Exposição. O design sóbrio, minimalista e funcional dos Shakers
Os seguidores de uma seita protestante do século XVIII, desenvolveram um estilo de arquitetura e criaram mobiliário e objetos domésticos – peças muito valorizadas pela sua simplicidade radical. Uma exposição para ver este verão no Vitra Design Museum, na Alemanha.

Durante este verão, se estiver a tencionar fazer um périplo europeu – também conhecido como road trip –, tem um motivo adicional para visitar a Alemanha. E nem é preciso ir muito para norte, basta chegar àquela bonita zona onde se juntam as fronteiras da França, Alemanha e Suíça. É lá, no sudoeste do país, que fica a pequena cidade de Weil am Rhein, a terra natal do Vitra Design Museum, onde, entre 7 de junho e 28 de setembro, poderá visitar a exposição The Shakers: A World in the Making. Para quem gosta de história, design, arquitetura e mobiliário, esta é, provavelmente, uma das exposições mais interessantes que a época estival tem para oferecer.

Os Shakers são uma comunidade religiosa que surgiu em Inglaterra, na segunda metade do século XVIII. Foram perseguidos e decidiram emigrar para as colónias americanas em 1774, onde fundaram 18 comunidades distintas, do Kentucky ao Maine. Oficialmente conhecidos como a United Society of Believers in Christ’s Second Appearing, os Shakers eram uma seita cristã protestante que acreditava no celibato – não havia sexo, nem casamentos, eram todos irmãos e irmãs, não se reproduziam pelo que a comunidade só se expandia através de conversões ou adopções de crianças orfãs; viviam em comunidades igualitárias, com homens e mulheres a serem tratados da mesma forma; davam grande valor ao trabalho coletivo e individual; tinham como pilares a simplicidade, a humildade, a utilidade e a ordem; e expressavam a fé através de danças e cânticos extáticos – daí o nome "Shakers", ou seja, aqueles que se sacodem. Embora já não se atirasse hereges para a fogueira na Inglaterra do século XVIII, estas formas de adoração davam direito a hostilidade, no melhor dos casos, e a prisão, no pior.

Nas suas novas comunidades americanas, os Shakers criaram mobiliário, objetos domésticos e arquitetura, peças desde logo muito valorizadas pela sua simplicidade radical; e desenvolveram a uniformização e produção em série. Os seus contributos para o design e a arquitetura são, ainda hoje, celebrados – o design escandinavo que hoje conhecemos tão bem tem muito de Shaker. Para além do lado estritamente estético, esta exposição explora a ligação do design Shaker à sua prática religiosa de culto e trabalho. Concebida pelo estúdio italiano Formafantasma, a exposição reúne mais de 150 objetos originais, a maioria dos quais pertencente à coleção do conceituado Shaker Museum em Chatham, Nova Iorque.

Outra componente muito interessante desta mostra é o facto de haver um diálogo entre o design Shaker e o design atual. Isso foi conseguido incluindo obras de sete designers e artistas contemporâneos internacionais. Estas peças encomendadas interagem com os artefactos da comunidade Shaker, criando um elo entre passado e presente que permite aos visitantes identificar ligações e refletir sobre uma das mais incríveis experiências da história recente em termos de vida comunitária alternativa. Através desta mistura de materiais contemporâneos e históricos, a exposição explora as repercussões duradouras dos Shakers no século XXI, incluindo tópicos como género, inclusão e sustentabilidade.

A exposição está estruturada em quatro secções temáticas, cujos nomes foram atribuídos a partir de citações de membros da comunidade Shaker. A primeira secção, The Place Just Right, apresenta a visão do mundo e as estruturas sociais que definiram os Shakers. A segunda secção, When We Find a Good Thing, We Stick To It, foca-se na cultura material das comunidades Shaker, relevando de que forma é que as suas crenças religiosas moldaram o "estilo Shaker". Peças de vestuário e mobiliário, como armários, cómodas e mesas de costura, desvendam o instinto da comunidade para com estrutura e ordem.

Every Force Evolves a Form, a terceira secção da exposição, observa a interação aparentemente paradoxal entre as ambições dos Shakers de criarem uma sociedade insular e uma filosofia de design que abre caminho para a mudança, a inovação e o comércio. Objetos domésticos Shaker, como as altamente otimizadas caixas ovais e os "fancy goods" – um termo vitoriano para pequenos objetos feitos por mulheres para mulheres –, eram produzidos e vendidos para apoiar as suas comunidades. O espaço também inclui uma seleção de peças inovadoras, como vassouras, mesas de trabalho e ferramentas elétricas rudimentares, que realçam a abertura da comunidade a novas tecnologias.

A última secção, I Don’t Want to be Remembered as a Chair, considera o legado do movimento Shaker e a relevância contemporânea da sua produção criativa em comunidade. De entre os objetos expostos, apresenta uma série de "gift drawings" – desenhos frequentemente oferecidos a elementos da comunidade, também considerados dádivas de Deus, surgindo como visões divinas experienciadas e registadas pelas Irmãs Shaker.

A exposição é acompanhada de uma publicação que apresenta todas as peças históricas e contributos de artistas, para além de ensaios temáticos e entrevistas de académicos e especialistas conceituados. O catálogo conta com novas imagens de objetos e arquitetura Shaker da autoria do fotógrafo Alex Lesage, tem 286 páginas e custa 59 euros.

E se ainda não conseguiu parar de pensar no celibato e no facto de todos os Shakers serem irmãos e irmãs, saiba que, apesar das condições pouco auspiciosas, este grupo religioso ainda não se extinguiu. No seu auge tiveram cerca de seis mil membros e agora, de acordo com a edição do The New York Times de 5 de setembro de 2024, sobram dois velhotes, que vivem em Sabbathday Lake Shaker Village, no Maine. Se está farto da vida moderna, gosta de dançar e tem jeito para a carpintaria, pode sempre deixar-se converter. Mas, pronto, já sabe que vai ter de abdicar de uma coisa ou outra.
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