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Como andar 22 minutos pode ser determinante para a saúde

Um estudo do "British Journal of Sports Medicine" demonstrou que estes minutos diários de atividade física anulam os efeitos nocivos de passar até 12 horas sentado. Ou seja, se todos dias fizer uma caminhada de 2,4 quilómetros em 22 minutos, pode ir para a cama em paz.

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10 de novembro de 2023 | Madalena Haderer
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Se for como nós, todos os dias, quando desliga o computador pensa "hoje mal me levantei daqui, isto não pode ser bom…" E não é, de facto. O corpo humano foi construído mais para fazer enormes percursos a pé – como os boximanes que apanham os antílopes caminhando tranquilamente atrás deles, vencendo-os pelo cansaço ao fim de muitos dias – do que para passar oito ou mais horas sentado (se à secretária adicionarmos o carro e o sofá, o cenário fica mesmo negro). E, no entanto, hoje há mais laptops do que antílopes, portanto, não há muito que possamos fazer quanto a isso. Por outro lado, há pessoas que adoram o ginásio ou que não prescindem do seu jogging matinal – que, nesta altura do ano, é o mesmo que noturno – e que conseguem, dessa forma, contrabalançar os efeitos nocivos das oito horas de sedentarismo. Mas, e os outros? Aqueles que preferem não passar o seu (pouco) tempo livre a fazer exercício? Pois, temos boas notícias: um estudo recente demonstra que uma vigorosa caminhada diária de 22 minutos é o suficiente para combater os efeitos negativos de se passar demasiado tempo sentado.

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O British Journal of Sports Medicine desenvolveu um estudo com o objetivo de perceber se atividade física moderada a vigorosa influencia a ligação entre tempo passado de forma sedentária e a mortalidade. A investigação decorreu entre 2003 e 2016 e envolveu 11.989 pessoas, com 50 anos ou mais, localizadas na Noruega, Suécia e Estados Unidos, e das quais 50,5% eram mulheres. Os participantes utilizaram aparelhos de tracking que monitorizavam a sua atividade física.

Com base nessa monitorização, o estudo concluiu que 5.943 pessoas passaram menos de 10,5 horas por dia sentadas, enquanto 6.042 foram sedentárias durante períodos diários superiores a 10,5 horas. Curiosamente, mais de 12 horas de sedentarismo diário só está associado a risco de mortalidade nos casos em que as pessoas praticavam menos de 22 minutos de atividade física moderada a vigorosa por dia. O estudo usa esta expressão tantas vezes que acaba por optar por um acrónimo: AFMV (do inglês MVPA: moderate-to-vigorous phisical activity).

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Mas o que é isso de AFMV? Pode ser jogging, um percurso de bicicleta, um jogo de ténis ou futebol, dançar como se ninguém estivesse a ver, ou coisas bastante mais corriqueiras, como aspirar a casa, limpar os vidros ou uma sessão particularmente ativa de jardinagem. Mas mais fácil do que tudo o resto será, talvez uma caminhada rápida, ou seja, a uma velocidade de cerca de 6,5 quilómetros por hora – para uma sessão de 22 minutos a esta velocidade, deve percorrer uma distância de cerca de 2,4 quilómetros. Portanto, esqueça o passeio contemplativo e relaxante e imagine que está a atrasado para apanhar o comboio.

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Mais animador ainda é que os resultados do estudo demonstram que 10 minutos diários de AFMV já fazem uma grande diferença. Ao jornal The Guardian, um dos autores do estudo, Edvard Sagelv, da Arctic University of Norway, explicou o seguinte: "De acordo com o nosso estudo, cada minuto a mais de AFMV mostrou um menor risco de morte, o que significa que se as pessoas praticassem menos de 22 minutos (10 minutos, por exemplo), já havia uma redução do risco. No entanto, uma prática diária de 22 minutos eliminou o risco de morte relacionado com o sedentarismo. […] E se praticassem mais de 22 minutos havia um decréscimo generalizado do risco de morte. Basicamente, quanto mais, melhor."

É possível dizer muitas coisas sobre as exigências da vida moderna, mas que é impossível despender de qualquer coisa entre 10 e 22 minutos para fazer uma caminhada rápida à volta do quarteirão não será, certamente, uma delas.

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