Prazeres / Artes

Uma viagem táctil pela Amazónia

A pensar em pessoas invisuais e com problemas de visão, editora Taschen acaba de lançar uma versão táctil do famoso livro de fotografia de Sebastião Salgado. “Amazônia” transforma-se assim em “Amazônia Touch”.

Foto: TASCHEN
15 de novembro de 2023 | Madalena Haderer

Uma pessoa invisual pode ler, em braille, tudo o que uma pessoa sem problemas de visão pode ler num livro. Mas e as fotografias? Pode ler descrições sobre a imagem, ou ouvi-las, recorrendo a um audiolivro, mas será que isso chega? Será que isso permite replicar a emoção de ver uma imagem? Foi para ajudar a solucionar este dilema que o famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado se uniu à organização francesa Fondation VISIO para criar uma versão do seu famoso livro de fotografia Amazônia com imagens que pudessem ser "vistas" por pessoas invisuais ou com problemas de visão. Chama-se Amazônia Touch e é um box set com 21 placas tridimensionais, em relevo, que são "transcrições" de 18 fotografias e três mapas geográficos. Amazônia Touch pretende ser uma viagem táctil pelo coração da Amazónia e dos seus povos indígenas.

O livro inclui 21 placas em relevo e custa 200 euros
O livro inclui 21 placas em relevo e custa 200 euros Foto: DR

Amazônia, na sua versão original, foi publicado em 2021, também pela Taschen, e é o resultado de sete anos de trabalho. Durante esse tempo, Salgado percorreu a Amazónia, fotografando, sempre a preto e branco, a floresta tropical, com especial enfoque na natureza, tão diferente de tudo o que existe fora dali, e nos seus habitantes: povos indígenas que sempre fizeram da Amazónia a sua casa, e que enfrentam desafios crescentes para ali poderem permanecer – por exemplo, políticas de deflorestação para plantação de milho para produção de biodiesel. A Amazónia é um tesouro irrecuperável não só para estes povos, mas para o planeta, e Sebastião Salgado tem dedicado a sua vida a chamar a atenção do mundo para a beleza e importância desta região e das vidas que dela dependem.

As imagens em relevo que compõem Amazônia Touch foram produzidas em placas de latão com recurso a uma antiga técnica de estampagem em papel Pachica. Vêm acompanhadas por um folheto que apresenta as 18 fotografias e três mapas, com textos em português, inglês e francês. Para além disso, é possível aceder a audiodescrições das obras acedendo ao site da Fondation VISIO.

Saiba mais Livros, Fotografia, Sebastião Salgado, Amazónia, Pessoas invisuais
Relacionadas

As obras mais emblemáticas do Museu de Arte Proibida

Com uma seleção de mais de 200 obras de arte censuradas, proibidas ou denunciadas em algum momento, o novo espaço, em Barcelona, promete pôr os visitantes a pensar sobre os motivos e as consequências da censura, com obras que vão de Goya a Banksy.

Uma viagem pelo Japão do século XIX

"Hiroshige & Eisen. The Sixty-Nine Stations along the Kisokaido" serve-se das gravuras em madeira dos famosos artistas Hiroshige e Eisen para contar a história da rota ancestral, criada em 1600, que liga Edo – hoje Tóquio – a Quioto.

ROOF. Retratos de quem não tem um teto digno

Já pode ser visitada a mais recente mostra de fotografias de Mário Cruz. ROOF conta as histórias de vida dos habitantes de Lisboa que vivem em casas com condições indignas. Habitação para todos: outra promessa do 25 de Abril ainda por cumprir.

Mais Lidas
Artes Filme. Quando Portugal curou crianças dos males da guerra

"Viagem ao Sol" é um filme documental que conta a história de crianças austríacas enviadas para Portugal, após a Segunda Guerra Mundial para recuperarem dos traumas que viveram. Aproveite a sessão de dia 30 de janeiro, no Nimas, às 18h30, com presença de um dos realizadores.

Artes Nova exposição de Felipe Pantone na Underdogs

Estreia já no próximo dia 13 de setembro a nova exposição do artista argentino-espanhol famoso por gradientes de cor vibrantes, padrões geométricos e uma estética de glitch digital. Chama-se "Perceptual Phenomena, Color Spaces, Structural Honesty".

Artes Chopin num anfiteatro de palha

250 pessoas vão reunir-se numa seara alentejana, rodeadas de fardos de palha, para ouvir peças do famoso compositor polaco como ele nunca foi ouvido antes. Vasco Dantas e o Mário Laginha Trio prepararam um diálogo musical entre dois universos e duas linguagens distintas – o clássico e o jazz. Mas sempre Chopin.