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Os multimilionários que já estiveram presos

À luz da atualidade, a Forbes americana reuniu os nomes de magnatas empresariais cujas exorbitantes fortunas de nada lhes valeram quando foi hora de serem julgados por corrupção.

Foto: Getty Images
03 de fevereiro de 2020 | Rita Silva Avelar
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A meio deste mês de janeiro, o ex-bilionário John Kapoor, fundador da farmacêutica Insys, foi sentenciado a cinco anos e meio por subornar médicos para prescrever o seu fentanil a pacientes que não necessitavam do mesmo. Uma semana antes, o milionário James Botín foi condenado a 18 meses de prisão por tentar contrabandear um Picasso levando-o para fora de Espanha no seu iate. Estes são casos recentes, que a Forbes menciona num artigo à luz dos últimos acontecimentos relativos a bilionários e a ex-bilionários corruptos, mas há pelo menos uma dúzia deles que foram de facto presos, não ficando pelas acusações. Outros fugiram, para evitar a prisão. Conheça as histórias de pelo menos dez.

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Há 11 anos, o financeiro Allen Stanford foi acusado de ter erguido um esquema Ponzi (o segundo maior de sempre, na verdade) que envolvia cerca de sete biliões de dólares, através do Banco Internacional de Stanford em Antígua (uma ilha no Mar do Caribe). Em 2012 foi condenado a 110 anos de prisão, por fraude por correspondência, obstrução de uma investigação, conspiração,  lavagem de dinheiro. Foi ainda obrigado a pagar 5,9 biliões de dólares, um valor que reverteu para as vítimas dos seus crimes.

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Mikhail Khodorkovsky, que já foi o homem mais rico da Rússia e a 16ª pessoa mais rica no mundo em 2004, e tinha um património avaliado em 15 biliões de dólares tornou-se no preso mais polémico do seu país quando foi apanhado num esquema de evasão fiscal com o seu sócio Platon Lebedev (ex-CEO do Grupo Menatep), em 2003. Além de ter perdido a sua empresa petrolífera Yukos, foi condenado a 13 anos atrás das grades. Um julgamento controverso, em que Khodorkovsky alegou ter sido manipulado pelo presidente russo Vladimir Putin. Além de ter que cumprir esta pena, foi enviado para um campo de trabalho no sul da Rússia, mudando-se, depois, para uma instituição de correção em Moscovo. Foi perdoado por Putin em 2013, tendo sido libertado uns dias antes do dia de Natal, tal como Lebedev.

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No início do milénio, em 2001, deu-se mais um escândalo com proporções bilionárias. Alfred Taubman, ex-presidente da Sotheby’s (leiloeira  sediada em Londres) foi condenado ao lado de Anthony Tennant, presidente da empresa do mesmo segmento, a Christie’s, por suspeita de fixação de taxas de comissão de leilão cobradas a vendedores americanos, numa violação das leis da concorrência – entre 1993 e 1999 cobraram pelo menos 400 milhões de dólares em comissões. Taubman foi sentenciado a um ano e um dia de prisão (cumpriu nove meses, sendo libertado em 2003), enquanto Tennant não poderia, alegadamente, ir a julgamento, por protecção da lei inglesa.

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Em 2009, foi a vez de o FBI prender diretamente o empresário e executivo do Sri Lanka Raj Rajaratnam, cofundador do fundo de investimentos de Nova Iorque, Galleon Group. Rajaratnam foi acusado de insider trading (troca de informações privilegiadas) e condenado a 11 anos de prisão por fraude e conspiração, em 2011. Além de ter sido obrigado a pagar 50 milhões de dólares. Foi libertado antes de terminar o seu "tempo", em julho de 2019, mas continua em liberdade condicional.

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Considerado o criador do mercado de títulos de alto risco e grande rentabilidade, o empresário Michael Milken foi pioneiro na estratégia de títulos de alto rendimento para fusões e aquisições corporativas quando trabalhava no banco de investimento americano Drexel Burnham Lambert nas décadas de 70 e 80 do século passado. Em 1986, foi denunciado pelo trader americano Ivan Boesky por abuso de informação privilegiada e manipulação de ações, o que levou a uma investigação do ex-advogado dos EUA Rudy Giuliani. Em 1990, Milken declarou-se culpado de seis acusações de valores mobiliários e violações de impostos, e foi condenado a pagar uma multa de 600 milhões de dólares. Além disso, concordou em cooperar com as autoridades em investigações contínuas, cumpriu dois anos de prisão e foi banido da indústria de valores mobiliários para sempre.

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O trineto de Samuel Curtis Johnson, fundador da multibilionária empresa familiar SC Johnson, que herdou o seu nome, foi acusado em 2011 de abuso sexual da então enteada adolescente. Se a jovem não se tivesse recusado a fornecer os seus dados médicos após um julgamento de três anos, Johnson poderia ter ficado pelo menos quarenta anos preso. Esteve apenas três meses na prisão e a pagar seis mil dólares, e a sua atual quantia financeira é avaliada em quatro biliões de dólares.

Em 2017, o presidente da famosa empresa internacional Samsung Electronics, Jay Y. Lee, foi condenado na Coreia do Sul por suborno. Acusações que foram relacionadas com a prisão da então presidente do país , Park Geun-hye, e da sua cúmplice Choi Soon-sil. Alegadamente, Lee subornou Park em 38 milhões de dólares numa tentativa de ganhar aprovação da fusão entre a sua empresa e as da ex-presidente da Coreia do Sul. Depois de cumprir onze meses na prisão, foi libertado no início do ano de 2018 mas continua a ser alvo de investigação, podendo enfrentar um julgamento que o pode levar de novo à prisão (e por mais tempo).

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Com um património avaliado em 2,1 biliões de dólares, o ex-co-presidente da empresa imobiliária Sun Hung Kai Properties (sediada em Hong Kong) Thomas Kwok foi sentenciado a cinco anos em 2014, e obrigado a pagar a quantia de meio milhão de dólares por subornar o secretário da empresa Rafael Hui, no valor de quase nove milhões de dólares. Foi libertado ao fim de três anos, em março de 2019.

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O mais mediático (e perigoso) elemento da lista dos mais ricos do mundo é mais conhecido por El Chapo. O seu verdadeiro nome, porém, é Joaquín Guzmán Loera, e é este o homem por detrás do famoso e intimidante cartel mexicano de Sinaloa. Escapou duas vezes da prisão mexicana, e em 2017 acabou por ser capturado e detido pelas autoridades americanas. Foi condenado com dez acusações de tráfico de narcóticos e lavagem de dinheiro em 2019 e serve uma pena de prisão perpétua, além de ter sido obrigado a pagar 12,6 biliões de dólares ao estado.

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