Dos carros para a moda: Quem é Luca de Meo?
O novo CEO da Kering deixou a Renault, e mais de 30 anos de experiência automóvel, para se atirar de cabeça ao segmento do luxo na indústria da moda. A Gucci está, desesperadamente, a precisar de uma reestruturação. Será de Meo o homem certo para a tarefa?

Luca de Meo, o recém-nomeado CEO do grupo francês Kering – que detém marcas de luxo como Gucci, Saint Laurent, Balenciaga, Bottega Veneta, entre outras –, não parece perceber grande coisa de moda. Afinal, fez toda a sua carreira de mais de 30 anos no mundo automóvel. Mas do que ele percebe mesmo é de reestruturar empresas que já viram melhores dias, devolvendo-as aos seus tempos áureos – ou levando-as a novas e nunca antes atingidas alturas. Foi isso que fez como CEO da Renault, onde estava desde 2020, e que encontrou com prejuízo recorde – que já vinha de trás, mas que levou um grande empurrão do covid. Desde então, transformou o grupo num dos mais rentáveis do setor automóvel. É isso que se espera que faça também pela Kering. Para já, só o anúncio da sua entrada no grupo, que foi feito na segunda-feira, dia 16, pôs as suas ações a subir quase 12% (e as da Renault a cair quase 9%).
A verdade é que a Kering precisa, urgentemente, de uma reestruturação. Em especial a Gucci, cujas vendas caíram 25% no primeiro trimestre deste ano, que viu as receitas baixarem 12% em 2024, e que tem uma dívida elevada: 10,5 mil milhões de euros. Mas será este o homem certo para dar a volta a uma maison de luxo? É possível. De Meo não tem experiência em moda, mas é conhecido por reestruturações bem-sucedidas (Renault, Fiat, Seat), com foco no marketing, branding e disciplina operacional – precisamente o que os investidores e especialistas do setor dizem ser necessário para reerguer a Gucci e, já agora, também a Saint Laurent, cujas vendas caíram 9% em 2024.
A Vogue norte-americana, por exemplo, sublinha que apesar de de Meo ser um verdadeiro "homem dos carros", o gestor tem "um forte sentido de desenvolvimento de marca, marketing e design, sendo-lhe creditado o relançamento bem-sucedido do Fiat 500 e do Renault 5".
Também Jean-Henri Pinault, que abdica da sua posição de CEO da Kering para dar lugar a de Meo – que assume funções em meados de setembro –, louvou as suas qualidade, no comunicado em que explica a passagem de testemunho: "Em 2023, comecei a fazer uma reflexão sobre a evolução da governação do grupo. Foi nesse contexto que conheci Luca de Meo. A sua experiência à frente de um grupo internacional cotado em bolsa, a sua compreensão aguçada das marcas e identificação com uma cultura empresarial forte e respeitadora convenceram-me de que ele é o líder que procurava para trazer uma nova visão e orientar este capítulo da história do nosso grupo. É com total confiança que lhe entrego a liderança da Kering e das nossas equipas. Estarei, naturalmente, ao seu lado para o acompanhar nesta nova fase, enquanto Presidente do Conselho de Administração da Kering."
De Meo é um italiano de 58 anos naturalizado francês, que nasceu a 13 de junho de 1967, em Milão, é licenciado em Administração de Empresas e fala, fluentemente, italiano, inglês, francês, alemão e espanhol. É casado com Silvia Goracci e tem dois filhos. É um homem discreto, para além disto e da sua paixão por automóveis e por relógios suíços, pouco se sabe sobre a sua vida pessoal.
Em 2017, foi distinguido como Aluno do Ano pela sua alma mater, a Universidade de Bocconi. Nessa altura, numa entrevista em que foi questionado sobre os bons resultados que obteve no grupo Seat, e que pode ser lida no site da universidade, Luca de Meo falou um pouco de si próprio: "Acho que tenho três pontos fortes. O facto de ter vivido em mais de 12 países, em três continentes, e de viajar desde pequeno, levou-me a ser como um camaleão, como o Zelig de Woody Allen. Penso que tenho a capacidade de me integrar rapidamente em novas culturas e sensibilidades, de me colocar no lugar do outro e, por isso, perceber o que as pessoas querem – e, portanto, o que os clientes querem. Outra qualidade é o facto de gostar de simplificar as coisas, e encontrar um fio condutor dentro de organizações muito complexas é essencial. O terceiro trunfo que vejo em mim é saber olhar para os problemas a partir de um ponto de vista alternativo em relação ao pensamento convencional. Engano-me muitas vezes, e pareço excêntrico, mas quando a minha intuição acerta, essa perspetiva diferente faz a diferença – e é uma grande vantagem em relação aos outros."
É possível que tenha sido isto mesmo que Jean-Henri Pinault viu em de Meo. Se será, ou não, uma fórmula ganhadora na indústria da moda, saberemos em breve.
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