Coronavírus. O fim do test drive e das concessionárias?
A pandemia já está a transformar a forma como compramos carros.
As vendas de automóveis estão a voltar a subir. Embora as compras de veículos novos tenham caído 47% em relação ao ano anterior, e as compras de frotas de veículos de aluguer, comerciais e para governos também tenham caído 70% no mesmo período, a indústria automobilística recebeu boas notícias. O gasto médio de incentivos atingiu 4.296 dólares por veículo em abril, um aumento de 7% em relação a março e um aumento de 26% em comparação com igual período do ano anterior, segundo a Cox Automotive [agência que junta milhares de revendedoras de automóveis]. As vendas de carros clássicos deram um salto e as fábricas na Europa e nos EUA começaram a reabrir.
O mesmo acontece com as concessionárias, embora enfrentem cortes de 265 mil empregos, de acordo com a Cox Automotive. Um exemplo é a Porsche Beverly Hills, onde Sascha Glaeser trabalha como diretor para a experiência do cliente e vendas VIP. "Reabrimos na sexta-feira e os clientes estão a entrar na concessionária", disse em entrevista por telefone. "Tento fazer tudo em casa. Quando vou ao trabalho, usamos máscaras. Tentamos manter a maior distância possível."
O surto mudou significativamente a forma como pensamos - e compramos - carros. Embora algumas mudanças sejam temporárias, outras devem tornar-se permanentes.
Para entender melhor como a experiência de compra de carros evoluirá com a pandemia da Covid-19, conversámos com vários especialistas, que destacaram uma série de questões que serão levadas em consideração no novo mundo da compra de carros, como o comércio eletrónico, as oficinas mecânicas independentes e as rígidas leis estritas de franchising.
O distanciamento social vai acabar com as concessionárias?
A resposta mais curta é não. Mas o isolamento acelerou mudanças que já estavam em andamento antes da pandemia da Covid-19.
"Sabemos que os consumidores continuarão preocupados com o distanciamento social", diz Stephanie Brinley, analista-chefe do setor automóvel da empresa de pesquisa IHS Markit. "Mas o que realmente estamos a ver é que havia uma tendência em facilitar o processo de compra de carros já antes do início da [pandemia]."
O tradicional aperto de mão é coisa do passado. Mas a prevalência de salas de exposição menores, marketing tático e mais localizado, financiamento pré-aprovado e transações de vendas e seguros on-line deve crescer.
É a morte do test drive?
Ainda não. Historicamente, na maioria das concessionárias, a regra era que o cliente precisava de dirigir o carro com um representante de vendas. Toda a tecnologia nos carros modernos tornou isso essencial; é melhor aprender a usar o Bluetooth com uma pessoa do que com uma app. Amigos especiais das concessionárias e clientes VIP podem dar uma volta sozinhos, depois de fornecer informações da respectiva carta e do seguro. Tal acontecerá cada vez mais na era pós-Covid-19.
E as vendas online? Vão aumentar?
Sim. As vendas online de carros em 2019 representaram 10% a 15% do mercado total de veículos nos EUA, de acordo com a empresa de pesquisa Autopia. Mas quando falámos com especialistas, percebemos que comprar um carro online não será a primeira escolha para a maioria dos consumidores, mesmo depois da Covid-19.
É provável que as concessionárias atualizem e melhorem os seus sites. E provavelmente responderão às perguntas por e-mail mais rapidamente. Mas o preço médio da venda de um carro novo é de 35 mil dólares, e de 21 mil para um carro usado. Ainda é a maior compra que alguém fará a passar de uma casa. Para a maioria das pessoas, é "inconcebível" comprar algo desse valor sem vê-lo primeiro, diz Kevin Tynan, diretor de pesquisa automotiva da Bloomberg Intelligence.
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