Villa Pedra: a aldeia que nos reconcilia com o tempo
Na pequena localidade de Pombalinho, em pleno coração da serra de Sicó, a Villa Pedra nasceu como refúgio turístico, mas também como projeto de recuperação patrimonial, através de uma aldeia inteira reconstruída, pedra sobre pedra, que convida ao descanso, a saborear os sabores locais e a caminhadas sem pressa.

Chegar a Pombalinho, uma pequena aldeia perdida nas encostas da Serra de Sicó, é como atravessar uma fronteira invisível, que de repente parece fazer o tempo abrandar, com o silêncio a tornar-se quase palpável. À volta, a paisagem é marcada pela pedra calcária e pelo verde mediterrânico, a envolver um cenário que parece saído dos confins da memória coletiva desta região. É bem no topo da localidade que ficam situadas as Villa Pedra Natural Houses, um projeto singular de turismo de aldeia, surgido para devolver vida à antiga Aldeia de Cima, abandonada durante mais de oitenta anos.

As casas, erguidas em calcário e revestidas a cal ocre, misturam a rudeza do tempo com a leveza da luz natural. Cada uma tem nome de planta ou árvore – Alecrim, Jasmim, Limoeiro — como se a própria natureza servisse de guia à identidade do projeto. Já a antiga Escola Primária de Cotas foi transformada em duas villas (a Escola Masculina e a Escola Feminina), mantendo assim também viva a memória de gerações.

O subtil luxo de não ter pressa
Aqui não há lugar para urgências nem o luxo não se mede em excessos, mas em subtilezas como um pão quente deixado à porta ao amanhecer ou um pequeno-almoço com queijo Rabaçal e compotas artesanais, mas também com sensações menos palpáveis: o som distante de uma ribeira, o piar longínquo das aves ou o suave balançar do vento nas copas. Sim, o silêncio domina, mas não é vazio, é completado com sons da natureza; de pausas com espaço para ouvir o que se perde na cidade.

Durante o dia, a piscina de água salgada convida a mergulhos demorados quando o sol aquece. E quando o frio chega são as lareiras que oferecem calor e conforto. Cada casa tem também um jardim privado, salpicado de ervas aromáticas – tomilho, alecrim, orégãos – que libertam perfumes que se misturam com o cheiro da terra húmida. Ler um livro à sombra, adormecer ao sol ou simplesmente deixar o tempo passar enquanto se preguiça numa rede revela-se por aqui como um luxo dificilmente quantificável.

Uma aldeia que também produz
A hospitalidade da Villa Pedra estende-se à produção agrícola e gastronómica, sempre com o objetivo de valorizar a economia local e o saber artesanal. Os vinhos – alguns já premiados nacional e internacionalmente – nascem nos socalcos de barro vermelho e cinzento das Terras de Sicó, nos quais se destaca a casta Baga, rainha das tintas, mas também as Touriga Nacional, Tinta Roriz, Bastardo ou Shiraz. E há ainda brancos de Fernão Pires, Arinto, Sauvignon Blanc, Chardonnay e Moscatel.

Já o azeite Villa Pedra, de aroma frutado e notas verdes, é extraído a frio, sem recurso a químicos, e reflete o carácter argilocalcário da região. Nos queijos, a parceria com a Queijaria Licínia, em Cotas, garante a produção certificada do Queijo Rabaçal DOP – mistura de leite de ovelha e cabra, curado o suficiente para ganhar textura firme e sabor intenso.

Porta de entrada para a serra de Sicó
Ficar em Villa Pedra é também uma oportunidade para descobrir a Serra de Sicó, um território de contrastes geológicos e paisagísticos, rico em grutas, dolinas e vales encaixados. Trilhos pedestres como o da Rota do Sicó permitem percorrer caminhos antigos, observar sobreiros e azinheiras, ouvir o rumor das abelhas entre ervas aromáticas e sentir de perto a dureza e a beleza do calcário. Para os mais aventureiros, há percursos de BTT e experiências promovidas pelo Sicó Outdoor Center, que revelam recantos de uma serra ainda pouco explorada.

A poucos quilómetros ergue-se a vila de Penela, com o seu castelo medieval dominando a paisagem. Subir às muralhas é recuar no tempo, mas também abrir o olhar para os largos horizontes que se estendem até Espinhal e Sicó. Pelas ruas estreitas, encontram-se igrejas, casas antigas e pequenos cafés onde se saboreia a vida com o vagar das terras altas.

Um pouco mais perto, no Rabaçal, outro tesouro espera os visitantes. A aldeia é famosa pelo seu queijo, mas também pela Villa Romana, um dos mais notáveis sítios arqueológicos da região. A estação, visitável por marcação, revela mosaicos, balneários e salas que testemunham a vida rural romana entre os séculos IV e V. O Museu local complementa a experiência, com peças recolhidas nas escavações e narrativas que nos transportam para dois mil anos atrás. Do alto do Miradouro de Chanca, a paisagem abre-se para os campos cultivados, como um tapete de verdes e dourados que se estende a perder de vista.

Itinerário para três dias
Dia 1: chegada à Villa Pedra, passeio pela aldeia recuperada, mergulho na piscina ou leitura à sombra. Ao jantar, experimentar pratos locais preparados com produtos da terra, acompanhados pelos vinhos da casa.
Dia 2: manhã em Penela, visita ao castelo e à vila histórica; almoço em restaurante local; tarde dedicada à Serra de Sicó, com caminhada num dos trilhos circulares. Regresso à aldeia ao entardecer, para um pôr-do-sol sobre os vales.
Dia 3: manhã no Rabaçal, visita ao museu e às ruínas romanas, prova do Queijo DOP. À tarde, tempo livre na Villa Pedra para saborear o ritmo lento antes da partida.
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