Campanha alerta para sintomas pouco alarmantes do cancro da cabeça e pescoço
Em princípio, não há nada de preocupante numa dor de garganta ou num episódio de rouquidão. E, no entanto, estas situações benignas podem ser o primeiro sinal de que algo de grave se passa. Em Portugal, entre 2.500 a 3.000 pessoas são diagnosticadas com este tipo de cancro todos os anos.
É raro, mas tal como um relógio parado, também o Doutor Google, às vezes, está certo e uma dor de garganta pode mesmo ser cancro. No caso, cancro da cabeça e pescoço, um tipo de cancro que tem sintomas iniciais frequentemente confundidos com condições benignas, razão pela qual é diagnosticado tardiamente na maioria dos casos. Motivo mais que suficiente para que, durante a próxima semana, entre os dias 16 e 21 de setembro, vá decorrer a campanha Make Sense, liderada pela Sociedade Europeia de Cabeça e Pescoço, e que visa aumentar a consciencialização sobre o cancro da cabeça e do pescoço. A campanha incluirá ações de sensibilização, assim como rastreios de norte a sul do país, e sessões informativas para profissionais de saúde de modo a aprofundar o conhecimento e as competências dos médicos e enfermeiros no tratamento e acompanhamento de doentes com esta patologia.
Em Portugal, entre 2.500 a 3.000 pessoas são diagnosticadas anualmente com esta doença, e mais de metade dos casos são detetados em fase avançada. Quando diagnosticado precocemente, o cancro da cabeça e pescoço é altamente curável, com taxas de cura entre 80% e 90%. Por outro lado, a taxa de cura desce para 40% a 50% em estádios avançados. Por isso, acima de tudo importa conhecer os sintomas, que incluem: aftas, feridas na boca, dor de garganta, rouquidão, sangramento nasal e inchaços no pescoço. A grande diferença é a sua duração – quando são sintomas de cancro, não desaparecem ao fim de três semanas. Ou seja, um sintoma corriqueiro como estes, mas que se prolonga no tempo, é sinal de alarme e deve ser visto por um médico.
Este ano, a campanha Make Sense, que decorre todos os anos, visa também aumentar a consciencialização sobre as estratégias de prevenção, porque os fatores de risco são conhecidos e podem ser evitados ou combatidos. São eles o tabagismo, o consumo regular de bebidas alcoólicas e a infeção sexualmente transmissível HPV. Assim, evitar ou deixar de fumar, moderar o consumo de bebidas alcoólicas e a vacinação contra o HPV, para todos os géneros, são as melhores formas de prevenção.
Outro foco desta campanha é aumentar a consciencialização para este tipo de cancro, de forma a que garantir que os tempos entre o diagnóstico, estadiamento e início do tratamento sejam cumpridos, para evitar que a doença progrida enquanto os doentes aguardam o início do tratamento. Sobre isto, Cláudia Vieira, médica oncologista e membro da direção do Grupo de Estudo de Cancro da Cabeça e Pescoço, diz o seguinte: "a educação da população, especialmente dos jovens e grupos de risco, assim como a capacitação de profissionais de saúde de primeira linha e a intensificação das políticas de cuidados de saúde oral, são fundamentais para garantir que os sintomas sejam reconhecidos e referenciados atempadamente".
Ao mesmo tempo, Ana Joaquim, presidente do mesmo grupo deixa um alerta: "devemos trabalhar para eliminar as disparidades no acesso ao tratamento e garantir que todos os doentes recebem o apoio necessário durante todo o processo, desde a prevenção até à recuperação. Isso inclui a formação contínua dos profissionais de saúde e a melhoria das infraestruturas de atendimento."
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