O adeus a Jean-Luc Godard, o pioneiro da Nouvelle Vague
Aclamado por filmes como o Acossado (1960), O Desprezo (1963) e Alphaville (1965), o cineasta franco-suiço morreu aos 91 anos, avança o diário Liberátion. Godard marcou a sua posição no Cinema através de obras mais politizadas que, naturalmente, dividiram a sociedade.
Jean-Luc Godard nasceu em Paris em 1930, mas cresceu em Genebra, Suíça. Após ter acabado a escola em 1949, Godard regressou ao país natal e encontrou o seu habitat natural entre os "cine clubs" que nasceram na capital francesa antes da guerra. A janeiro de 1952 começou a escrever para revistas de cinema, após ter conhecido o crítico André Bazin e os diretores François Truffaut, Claude Chabrol e Jacques Rivette – inclusive, Godard escreveu para a revista de Bazin, Les Cahiers du Cinéma. Mais tarde, nesse ano, viajou para o norte e sul da América com o seu pai, e tentou fazer o seu primeiro filme (do qual apenas uma filmagem de um carro foi conseguida). Nos anos 50 começou por fazer pequenos filmes, e na década seguinte é que se "atirou" aos seus grandes clássicos.
Segundo o The Guardian,Godard entrou na indústria através de uma série de curtas-metragens como Charlotte e Verónique ou All the Boys Are Named Patrick, em 1957, que demonstraram o seu estilo descontraído e meio blasé de fazer filmes. A verdade é que o cineasta introduziu a sua marca na indústria logo de início, defendendo a cinematografia tradicional de Hollywood e promovendo Howard Hawks e Otto Preminger em vez das figuras que estavam mais na moda. Para além disso, o cineasta apreciava o trabalho de Humphrey Bogart, que participou na primeira longa-metragem de Godard, Breathless, lançado em 1960.
Em 1963, com o filme O Pequeno Soldado, o cineasta conheceu a sua primeira mulher, Anna Karina. Foi também através deste filme que nasceu o aforismo "O cinema é a verdade a 24 frames por segundo". Outros que se destacam na sua carreira são: Uma Mulher é uma Mulher (1961), uma homenagem ao musical de Hollywood, com Karina e Belmondo no elenco – o que lhe assegurou mais prémios em Berlim; o extravagante e épico filme sobre cinematografia O Desprezo (1963), que tem uma das cenas mais icónicas de Brigitte Bardot, e banda sonora de Georges Delerue; e Alphaville (1965), um filme noir de ficção científica.
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Godard divorciou-se de Karina em 1965. A última parceria dos dois no cinema foi com Made in USA (1966), um filme que teve problemas de direitos de autor nos Estados Unidos. Em 1970 conheceu a cineasta Anne-Marie Miéville, que se tornou colaboradora e, mais tarde, sua parceira após o segundo divórcio com Anne Wiazemsky, que tinha feito parte do elenco de O Maoísta (1967).
Ao longo dos anos 70, a sua posição política e intelectual começou a perder balanço, e o seu trabalho perdeu impacto nos anos 80. O comeback aconteceu em 2001, com Elogio ao Amor, filme selcionado para o Festival de Cinema de Cannes. Em 2010, ganhou um Óscar honorário com Filme Socialismo. O filme de 2014, Adeus à Linguagem deu-lhe o prémio de Melhor Filme nos National Society of Film Critics Awards e o prémio júri de Cannes. Por sua vez, Imagem e Palavra, a sua última obra,foi selecionado para o Festival de Cinema de Cannes de 2018 e recebeu uma especial Palma de Ouro.
Se quiser lembrar Godard, pode ver o filme Godard Mon Amour (2017), que tem como protagonista Louis Garrel, que interpretou o cineasta.
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