Da Europa para a América: a história das 'mug shots'
As mais famosas fotografias de rosto - na prisão - que ninguém quer ter no currículo, e que Donald Trump reavivou nos últimos dias.

Mug shot é um termo informal usado na língua inglesa para designar um retrato fotográfico de uma pessoa do busto para cima, geralmente tirada depois desta ser presa pela polícia. O conceito original nasceu na Europa, mas com o passar dos anos expandiu-se um pouco por todo o mundo, tendo hoje em dia maior expressão nos Estados Unidos.
Um pouco por conta dasséries e filmesnorte-americanos, é muito através dessacultura visualque este nome nos é dado a conhecer. Para não falar nas variadíssimaspessoasque popularizaram precisamente por conta das suasmug shots, mesmo que já fossem algo famosas. É o caso deO.J. Simpson(1994),Robert Downey Jr.(1999),Nick Nolte(2022),James Brown(2004), ouHugh Grant(1995).

Na história, também alguns rostos foram obrigados a ver os seusmug shotsvirem a público, devido à sualuta constante pelos direitos civis e humanos.Martin Luther King Jr.(1956),Rosa Parks(1956) eJohn Lewis(1961) foram exemplo disso.

Mas nunca se tinha ainda visto um Presidente dos Estados Unidos, neste caso ex-Presidente, a ter o seu retrato num cadastro policial. Aconteceu agora, em 2023, com aquele que foi o 45º Presidente nos EUA,Donald Trump. Indiciado em quatro processos criminais, e ao contrário das três acusações anteriores, desta veznão escapou à mug shot.
Na era das redes sociais, afotografia de Trumpfoi imediatamentepartilhadae acabou por ter um resultado um pouco oposto ao que se esperava. O ex-Presidente e os seus apoiantes conseguiram transformar essa imagem numa espécie de medalha de honra. Desde então, depois do aproveitamento da foto de cadastrado, a campanha de Trump já arrecadou mais de 6,5 milhões de euros em donativos e venda demerchandising. T-shirts, canecas, bonés, e mais uma série de artigos, todos com a cara de Trump na prisão têm sido bastante procurados nos Estados Unidos.


Na década de 1880,Alphonse Bertillon, antropólogo e chefe do Serviço de Identificação Judicial de França,inventou a mug shot, umretrato fotográficoduplo de rosto: uma foto voltada para a câmara e a outra de perfil. O retrato ainda pressupunhanove medidas físicas, que incluiam a largura da envergadura do braço, o diâmetro da cabeça, o comprimento do pé e o tamanho da orelha. Este sistema de Bertillon demonstrou que a fotografia não fornecia um registo transparente: necessitava desuporte textual. Chamada deBertillonage, esta abordagem anunciava paradoxalmente a fotografia policial, ao mesmo tempo que sublinhava a insuficiência da identificação fotográfica.
A primeira foto policial(como as consideramos hoje) foi tiradaa um prisioneiro em Bruxelas, Bélgica, em1843. Uma década depois, apolícia britânicacontratou um fotógrafo profissional.

NosEstados Unidos, os departamentos de polícia começaram a fotografar homens e mulheres presos já na década de1850e exibiam os seus retratos para exposição públicaemgalerias de criminosos. Mais tarde, no século XIX, à medida que as fotografias se tornaram mais fáceis e baratas de reproduzir em impressões de papel, a fotografia policial foi amplamente utilizada nos departamentos de polícia de toda a Europa e dos Estados Unidos.
Esta técnica persistiu até hoje, embora asimpressões digitaisrapidamente se tenham tornado uma forma mais precisa de identificar criminosos. Ao longo do século XX, fotografias de líderes dos direitos civis a criminosos e celebridades, deixaram a sua marca.
Nos EUA, a prática dedivulgar fotos policiais pode estar em extinção. Em 2020, a polícia de São Francisco anunciou que não divulgaria mais fotos policiais, a menos que houvesse um motivo de segurança pública. Acredita-se que esta partilha e proliferação de imagens nos jornais e nas redes sociais cria possa promover, de certa forma,o preconceito racial.
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