Quatro vinhos e as suas histórias: Dois tintos alentejanos e dois brancos monovarietais nos “verdes”
Em dezembro há quem comece a poda em muitas vinhas já despidas das suas folhas. As plantas continuam em dormência e não deixa de ser um mês de acalmia no que diz respeito à viticultura.

Já Te Disse Petit Verdot Grande Reserva
Com enologia do luso-francês Joachim Roque e rótulos desenhados por Álvaro Siza Vieira, este tinto resulta, segundo o produtor Pedro Patrício, "da seleção de uma micro-parcela na vinha com ótima exposição solar no setor da casta Petit Verdot". Pedro salienta que "a edição Platina One & Only é uma ode à vida, uma homenagem aos 75 anos aos pais Fernanda e Francisco num vinho único e irrepetível do qual foram feitas apenas 877 garrafas".

O produtor refere que o vinho estagiou durante 24 meses em barricas de carvalho francês e com posterior envelhecimento durante 12 meses em garrafa. Quanto à casta, Joachim Roque e a sua equipa entenderam que as uvas de uma determinada micro parcela de Petit Verdot estavam numa maturação e características perfeitas no verão de 2021 para se trabalhar posteriormente na adega e poder engarrafar esta edição. Pedro Patrício sugere a temperatura de 16ºC. para consumir o tinto, com uma refeição de carnes vermelhas ou caça, mas "acompanha também muito bem um bom cozido à portuguesa".
O produtor aponta o preço de 98,50 euros tendo em consideração os custos de produção, armazenamento climatizado e distribuição de apenas 877 garrafas e acrescenta que está "num bom momento de se beber, mas tem um potencial de guarda de muitos anos".

Pedro Patrício explica que o Já Te Disse Petit Verdot Grande Reserva "é também uma obra de arte com rótulo desenhado e assinado por Siza Vieira e de cor platina". A vinha foi plantada em 2016 a uma altitude de 300 metros e uma inclinação de 44º, o que permitiu uma plantação gravitacional. Relativamente ao nome, o avô do Pedro Patrício e do seu irmão Rui era um apaixonado pelo campo, e gostava de caçar, fazendo-se acompanhar pelos cães que teve ao longo da vida, entre eles um atrevido rafeiro de orelha partida. Quando, há algumas décadas, apareceu em casa pela primeira vez com o cão, o avô Ramiro perguntou à mãe do Pedro e do Rui que nome lhe deveria dar, ao que ela respondeu com um ar maroto: "Já te disse".
Rovisco Garcia Tinto Colheita 2022
A preocupação com o ambiente e com o território parecem ser as grandes bandeiras da casa Rovisco Garcia no Alto Alentejo. Sofia Almeida Garrett, diretora comercial e de marketing, não tem dúvidas que é "a representação mais pura das castas tintas que estão na vinha e a melhor expressão da empresa familiar, da sua ligação à terra e à sustentabilidade em todas as suas vertentes, ambiental, social e económica". A responsável acrescenta que a procura da representação do Norte do Alentejo e da Rovisco Garcia "não se esgota no vinho, mas também na sua imagem e embalagem". No rótulo lê-se: "Cuidamos as árvores como pessoas e a família como uma floresta. Porque a terra é o nosso legado".

Sofia refere que num vinho colheita sem estágio em madeira a maior dificuldade é que "tenha personalidade, estrutura e complexidade". Para isso, sustenta, "trabalhamos na vinha e na adega e procuramos obter a melhor uva possível, colhê-la no momento ideal e de seguida vinificar e finalizar o vinho de forma cuidadosa". Com maceração pré-fermentativa a frio durante 48 horas e fermentação alcoólica com temperatura controlada, as castas principais deste tinto são Alicante Bouschet, Syrah e Aragonez e, em menor percentagem, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot.
Sofia Almeida Garret aponta uma temperatura de serviço entre os 16 e os 18ºC. e harmonização com carnes grelhadas ou assadas. O preço recomendado de 7,15 euros é uma escolha assumida pela casa, que a diretora de marketing explica como "uma gama versátil e que, tendo em conta a dimensão, permite chegar a mais algumas pessoas e mais jovens, apresentando um Alentejo complexo, elegante e delicado a um valor simpático para o vinho em causa". A responsável garante que o vinho "está no seu momento ótimo de consumo, no entanto, os vinhos da Rovisco Garcia têm, quase sempre, longevidade". Sofia Almeida Garret explica que a expressão "o vinho nasce na vinha", não podia ser mais apropriada, "uma vez que é um blend de todas as castas tintas presentes na vinha" – com a exceção da Touriga Nacional que encontrou melhor destino no rosé.

Quinta de Monforte Azal Superior 2022
O enólogo Francisco Gonçalves garante que na Quinta de Monforte quiseram olhar de um modo diferente para a casta Azal, "colocá-la no papel de Cinderela e perceber se esta casta discreta e tradicional da região dos Vinhos Verdes poderia brilhar".
O responsável não tem dúvidas que o branco "tem uma grande frescura, advinda da acidez típica da casta, mas igualmente uma complexidade e estrutura surpreendentes". Acrescenta que não dá "preocupações em adega" onde o vinho é prensado suavemente com o engaço e, destaca, "após prensagem, o mosto, já sem engaço e grainhas, decanta por 24 horas em cubas de inox, muda para nova cuba, inicia a fermentação e, a meio do processo, é transferido para barricas de carvalho francês, ali permanecendo cerca de 12 meses". Vai para o mercado seis a oito meses depois.

Francisco aponta 12 a 13 graus como temperatura ideal para o servir e garante ser um vinho gastronómico "que requer pratos com alguma gordura como pato ou carnes brancas e o peixe mais gordo". O enólogo refere que o preço de 26 euros "tem em consideração custos de produção e estratégia de posicionamento da marca, sendo um vinho de nicho e de edição limitada a 2500 garrafas. Francisco Gonçalves salienta que "dá muito prazer beber já o Azal Quinta de Monforte", mas verificou que "a primeira edição da colheita de 2021 está a evoluir muito bem". Explica que na primeira edição usou barricas novas de 500 litros e conseguiram "uma excelente harmonia", mas na colheita de 2024 usaram barricas usadas.
O responsável pela enologia esclarece que "não há muitos vinhos da casta Azal, uma vez que a sua elevada acidez e rusticidade tem-na relegado para um papel de coadjuvante, sendo usada em lotes e preterida em favor de variedades mais prestigiadas da região", Porém, sustenta que "esta casta útil revela capacidade para o protagonismo e para a produção de vinhos singulares, quando o lugar e a criatividade humana favorecem a sua expressão". Francisco Gonçalves conclui que "é um vinho para apreciadores de qualidade e para curiosos que gostam de conhecer vinhos fora do comum".

Quinta de S. Salvador da Torre Loureiro DOC Vinho Verde 2023
A história principal deste branco parece ser o primeiro vinho de uma propriedade histórica adquirida pela Granvinhos em 2022, em pleno Vale do Lima. Jorge Dias, diretor-geral da empresa diz que a este facto acresce uma história de amizade de mais de 30 anos com o produtor e enólogo Anselmo Mendes "e uma vontade mútua de um dia fazer um vinho".
O responsável refere que "as uvas foram vindimadas manualmente e o vinho obtido por "prensagem dos bagos inteiros sem engaço, clarificação a frio e fermentação lenta, com temperatura controlada". No final da fermentação, o monocasta branco estagiou em cuba inox durante seis meses.

Jorge Dias diz que a maior dificuldade nesse ano de 2023 teve a ver com a escolha das uvas na vinha, "pois foi um ano de grande pressão de doenças como o míldio tendo dado origem a uma produção mais reduzida". A escolha da casta Loureiro aconteceu "por, no ecossistema deste vale, encontrar condições perfeitas para se exprimir na sua forma mais elegante". Na quinta, a variedade ocupa 12 hectares nas cotas mais elevadas (30 metros) em terraços levemente inclinados e expostos a sul.
O responsável da Granvinhos sugere que a temperatura ideal de serviço se situa entre 10 e 12ºC. e, a acompanhar uma refeição, um "prato de bacalhau em azeite". O preço de 9,49 euros refere-se à estratégia definida para a marca e o posicionamento pretendido num vinho que, garante o diretor, "é de guarda, para consumir até ao oitavo ano".

Rui Dias salienta que a assinatura da marca – Verde do Atlântico – "aponta exatamente para esta característica distinta deste vinho, que advém da sua proximidade ao Atlântico e da forte influência marítima que as vinhas beneficiam, acabando por se prolongar no perfil final com grande frescura e acidez vibrante".
Segundo o diretor da Granvinhos, a ideia do projeto da Quinta de S. Salvador da Torre passa pelo desenvolvimento do potencial da casta Loureiro e tornar a quinta e a marca, referências na região dos vinhos verdes, "apostando na qualidade dos produtos, na sustentabilidade ambiental e na valorização do território e do património".
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