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Por que é que Donald Trump odeia cães?

A relação do Presidente dos Estados Unidos da América com o melhor amigo do homem vai contra a corrente. Como quase tudo o que diz.

Foto: Jim Watson/AFP via Getty Images
30 de março de 2020 | Aline Fernandez

O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump fala demasiado, e porta-se como o perfeito cão que ladra e não morde. Porém, os norte-americanos têm percebido, através dos seus discursos, que o presidente não tem a melhor relação de todas com os cães.

Na mente indecifrável de Trump, esses animais são criaturas traiçoeiras, capazes de muitas coisas, mas ironicamente nenhuma das quais são exatamente parecidas com o animal e as suas características conhecidas – amigo, leal, afável, brincalhão, companheiro... Nos discursos de Trump, as pessoas que têm comportamentos maus (na sua perceção), são comparadas a cães. Elas imploraram por dinheiro like a dog – ou seja, como um cão – são despejadas, sentem-se ingratas e desistem "como os cães".

A sua realidade distorcida não é (só) fruto da imaginação dos rivais políticos e foi mesmo reiterada pela sua ex-mulher Ivana Trump. "Donald não era fã de cães", confirmou no seu livro de memórias Raising Trump, detalhando a hostilidade do atual presidente dos EUA com o seu poodle, Chappy, que "latia terrivelmente para ele." A mãe de Ivanka, Donald e Eric Trump escreveu ainda que nunca percebeu a hostilidade do presidente e empresário para com o animal. "Como não podes gostar de um cão que age como se tivesse ganhado a lotaria só porque te vê a passar pela porta?", pergunta-se. Bem, perguntamo-nos todos nós.

Ivana Trump na Semana de Moda de Nova Iorque, a 13 de setembro de 2003
Ivana Trump na Semana de Moda de Nova Iorque, a 13 de setembro de 2003 Foto: Evan Agostini/Getty Images

Até num momento triunfante do pró-militarismo, quando o líder do Estado Islâmico Abu Bakr al-Baghdadi morreu após um ataque das forças especiais norte-americanas na Síria, Donald Trump informou que este "morreu como um cão". E não terminou por aí, fez questão de detalhar que, na sua cabeça, morrer como um cão significava passar os "seus últimos momentos com total medo, em total pânico e pavor!", bravejou e detalhou: [Ele] "choramingou, chorou e gritou como um cobarde", riu-se. Nunca pensámos que era assim que um cão havia de morrer no senso comum. O lado bom é que, aparentemente, este senso reserva-se apenas a Trump.

O comportamento anticanino de Trump conseguiu criar repulsa em relação a esta vitória até nos apoiantes da mesma. Particularmente quando se soube que as forças especiais haviam perseguido al-Baghdadi com a ajuda de um cão, um Malinois belga chamado Conan, que foi ferido quando o líder do Estado Islâmico detonou o seu colete suicida.

Depois de enfrentar muitas represálias, não se sabe se Donald Trump finalmente percebeu o erro ou se foi aconselhado a mudar o discurso repetitivo em relação aos cães.  "O nosso 'K-9' [como os miliatres chamam o cão Conan], eu chamo de cão. Um cão lindo. Um cão talentoso", disse à imprensa durante uma coletiva. E foi tudo. Até agora o que parece é que Trump tem seguido o bom ditado popular que diz: "Os cães ladram e a caravana passa", ignorando as provocações da imprensa norte-americana e mundial, e de grande parte dos que vivem nos Estados Unidos da América. Mas, senhor Presidente, saiba que um bom cão nunca ladra em falso.

Cão acompanha a sua dona na Marcha das Mulheres em Los Angeles, a 19 de janeiro de 2019
Cão acompanha a sua dona na Marcha das Mulheres em Los Angeles, a 19 de janeiro de 2019 Foto: Aude Guerrucci/Getty Images

A lista de pedigrees do FDOTUS (Primeiro Cão dos Estados Unidos) é tão longa quanto a história norte-americana. George Washington tinha Sweet Lips, Scentwell e Vulcan (cães de caça americanos). Abraham Lincoln teve Fido, um rafeiro que foi assassinado com uma faca meses após o seu próprio assassinato. John F. Kennedy tinha Gaullie (poodle francês), Charlie (terrier galês), Clipper (pastor alemão), Shannon (cocker spaniel), Wolf (cão lobo irlandês) e Pushinka (um rafeiro oferecido a Caroline, filha do presidente, pelo ex-primeiro-ministro da União Soviética Nikita Khrushchev em 1961). No Natal de 1985, Ronald Reagan presenteou a sua mulher Nancy com o lendário Rex, um Cavalier King Charles Spaniel. Bill Clinton teve Buddy, um labrador retriever tom de chocolate. George W. Bush tinha Spot "Spotty" Fetcher (um Springer Spaniel Inglês), Barney e Miss Beazley (terrier escoceses). Os últimos nomes a ocupar a Casa Branca, Barack e Michelle Obama tinham Sunny e Bo (Cães d'Água Algarvios).

Saiba mais Donald Trump , cão , cães , Casa Branca , presidente , Estados Unidos da América
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