Fiat Uno, um quarentão que ficou na história
Lançado em inícios de 1983, o Fiat Uno assegurou a transição entre o histórico 127 e o (ainda) atual Punto. Foi Carro do Ano em 1984, manteve-se no mercado europeu até 1995 e em produção no Brasil até 2014, e dele foram produzidas quase nove milhões de unidades.
19 de janeiro de 1983: a Fiat surpreende Urbi et Orbi ao lançar o sucessor do seu fiel 127. E surpreende mais pelo design escolhido do que propriamente pela passagem de testemunho: o Fiat 127 tinha sido um modelo extremamente importante para o fabricante italiano, mas começava a dar sinais de dificuldade em acompanhar a concorrência nestes inícios dos eighties.
Outra surpresa – e de monta! – prende-se com o local escolhido para a apresentação à imprensa internacional: Cabo Canaveral, Flórida, USA. Sim, um dos locais históricos da NASA, uma afirmação de que este novo Fiat simbolizava a tecnologia avançada, a inovação, a conquista de novos mercados.
E porquê a surpresa no design? Porque o grande designer italiano Giorgetto Giugiaro decidiu chocar as mentes (e os olhos) dos consumidores europeus, desenhando uma traseira do tipo "Kammback" (também conhecida como "Kamm-tail" ou ainda "K-tail"): a linha do carro aproxima-se da traseira e, repentinamente, mergulha quase na vertical. Qualquer coisa parecida com isto: a silhueta do novo modelo estava a ser desenhada da frente para trás, mas o desenhador teve de se ausentar temporariamente da prancha quando já ia quase no fim do tejadilho; alguém passou, olhou, pegou no lápis e desenhou um risco para baixo. Evidentemente que este exercício delirante resulta da imaginação fértil do escriba, mas a verdade é que as linhas do novo Uno dividiram opiniões aquando do seu lançamento. Felizmente para a Fiat, o que primeiramente se estranhou, cedo se entranhou. E, também felizmente, o Uno foi lançado no mercado europeu um mês antes do Peugeot 205 – também já falámos dele aqui na Must – o que lhe conferiu uma ligeira margem de avanço. Tão ligeira que, no final desse ano, a Fiat conquistava com o novo modelo o prémio de Carro do Ano 1984, terminando a votação com uma vantagem mínima sobre o segundo classificado: precisamente o Peugeot 205.
Porquê Uno? Simples: porque o projeto do novo modelo tinha o codename Tipo Um. E, como é óbvio, "um" em italiano é "uno" – ecco. Voltando ao arrojado design, ele tinha uma boa razão de ser: com o fim abrupto da traseira, o coeficiente de penetração aerodinâmica era bastante baixo, aliás, o melhor da sua classe. Isso significava melhor comportamento em estrada, menor esforço em deslocar os 711 kg que pesava a primeira versão (três portas), logo, menor consumo de combustível. E por falar em combustível e em economia de consumo, os primeiros Unos recorriam aos bem conhecidos motores de 903, 1100 e 1300 cm3. Mais tarde, em 1985 estreava-se debaixo do capot um novo quatro-cilindros de um litro de cilindrada – concretamente 999 cm3: o motor FIRE (Fully Integrated Robotised Engine) de 45 cavalos, capaz de levar o Uno aos 140 km/h de velocidade máxima e a acelerar dos 0 aos 100 em 17.5 segundos – números que, à época, o colocavam no top dos citadinos.
Citadino, sim, ma non troppo: embora com medidas compactas (3.69 m de comprimento, por 1.56 de largura e 1.42 de altura), o Fiat Uno conseguiu assumir-se como um carro para a família, adicionando rapidamente uma segunda carroçaria, de cinco portas, e crescendo gradualmente o tamanho e prestação dos seus motores: do 900 cm3 de 39 cavalos, foi subindo por aí acima até aos 1500 cm3 (a gasolina, já que o maior dos três motores a gasóleo era um 1700). Do lado da potência, o top foi atingido pelo 1.3 turbo de 105 cavalos. Uma curiosidade que tem a ver com nomenclaturas: o Uno quebrou a tradição da Fiat batizar os seus modelos com números (124, 125, 126, 127, 128, 131), mas continuou a utilizá-los para indicar a potência dos vários motores, consoante as versões: 45, 60, 70, 85...
Facelift: em setembro de 1989, no Salão de Frankfurt (a menos de 600 km de Berlim e a menos de dois meses da queda do Muro), o Fiat Uno recebeu, não uma nova geração, mas uma lavagem de cara. A primeira e única: novo desenho da dianteira e, principalmente, da porta traseira (o que melhorou ainda mais a já referida boa penetração aerodinâmica); interiores revistos, com especial destaque para um novo tablier; melhorias nas várias motorizações, a gasolina e a gasóleo. Grosso modo, isto permitiu-lhe resistir mais alguns anos num mercado europeu que já lhe começava a ser adverso, até 1995, altura em que passou o testemunho a um novo modelo, o Punto, que ainda se mantém em fabrico. Ao todo, as fábricas italianas produziram seis milhões de unidades do Uno – também fabricado na Polónia, na ex-Jugoslávia, Indonésia, América do Sul, Turquia, Marrocos, a lista parece um atlas.
Uma segunda geração? Sim, mas só para a América Latina e já não era verdadeiramente o Uno: basicamente tratava-se do renascimento do nome, aplicado a um modelo desenvolvido pela Fiat Brasil, com apoio do Centro Stile de Turim, e fabricado entre 2010 e 2021. A produção brasileira do Uno original, essa, manteve-se até 2014. Ao todo, foram produzidos em todas as fábricas pertencentes ao fabricante transalpino mais de 8.8 milhões de Fiats Uno, o que o coloca na oitava posição entre os modelos mais fabricados na história do Automóvel, apenas atrás do Volkswagen Carocha, do Ford T, de quatro plataformas diferentes da General Motors (que serviram de base a diversas marcas e modelos), e do irmão mais velho, o Fiat 124."Estamos a desenhar para mulheres e homens que partilham o mesmo amor pelo automóvel"
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