Prazeres / Sabores

Grandes vinhos para o verão

Brancos, rosés e até uns belos tintos perfeitos para o tempo mais quente. Estes são os vinhos que devia estar a beber agora.

10 de agosto de 2020 | Bruno Lobo
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É difícil discordar de Jamie Cullum quando canta "Give me the taste, give me the joy of summer wine", porque de facto há poucos prazeres vínicos comparáveis ao acto de beber um belo néctar fresco numa esplanada, ao fim da tarde, em boa companhia e com uns belos petiscos…

Dito isto, não é propriamente fácil afirmar que um vinho é ou não é certo para o verão, embora pareça evidente que um branco fresco ligará melhor com um prato de ameijoas do que um tinto velho, para dar um caso extremo, ou até mesmo com um branco mais encorpado e guloso. Mas brancos, rosés e tintos podem perfeitamente cumprir este papel, basta procurar frescura e suavidade nos taninos, mineralidade e, obviamente, prestar especial atenção à temperatura na hora de servir. Dois graus abaixo do recomendável é uma boa opção, porque a temperatura sobe rapidamente no copo.

 

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Fita Preta Laranja Mecânica

Que grande vinho! E completamente inesperado - É muito raro encontrar um vinho que surpreenda assim o paladar, tal como é muito raro encontrar um vinho com uma elaboração tão complexa: entre macerações no meio de prensagens, vários tipos de fermentação e de estabilizações, o Laranja Mecânica exigiu muito mais atenção na sua elaboração, mas o resultado final justificou plenamente esse esforço acrescido. Será esta "confeção" a marcar realmente o vinho e a sua cor laranja - que justifica o nome tão bem dado - mais até do que as várias castas que o compõem. Um regional alentejano com 12,5 graus de álcool, concentrado e perfeitamente capaz de acompanhar pratos mais exigentes, mas também enormemente fresco. 

Preço: €19,90, disponível aqui.

 

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Quinta de Ventozelo Viosinho

Eis um vinho que não deixará ninguém ficar mal se o escolher para um jantar, porque dificilmente alguém lhe poderá franzir o nariz - a menos que tenha o palato avariado, claro. A casta parece ter encontrado um micro terroir de eleição nesta quinta e o resultado tem saído bastante consensual ao longo dos anos: para o seco, mas não muito, floral, com boa mineralidade, aromas e cor cítrica. Bom volume na boca e essencialmente equilibrado, elegante e fresco. Acompanha muito bem peixes, mas até ceviches e pratos mais ácidos.

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Preço: €13, disponível aqui

 

Foto: D.R.

Quinta dos Carvalhais Encruzado 2019

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O que é engraçado neste vinho monovarietal é que resulta quase num blend de encruzados, já que as uvas nasceram em diferentes parcelas da quinta, sujeitas a solos diferentes e exposições solares distintas. O planalto beirão que compõe o Dão - os Carvalhais são um microcosmo - é fértil nestas pequenas nuances, e isso contribuiu para tornar este encruzado bom para, por exemplo, acompanhar queijos que tão bem sabem no verão. Trata-se de um vinho mineral e cítrico (limão, lima…), embora com algumas notas florais a temperar o ramalhete. Belo final, a pedir mais.

Preço: €17,50, disponível aqui

Foto: D.R.

 

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Herdade dos Templários Branco 2019

Arinto e Fernão Pires são uma combinação que resulta, já o sabemos, mas este branco junta-lhe ainda um toque de Riesling na proporção certa (40%,40%, 20%) para um toque mais floral (e doce) que marca a diferença. Ligeiramente, não em demasia. Um vinho fácil e guloso, que apresenta uma qualidade bastante superior ao preço pedido - talvez porque ainda há quem tenha um certo estigma pela qualidade dos vinhos produzidos nesta região do Tejo. A questão é que, por este preço, tal como está, é um achado.

Preço: €4,50, disponível aqui

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Terras de Lava Rosé 2018

Com o toque salino próprio dos vinhos dos Açores, o Terras de Lava acrescenta-lhe suavidade e frescura, pelo que é difícil pedir mais para um Rosé este verão. Ainda por cima tem baixo teor alcoólico (11.5°), para beber descontraidamente. Se ainda não provou os vinhos desta nossa joia do Atlântico não deixe passar desta estação para o fazer.

Preço: €10, disponível aqui

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Herdade das Servas, Sangiovese rosé

Estas sangiovese alentejanas, trabalhadas para rosé, resultam num vinho de cor salmão bem definida, fresco, frutado e mineral. Notam-se as framboesas, o pepino, e um final que nos acompanha longamente. Trata-se de uma casta típica de Itália (Brunello di Montalcino é o melhor exemplo) e é uma das muitas que a Herdade das Servas tem no seu portfólio e que decidiu este ano trazer para o mercado. Em boa hora, pois estamos na presença de um rosé muito gastronómico, que funciona bem com praticamente todos os pratos de verão.

Preço: €10,50, disponível aqui

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Foto: D.R.

Palácio dos Távoras Bastardo tinto 2018

Talvez nunca tenha ouvido falar na casta Bastardo, mas os antigos conheciam-na bem, sobretudo no Douro e em Trás-os-Montes, onde era comum nas vinhas velhas pelo seu potencial de aumentar a doçura e o teor alcoólico dos vinhos. Mais recentemente, alguns (raros) produtores perceberam o seu potencial para gerar vinhos particularmente elegantes, suaves e muito gastronómicos. Os Projectos Bastardo da Niepport ou Conceito Bastardo são dois desses bons exemplos no Douro, mas é aqui, em Trás-os-Montes, que o potencial parece maior - pelo menos a julgar por este Costa Boal feito exclusivamente com vinhas velhas da casta. Um vinho de cor muito bonita, cereja suave, mais pálido do que estamos habituados, mas que revela muita presença de frutas vermelhas no aroma e, na boca, taninos suaves, elegância e frescura. Sempre são 14 graus de teor alcoólico, mas que não se sentem. Recomenda-se servir um pouco mais fresco, por volta dos 14º e é impossível não recomendar altamente para o verão.

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Preço: €18, disponível aqui

Foto: D.R.

 

Tinto Vulcânico 2018

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Mais um vinho completamente imprevisível de António Maçanita, o mesmo que nos trouxe a Laranja Mecânica - e não é de mais enaltecer a capacidade deste produtor/enólogo em pensar fora da caixa e surpreender com projetos diferentes. Desta vez trocamos o Alentejo pelos Açores, e pela base do Pico, a majestosa montanha vulcânica e a maior de Portugal. É ali, num terreno rochoso "onde mais nada podia nascer" (como diz) que crescem as uvas que vão dar origem a este tinto tão peculiar. Tem um complexo blend de Aragonês, Agronómica, Castelão, Malvarisco, Merlot, Touriga Nacional, Saborinho e Syrah, entre outras, mas o que mais sobressai é mesmo o terroir, particularmente o solo e a proximidade ao imenso mar. É por isso um tinto salgado como poucos, mineral, com algumas notas de especiarias e um conjunto muito fresco e saboroso. Um parceiro incrível para grelhados.

Nota final, ainda, para as compras feitas a através do site do produtor, pois metade dos lucros são doados à Cruz Vermelha.

Preço: €14,90, disponível aqui  

Foto: D.R.
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Quinta do Ventozelo Tinta Amarela 2017

Este Tinta Amarela é a grande novidade para os lados da Quinta do Ventozelo. Ou uma das novidades, a par com a Tinta Roriz, só que essa é melhor guardar para dias mais frios. Por agora peguemos na Tinta Amarela, geralmente conhecida por Trincadeira no resto do país, que está particularmente bem conseguida. 2017 foi uma das vindimas mais precoces que há memoria, mas como conseguiram colher com a maturação certa isso resultou num tinto de elegância bem evidente. Aromas a amoras e ameixas e, na boca, acidez bem integrada (é vinho para guardar uns bons 15 anos) e taninos muito suaves, o que só por si são um excelente indicador para o verão. Apesar da concentração alcoólica elevada (14,5º, pois o ano foi muito quente e não há milagres) o equilíbrio entre todos os elementos faz com que nem se note.

Preço: €11,50, disponível aqui

 

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