Prazeres / Sabores

LETRA, a cerveja artesanal portuguesa que vem do Minho

Da A à G, há muito para descobrir nesta cerveja nacional que quer conquistar até quem diz que não gosta desta bebida. Em tempo de esplanadas e longas tardes na varanda, damos a conhecer a marca de dois amigos engenheiros.

Foto: LETRA
31 de março de 2023 | Rita Silva Avelar

Nada fazia prever que Filipe Macieira e Francisco Pereira, dois colegas do curso de Engenharia Biológica, ramo de Tecnologia Alimentar, na Universidade do Minho, se fossem dedicar à produção artesanal de cerveja. Ao fim de uma década, contam com uma marca sólida, portuguesa, repleta de edições originais e deliciosas. Fomos fazer um pairing com os bestsellers e as novidades ao restaurante Taberna do Calhau, do chef Leopoldo Garcia

Filipe Macieira e Francisco Pereira, os fundadores da LETRA.
Filipe Macieira e Francisco Pereira, os fundadores da LETRA. Foto: LETRA

Ambos apaixonados pela indústria cervejeira, foi no Minho, mais propriamente em Vila Verde, perto de Braga, que Filipe e Francisco escolheram fixar o terroir que dá vida a uma cerveja artesanal, gastronómica e pensada para agradar a gregos e troianos.

Porquê LETRA? Ainda estamos à porta do restaurante quando a pergunta é feita. Cada LETRA corresponde a um estilo de cerveja diferente: a LETRA A refere-se a uma Blonde Ale, a B a uma Bohemian Pilsner, a C a uma Oatmeal Stout, a D a uma Red Ale, a E a uma Belgian Dark Strong Ale, a F a uma American India Pale Ale (a mais vendida) e a G a uma Imperial Stout. As letras também vão por intensidade: a A é a menos intensa e a G a mais intensa e desafiante. "Se fizermos uma prova que começa na LETRA A e termina na LETRA G vamos percorrer, do ponto de vista sensorial, uma boa parte do que uma cerveja artesanal pode oferecer em termos de estilo", diz Francisco Pereira. 

A LETRA é uma marca minhota de cerveja artesanal.
A LETRA é uma marca minhota de cerveja artesanal. Foto: LETRA

A marca conseguiu, assim, criar um conjunto de cervejas muito diferentes entre si, tanto ao nível dos sabores como dos públicos-alvo. Aos poucos, tal como os belgas, os portugueses começam a descobrir as maravilhas da cerveja artesanal. Por exemplo, a A é uma cerveja consensual, é considerada macia, loura e o toque aveludado da espuma faz com que seja uma das preferidas. O chef Leopoldo escolheu uns croquetes de pato com mostarda para este duo, a forma perfeita de abrir a degustação. No caso da LETRA G, uma Imperial Stout, o chef serviu carapau, cerveja preta e azeitona, um dos pratos mais bem conseguidos neste duo, sendo que a cerveja preta usada tem 10,5%. Sentimos de facto a sua potência, no prato e no palato. 

Cada LETRA corresponde a um estilo de cerveja diferente.
Cada LETRA corresponde a um estilo de cerveja diferente. Foto: LETRA

Um dos prato servidos com a LETRA F - espargos, fricassé e zeist de laranja – revelou-se uma combinação bombástica, uma vez que esta cerveja American India Pale Ale combina a doçura do malte com o amargo do lúpulo.

Para nós, uma das mais surpreendentes é a D: a Red Ale, avermelhada e com notas de fruta tropical como manga ou maracujá, perfeita para os primeiros fins de tarde de primavera

Duas surpresas: a LETRA TONKA, uma Imperial Pastry Stout (IPT) em lata, com fava tonka. Aqui, acompanhou um arroz de fumeiro "ou mesmo uma cabidela", como lhe chama o chef. Uma proposta muito distinta, que faz parte da coleção Minho Perspectives. Depois, também a Dark Oak Sour, da coleção especial On Oak, se distinguiu pela sua autenticidade. Pode não ser consensual, mas faz-nos repensar o ideal de cerveja: embalada como um espumante, é maturada numa barrica de vinho do Porto e feita com água do Minho, maltes de cevada e trigo, lúpulo e levedura. Acompanhou belissimamente com a sobremesa de cebola e caramelo, tão insólita quanto o elixir. 

É embalada como um espumante, maturada numa barrica de vinho do Porto e feita com água do Minho, maltes de cevada e trigo, lúpulo e levedura.
É embalada como um espumante, maturada numa barrica de vinho do Porto e feita com água do Minho, maltes de cevada e trigo, lúpulo e levedura. Foto: LETRA

A marca está disponível em pontos de revenda estratégicos e em https://cervejaletra.pt/.

Saiba mais Sabores, Cerveja, LETRA, Artesanal, Minho
Relacionadas

Vinhos para celebrar a vida, a família e os amigos

Todas as razões são boas para comemorar. Religiosas, pagãs ou de outras origens, as festas regadas com vinho marcam a ligação do homem à natureza e aos seus. Um espumante histórico, um vinho de sobremesa e três durienses com alma e tradição. A sul, no Tejo, um reserva branco.

Como o Izakaya mudou as regras de jantar fora em Cascais

O japonês tem cumprido aquilo a que se propôs desde o verão passado, aquando da sua inauguração: dar conhecer a experiência da verdadeira típica tasca japonesa, com ajuda do chef executivo Tiago Penão, que já tinha feito o Kappo brilhar. Por sinal, não vimos nem metade. Fixe o nome.

Uma cerveja para celebrar a vadiagem

Mais de uma década de depois de ter chegado ao mercado, a Vadia, marca pioneira do movimento da cerveja artesanal em Portugal, apresentou uma nova imagem, "feita de curvas, desvios e altos e baixos, tal como a vida".

Mais Lidas
Sabores Sult: fome dinamarquesa do Botafogo para Cascais

A filosofia deste restaurante italiano é simples: usar produtos locais aplicando técnicas de confeção italianas, sem ultrapassar a marca dos cinco ingredientes. Os arancini de alheira de Mirandela com creme de queijo de Azeitão, uma das entradas, são um bom exemplo do que vai encontrar aqui.