de carbono" sobre as outras. Ou seja, "reduzir as calorias ingeridas (vulgo fechar a boca) resulta numa perda de peso significativa, independentemente dos macronutrientes que se enfatizarem." Daqui o estudo parte para outra importante conclusão – e por isso dissemos que era o melhor estudo de sempre: se o nutriente escolhido é basicamente indiferente para o resultado, então as dietas podem facilmente adaptar-se às preferências pessoais ou culturais de cada indivíduo. Não há necessidade de impor especificamente nada ou retirar obrigatoriamente nada — assim as hipóteses de finalmente cumprir com uma resolução de início de ano aumentam significativamente, não concordam?

Saiba mais New England Journal of Medicine, saúde, dietas, emagrecer, homens
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