Além (do) mar: um guia para descobrir outra Menorca
Há qualquer coisa de indistinto em Menorca, mas que faz dela um lugar sem igual. Sim, são as praias e a natureza, o sossego e a comida, mas também as galerias de arte, as caminhadas, os encontros inesperados. Há uma ilha que palpita fora dos pacotes turísticos e dos guias de verão. Um lugar para onde apetece fugir e não mais voltar.

Passam alguns minutos das três da tarde e uma mulher lê à beira-mar. Protegida pelo chapéu de palha, está sentada numa cadeira desdobrável, pés descalços na água. À volta, apenas a Natureza, silenciosa. E a certeza de que, aquele, é um dos raros momentos que vai permanecer, suspenso na memória de quem o testemunhou. Assim é Menorca, aquela ilha das Baleares que não tem a dimensão de Maiorca, a movida de Ibiza ou charme boho de Formentera. A menos povoada das Baleares (tem 94 300 habitantes) e que, não sendo óbvia nas suas especificidades, é uma das mais difíceis de descrever. Também por isso, obriga-nos a olhar para ela. E mal o fazemos, começamos a descobrir quadros suspensos. Como o da mulher de chapéu palha à beira-mar.
Nada melhor do que o rigor dos números para imprimir objetividade ao relato: Menorca tem cerca 700 quilómetros quadrados e 130 playas. Referimo-nos a praias com areia, porque se falarmos de calas, aqueles recortes de costa onde é possível mergulhar e nadar, elas são quase a perder de vista. Uma mais inesperada e charmosa do que outra, frequentadas quase exclusivamente por locais, pontuadas por pequenas embarcações e rematadas por uma ou outra casa, são cartões de visita de uma ilha que defende o seu silêncio tão bem quanto a sua paisagem, classificada como Reserva da Biosfera em 1993. É também por isso que, mesmo sendo as praias "a" atração de Menorca, não existe nem uma estrada ao longo da costa. Proteger sempre, preservar cada vez mais. É também essa a função dos intermináveis muros que dividem cada parcela de terra e que se estendem por toda a ilha num labirinto de pedra. El Marés, a rocha de arenito local preenche todo o subsolo e tem de ser arrancada sempre que se constrói algo de novo.

Compreende-se assim a extensão destas construções belas, mas singelas: prolongam-se por 11 mil quilómetros quadrados num desenho mágico que não só ornamenta a paisagem como protege as terras cultivadas da tramontana, o vento típico de Menorca.
Uma subida até ao Monte Toro, mesmo no centro do território, naquele que é o seu ponto mais alto (358 metros), dá-nos uma ideia da amplitude da ilha e dos seus recortes, mas também nos convida a algum recolhimento e contemplação, tal é a calmaria. Não terá sido por acaso que freiras franciscanas escolheram este destino, onde foi edificado o Santuário da Virgem, para ali fazerem a sua clausura. Silêncio é o que também encontramos no Parque Nacional Albufera des Grau: com mais de 5 mil hectares, é o sítio certo observar a fauna e flora locais ao mesmo tempo que se carregam baterias. Mas se a ideia for meter os pés ao caminho, a resposta é Camí des Cavalls, um caminho com dez séculos e 185 km, desenhado em redor da ilha, para percorrer a cavalo, de bicicleta ou a pé.

Uma ilha cheia de história(s)
Mas Menorca não é só na Natureza, também é História. E é a própria paisagem quem o sugere. As formações rochosas com mais de 400 milhões de anos recordam-nos de um passado rico, habitado por diferentes povos que ali deixaram as suas marcas. A rota Menorca Talayótica reflete essa herança arqueológica, única no mundo, classificada Património Mundial da Unesco. Os vestígios da presença de romanos e árabes estão presentes um pouco por toda a ilha, de resto como os testemunhos da ocupação britânica, de que são exemplo a cisterna de Es Mercadal (onde ainda hoje as pessoas se abastecem de água), o Forte de Marlborough ou a Torre de Fornells. Marcas que ficaram na paisagem urbana, mas também na gastronomia e até no vocabulário. Curiosamente, e porque os franceses também por lá passaram, em Menorca diz-se ‘merci’. E, sim, há razões de sobra para agradecer.

Se Mahón (ou Maó, como dizem os locais), com o seu grande porto natural, o segundo maior do mundo, é hoje uma capital mais administrativa (ainda assim com os seus recantos de beleza, como o teatro principal que, construído em 1829, é uma das casas de ópera mais antigas de Espanha), já a Ciutadella parece ter preservado melhor o lado mais pitoresco da ilha. Nas suas ruas descobrem-se muitos cafés e esplanadas (a Plaça Nova é um dos pontos nevrálgicos), bem como um palpitante comércio tradicional, onde lojas quase centenárias convivem paredes meias com artistas e designers vindos de fora. É o caso de Sonia Pibernat, natural de Barcelona e formada em Belas-Artes na Alemanha, a viver em Menorca desde 2009. Encontramo-la à porta loja-escola-atelier Aglaya, onde o lema é "joias que contam histórias". No rés-do-chão cria e vende as suas peças (mas também de outras artistas) e, no piso de cima, dá pequenos cursos de joalharia. Um pouco mais à frente, ainda na movimentada Carrer des Seminari, conhecemos Bettina Calderazzo, uma italiana que, depois de 11 anos a viver entre Londres e Paris, veio em busca do lugar perfeito para formar família. Enquanto o faz, gere a Etesian, uma pequena galeria de arte instalada no piso térreo de um antigo castelo do século XVII. Nem é preciso ser apreciador de arte para sentir vontade de entrar. À boa energia de Bettina junta-se o magnetismo das obras expostas, assinadas por artistas locais (como o maiorquino Toni Salom) e internacionais.

A arte como constante
Além das pequenas galerias da Ciutadella, Menorca reserva uma inesperada oferta de coleções e museus. Entre eles, destacamos o LÔAC, Alaior Art Contemporani, com uma coleção diversificada de arte contemporânea, onde se incluem trabalhos de Joan Miró, Miguel Barceló, Marina Abramovic, Antonio Saura e Antoni Tapiès, entre muitos outros. Oferta não falta, mas se o tempo só permitir uma aposta, a direção é a da incontornável galeria Hauser&Wirth (ver este artigo), na Illa Del Rei, onde também é possível visitar o antigo hospital militar, construído pelos ingleses em 1711 e recentemente reabilitado por uma fundação de voluntários. O amor dos locais pela sua ilha sente-se neste tipo de dedicação, mas também na convicção e carinho com que cuidam das tradições locais.

Hoje, o negócio das peles e do calçado já não tem o mesmo sucesso que conheceu em outras décadas, mas ainda há exemplos de autenticidade que vale a pena espreitar. Falamos, por exemplo, da Ansa por Ansa (ansaperansa.com), uma marca local inspirada nos cabazes que antigamente se usavam para ir ao mercado e que hoje vende carteiras, malas e cestos, passíveis de serem customizados ali mesmo, no piso inferior da loja, pelas mãos das habilidosas Tonia, Nina e Cisca. Em comum têm a idade (58 anos), a experiência (nas fábricas de sapatos) e a boa disposição (contagiante). Já as menorquinas, as típicas sandálias em pele, continuam a ser uma das imagens de marca da ilha, e estão à venda um pouco por toda a parte. Mais exclusivas, as Pretty Ballerinas são um exemplo de sucesso com mais de cem anos: feitas por artesãos locais, são exportadas para todo o mundo. E o mesmo começa a acontecer com os vinhos e o queijo. Tudo, claro, sem grandes alaridos, não fosse Menorca aquele paraíso desenhado a silêncios e subtilezas.
Para conhecer um guia com sítios específicos, continue a ler sobre Menorca aqui.
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