Giusi Tacchini: "Um bom design consiste em criar objetos que contem uma história"
A Tacchini, uma reconhecida marca italiana de design, é um negócio de família que começou em 1967 numa humilde carpintaria em Brianza. Hoje está nas mãos dos filhos do fundador. Em Portugal, as peças da marca estão agora disponíveis na loja QuartoSala.
A bem conhecida loja de decoração e design de interiores QuartoSala, em Lisboa, tem agora uma nova marca no seu portfólio: a Tacchini, lançada em 1967 por Antonio Tacchini e que, ao longo dos anos, foi desenvolvendo um interessante catálogo de objetos de design assinados por criadores reconhecidos a nível internacional, como o mestre Achille Castiglioni, Gianfranco Frattini e designers contemporâneos como Arianna Lelli Mamia e Chiara Di Pinto – a dupla de Studiopepe –, Ewe Studio e Noé Duchaufour Lawrence. Com produção em Brianza, a Tacchini, que hoje é dirigida pelos irmãos Giusi e Maurizio, distingue-se pela valorização do design italiano, irrepreensível na concretização de peças pensadas para se tornarem clássicos.
A Máxima aproveitou a chegada da Tacchini à QuartoSala para conversar com a CEO e diretora criativa da marca. Por email, Giusi Tacchini falou sobre as origens da marca, a sua filosofia, deu alguns conselhos práticos sobre design de interiores, e recordou um tempo da juventude em que achou que ia ser arqueóloga. A apesar desse sonho ter ficado lá atrás, a verdade é que há qualquer coisa de arqueologia na forma como Giusi fala sobre a empresa da família: "Mais do que uma marca, a Tacchini é uma filosofia. Por trás de cada objeto há uma história e por trás de cada história há uma pessoa. Apaixonamo-nos pelos nossos produtos, pelas suas histórias e pelas histórias daqueles que os produziram e continuam a criar objetos à mão para que esta história continue, transmitida pelo designer ao criador e do criador ao futuro proprietário do produto. E depois continua mais além."
Como define o estilo e a filosofia da marca Tacchini?
A filosofia da Tacchini centra-se na fusão da criatividade com o estilo, enriquecendo os nossos designs com significados e valores profundos. Esta abordagem transcende a mera seleção de tecidos e peles. O objetivo é infundir espaços com emoções que reflitam uma variedade de gostos e contextos. A nossa exploração de materiais é como embarcar num projeto dentro de outro projeto, mergulhando profundamente em têxteis, peles, cores e sensações. Inspirando-nos num amplo espectro de culturas e tradições estéticas, harmonizamos o artesanato tradicional com a busca de materiais inovadores.
Como é que o design entrou na família Tacchini
A Tacchini foi fundada pelo meu pai, Antonio Tacchini, em 1967, e tem sido um negócio familiar desde então. O que começou como uma modesta carpintaria em Seveso, no coração da Brianza, durante uma era vibrante do design italiano, evoluiu para uma marca celebrada. O meu irmão Maurizio e eu crescemos imersos na empresa, rodeados pela beleza e inovação do design italiano. O nosso pai inculcou-nos a importância de criar objetos que contam uma história, enfatizando o valor do artesanato italiano, um pilar da nossa empresa desde a sua criação e que continua até hoje. Assumir o negócio da família permitiu-nos misturar as nossas perspetivas e interesses, acrescentando valor à empresa. Se, por um lado, honramos a herança da marca, por outro, esforçamo-nos por dar-lhe uma nova energia.
Como tem sido a sua jornada pessoal na Tacchini e no design em geral?
Quando era jovem quis ser arqueóloga, mas acabei por me dedicar ao negócio da família. No entanto, consegui canalizar a minha paixão pela investigação e redescoberta ao revisitar clássicos do design, o que me permite realçar a riqueza intelectual e o património cultural dos grandes mestres do passado. Por exemplo, em 2010, começámos a fazer reedições do cadeirão Sancarlo e da cadeira Babela, de Achille e Pier Giacomo Castiglioni. A família Castiglioni abriu o seu arquivo histórico à Tacchini, revelando uma nova direção para a empresa. Inspirados por esta colaboração, outros mestres do design, como Mario Bellini, Tobia Scarpa, Gianfranco Frattini e Martin Eisler, juntaram-se ao projeto. Através destas reedições, captamos uma estética intemporal e clássica, uma direção que também orienta o nosso trabalho com designers contemporâneos.
Na sua opinião, qual peça de design de interiores faz mais diferença na vida das pessoas e em que vale mais a pena investir?
Provavelmente, os sofás. Simbolizam o convívio. Na Tacchini, temos uma paixão por desenhar sofás que reúnem as pessoas. O Le Mura é o exemplo perfeito dessa intenção, unindo uma forma distinta a um conforto excepcional.
Quais são os pilares essenciais de um bom design de interiores, tanto do ponto de vista estético como em termos de conforto?
Para mim, um bom design consiste em criar objetos que contem uma história, refletindo as pessoas por trás deles. A essência da Tacchini gira em torno da produção artesanal, do compromisso com a sustentabilidade e das parcerias com designers que enriquecem a marca. Como diretora de arte, o meu objetivo é criar um catálogo diversificado que combine distinção e reconhecimento, equilibrando necessidades práticas com perspetivas criativas. Para nós, um bom design significa criar produtos que permaneçam intemporais, independentemente de quando foram desenhados.
Que conselho daria a alguém que está a tentar melhorar a decoração da sua casa, mas não sabe por onde começar?
As peças de mobiliário, tal como os acessórios de moda, são os toques finais que realçam ou "completam" o pano de fundo de um ambiente neutro. Assim como um chapéu ou gravata pode acentuar e adicionar valor a um look, um tapete ou candeeiro podem fazer o mesmo por uma divisão, adicionando caráter e profundidade. No entanto, é preciso ter cuidado para não os misturar de forma desarmoniosa. Isso pode comprometer a beleza do espaço e até arruinar o design geral.
Quais são as suas três peças favoritas da coleção atual da Tacchini?
É difícil escolher uma peça favorita porque cada uma representa um passo importante no meu percurso como diretora de arte e na evolução da marca. Ainda assim, tenho um carinho especial pelas nossas reedições porque permitem-me passar bastante tempo com alguns dos maiores designers da nossa geração. Vou referir, por exemplo, o Additional System [cadeirão e sofá modulares desenhados em 1967 por Joe Colombo e que foram reinventados este ano pela Tacchini] – uma peça única e clean na sua complexidade, dinâmica e flexível na sua modularidade. Também a coleção Cosmic de Faye Toogood, uma colaboração que surgiu do desejo de explorar novas formas e criar peças nascidas da perspetiva única de Faye. A sua abordagem multidisciplinar, que transcende as fronteiras tradicionais do design, desempenha um papel fundamental. O foco de Faye na arte manual sobre o material e a sua vontade de experimentar são princípios fundamentais que se alinham perfeitamente com a visão da Tacchini.
A coleção Tacchini está agora disponível em Portugal, na QuartoSala. Quais são as suas expectativas para esta parceria?
É uma grande honra ter participado na celebração do Italian Design Day na QuartoSala e ter experienciado as vibrações de Lisboa, uma cidade com a qual ressoo esteticamente. Lisboa é vibrante e autêntica, misturando o seu passado rico com uma perspetiva orientada para o futuro. Sinto uma profunda empatia tanto com a cidade, como com a equipa da QuartoSala.
Que projetos tem para o futuro da Tacchini?
Com um foco contínuo nas reedições como tema central, o nosso próximo passo envolve a construção adicional do conceito de casa Tacchini. Após a introdução bem-sucedida da Sala de Jantar, em 2023, estamos ansiosos para continuar esta trajetória, projetando novos espaços que se integrem harmoniosamente em ambientes da vida real, que inspirem as pessoas a imaginarem-se dentro deles, promovendo o conforto e o convívio.
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