Prazeres / Artes

Livro. A melhor e a pior publicidade norte-americana dos anos 2000

Os anúncios publicitários dizem muito sobre a cultura de determinado sítio num dado momento, os usos e costumes, o Zeitgeist e – certamente – os hábitos de consumo. Há muitas formas de contar a história do mundo – esta é uma delas.

Foto: Taschen
14 de março de 2025 | Madalena Haderer

Ao folhear o livro All-American Ads of the 2000s, a mais recente edição da Taschen, tudo o que ocorre dizer é "eram felizes e não sabiam", ou "tão perto e tão longe", ou talvez ainda "como eles eram e como eles estão". Para quem já era adulto quando as Torres Gémeas caíram, o início dos anos 2000 foi ali, ao virar da esquina. É preciso fazer incrédulas contas de cabeça para chegar à conclusão que já se passaram 25 anos. Um quarto de século. Sim, leitor, nós compreendemos, vá beber um copo de água fresca que nós esperamos um bocadinho… 

O mais recente volume da coleção da Taschen sobre publicidade norte-americana tem 640 páginas
O mais recente volume da coleção da Taschen sobre publicidade norte-americana tem 640 páginas Foto: Taschen

Já se recompôs do susto? Muito bem, vamos prosseguir. Este mais recente volume da coleção da Taschen chamada All-American Ads foca-se na primeira década dos anos 2000 – quando O Sexo e A Cidade ia para o ar todas as semanas, quando os NSYNC estavam na moda, quando Britney Spears ainda não tinha entrado em espiral descendente e quando Ben Stiller tinha a mesma cara que tem hoje. Se está com vontade de fazer uma caminhada pela alameda das memórias, este é o livro para si – desfrute de uma década de anúncios de revistas sobre comida, álcool, viagens, automóveis, moda, beleza e muito mais.

A publicidade antes do
A publicidade antes do "beba com moderação" Foto: Taschen

Nos anos 2000, um site chamado Amazon começava a dar lucro, as redes sociais davam o primeiro passo rumo à dominação global e o sentimento de invencibilidade dos Estados Unidos estava abalado com o 11 de setembro. Para escapismo, autoexpressão e até ligações românticas, os norte-americanos começaram a voltar-se para a tecnologia. Os irmãos iPod e iPhone reinavam tanto comercial, quanto criativamente. As séries de prestígio, como The Sopranos, Mad Men e Breaking Bad, dominavam a televisão. Enquanto a Netflix trocava o envio de DVDs – sim, foi assim que eles começaram! – pelo streaming, nascia a era dos reality shows e Paris Hilton imortalizava a expressão "That’s hot!".

O melhor e o pior que a televisão tinha para oferecer
O melhor e o pior que a televisão tinha para oferecer Foto: Taschen

Eis a cultura popular onde as agências publicitárias iam beber inspiração – e bebia-se muito na publicidade, antes da difusão daquela famosa frase que apela à moderação. Com 10 capítulos cobrindo toda a publicidade da década – desde comida e moda até entretenimento, negócios, viagens e automóveis – e com menções especiais tanto para os melhores como para os piores anúncios, All-American Ads of the 2000s capta uma era em que a publicidade ainda tinha o poder de vender produtos e sonhos a milhões, mas refletia uma nação em plena transformação.

Anúncios que obrigam a olhar duas vezes
Anúncios que obrigam a olhar duas vezes Foto: Taschen

Se ficou maravilhado com este livro, saiba que faz parte de uma colecção da Taschen que começa com os anúncios publicitários norte-americanos dos anos 40 e vem por aí abaixo até chegar à primeira década do século XXI. 

Tudo sobre a publicidade norte-americana de 1940 até 2010
Tudo sobre a publicidade norte-americana de 1940 até 2010 Foto: Taschen

O autor, Steven Heller, já produziu mais de 200 livros sobre comunicação visual e publicou inúmeros artigos em revistas internacionais de design. Atualmente, é cofundador e copresidente do programa de Mestrado em Design na School of Visual Arts, em Nova Iorque.

Este novíssimo volume All-American Ads of the 2000s está disponível no site da Taschen para pré-encomenda e custa 30 euros.

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