Artek e Marimekko celebram 90 anos com coleção limitada
Os dois ícones do design finlandês uniram forças para criar uma coleção exclusiva que cruza a arte da estampagem com a mestria da madeira curvada. A edição limitada, disponível a partir de setembro, revisita clássicos de Alvar Aalto com padrões icónicos de Maija Isola, apresentando uma nova leitura da tradição escandinava.

Durante décadas, a Finlândia tem sido sinónimo de um design que alia poesia formal e disciplina funcional. Em 2025, esse legado ganha uma nova leitura com a coleção Artek + Marimekko, uma edição limitada integrada nas celebrações dos 90 anos da Artek. Mais do que um encontro entre duas marcas reconhecidas, trata-se de um exercício de tradução cruzada: a linguagem gráfica ousada da Marimekko torna-se matéria, textura e luz sobre a carpintaria curvada que Alvar Aalto elevou a assinatura da Artek.
O ponto de partida é simples e ambicioso: aplicar padrões históricos da Marimekko à madeira de bétula através de marchetaria sobre superfície folheada. O resultado, tudo menos óbvio, é um jogo de profundidade em que os motivos aparecem e desaparecem conforme a incidência da luz, como se o desenho respirasse com a peça. Esta solução técnica, além de precisa e delicada, tem um lado pragmático que honra as duas casas: reduz desperdício de madeira e prolonga a vida útil do produto. Tal como acontece com todo o mobiliário Aalto, a produção decorre em Turku, no oeste da Finlândia, garantindo continuidade material e um rigor de fabrico difícil de replicar fora do contexto que o viu nascer.

A coleção é construída sobre três tipologias que dispensam apresentações entre conhecedores: o Stool 60, a Bench 153B e a Table 90D. São objetos que cabem em quase qualquer interior - doméstico ou público - porque foram concebidos, desde a origem, para acomodar usos abertos. O banco não é apenas assento; é mesa de apoio, pedestal improvisado, lugar para pousar livros ou plantas. A bancada, leve e honesta, organiza entradas, corredores e salas com discrição. A mesa baixa 90D, de escala contida, estabelece o tom descontraído de uma zona de estar. A intervenção gráfica sobre estes clássicos não lhes impõe um novo caráter; antes revela uma camada que sempre lá esteve: a relação direta entre forma, função e ritmo.

Os padrões selecionados pertencem à coleção Arkkitehti, encomendada nos primórdios da Marimekko por Armi Ratia e desenhada por Maija Isola, a autora que, ao lado de nomes como Vuokko Nurmesniemi, deu corpo à gramática visual da marca. Importa insistir na origem concreta de cada motivo, porque isso ajuda a entender a sua afinidade com a obra de Aalto. Em Lokki ("gaivota"), Isola captou as ondas de sombra que o sol projetava numa cortina pregueada - uma abstração nascida de um fenómeno da luz, precisamente o mesmo tipo de fenómeno que a marchetaria agora volta a acentuar na madeira. Kivet ("pedras") tem a crueza tátil de seixos irregulares apanhados no exterior do atelier, círculos imperfeitos que rompem a rigidez do ortogonal. Já Seireeni ("sereia"), criado após uma viagem à Grécia, regista o movimento hipnótico da água; repetido em superfície, esse fluxo comunica-se com a fluidez orgânica das pernas curvadas em L que definem o vocabulário estrutural do mobiliário Aalto.

Se à Marimekko cabe a energia gráfica, aquela coragem cromática e de escala que a fez mundialmente reconhecida, à Artek cabe a medida, a proporção e o detalhe construtivo que fazem um objeto atravessar gerações. É por isso que a coleção não soa a edição "de moda", passageira: as estampagens foram afinadas para conviver com a paleta natural da bétula, não para a eclipsar. O gesto é simultaneamente celebratório e contido, próprio de quem sabe que a longevidade no design nasce do equilíbrio entre personalidade e silêncio.
O aspeto prático não foi esquecido. A edição é limitada e será vendida, por tempo restrito, nas lojas físicas e online da Artek e da Marimekko, bem como através de revendedores selecionados. Para os colecionadores e para todos os que acreditam que uma casa se constrói com objetos que resistem ao calendário, a recomendação é simples: ver as peças ao vivo. Só perante a mudança da luz sobre o folheado, só ao toque da bétula, se percebe plenamente como o desenho de Isola e a engenharia de Aalto se encontram.
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