Sabores / Prazeres

Receitas: os clássicos bacalhau à Brás e sericaia, reinventados por Henrique Sá Pessoa

A propósito do lançamento do seu novo livro, Comtradição, o chef partilhou com a MUST duas receitas imperdíveis que pode encontrar nesta obra, inspirada nas tradições da cozinha portuguesa, mas com um twist contemporâneo.

15 de março de 2021 | Rita Silva Avelar

Bacalhau à Brás

Como diria um historiador – reza a lenda que o bacalhau à Brás nasceu no Bairro Alto pelas mãos

de um taberneiro chamado Brás. O bacalhau à Brás ganhou tanta fama que até passou fronteiras e é comum em Espanha, onde é chamado "revuelto de bacalao a la portuguesa" ou "bacalao dorado". Outro local onde o bacalhau à Brás é muito comum é em Macau. Mas aí torna-se uma refeição para duas horas por causa dos pauzinhos.

Bacalhau à Brás
Bacalhau à Brás Foto: Silvia Martinez

Serve 4 pessoas

1 lombo de bacalhau

200 g de batata

4 ovos

2 gemas

200 g de cebola

3 dentes de alho

3 folhas de louro

40 ml de azeite

Azeitona preta q.b.

Tomilho q.b.

Salsa q.b.

Sal q.b.

Pimenta q.b

Cortar a batata muito fininha, e depois em juliana. De seguida, colocar a batata em água e gelo, para retirar o amido. Antes de fritar, secar bem a batata.

Num tacho, colocar o bacalhau a confitar no azeite com 2 dentes de alho esmagados, uma folha de louro e tomilho. Quando o azeite aquecer (65 °C), desligar e deixar cozinhar durante 10 minutos.

No mesmo azeite a 65 °C, colocar as gemas de 2 ovos a cozinhar durante 6 a 8 minutos.

Refogar a cebola e o alho laminado em azeite, durante 10 minutos, com uma folha de louro.

Lascar o bacalhau e picar a salsa e as azeitonas grosseiramente. Juntar o bacalhau ao refogado, e aquecer ligeiramente.

Posteriormente, colocar metade da batata, adicionar metade dos dois ovos batidos e envolver em lume baixo. Juntar a restante batata e ovos e envolver novamente. Temperar com sal e pimenta. Salpicar com salsa picada.

Num prato colocar o preparado com a gema de ovo por cima, as azeitonas e a salsa.

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Sericaia

A sericaia é provavelmente de origem indiana e tem marcas da doçaria conventual. Foi implementada pelas freiras dos conventos de Elvas e de Vila Viçosa, onde o doce é decorado com as famosas ameixas da região, claro. Há uma disputa em relação a esta receita pelos dois conventos: o Convento das Chagas de Vila Viçosa e o Convento das Clarissas de Elvas. De forma a tornar a rivalidade mais espicaçada, um convento chama ao doce "Sericaia" e o outro chama "Sericá".

Sobre a origem oriental, a lenda diz que a sericaia terá tido a sua origem em Malaca, e a sua receita foi trazida por D. Constantino de Bragança, sétimo vice-rei da Índia.

Sericaia
Sericaia Foto: Silvia Martinez

Serve 4 pessoas

12 ovos

125 g de farinha de trigo

500 g de açúcar

1 limão

1 l de leite

1 pau de canela

Sal q.b.

Canela em pó q.b.

Pré-aquecer o forno a 225 °C.

Ferver o leite juntamente com a raspa de limão, o pau de canela e uma pitada de sal. Retirar do lume quando estiver pronto e deixar arrefecer.

Entretanto, bater muito bem as gemas com o açúcar até obter um creme fofo. Adicionar, aos poucos e com uma peneira, a farinha à gemada. Juntar o leite ao creme de gemas e, mexendo sempre, engrossar em lume baixo.

Retirar do calor, tirar a casca de limão e o pau de canela e deixar arrefecer.

Bater as claras em castelo bem firme e incorpore-as cuidadosamente no preparado anterior, que deverá estar frio ou morno. Levar ao forno o tradicional prato de barro alentejano, fundo e largo, para aquecer.

Verter a massa no prato de barro, polvilhar abundantemente com canela, e levar a cozer cerca de uma hora.

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Saiba mais Henrique Sá Pessoa , Bacalhau à Brás , Convento das Chagas de Vila Viçosa , Receitas , Comtradição , Sericaia , Gastronomia Portuguesa , Chef. Comida , Receituário
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