Negócios do Luxo

Imobiliário: um luxo que é também uma necessidade

Nos últimos anos, este setor tem mudado muito. Não só as casas estão mais caras, como, conforme indica Margarita Oltra, da Engel & Völkers, “no segmento da segunda residência, o comprador internacional chega aos 90% e escolhe locais fora dos grandes centros”.

Ontem às 13:23 | Madalena Haderer
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Para analisar o presente e o futuro do imobiliário e do turismo, dois setores que são pilares estratégicos na expansão do luxo em Portugal e que têm sido responsáveis pela atração de investimento nacional e estrangeiro, a iniciativa Negócios do Luxo, organizada pelo Negócios em parceria com a Must, tendo Cascais como município anfitrião e o Sheraton Cascais Resort como hospitality partner, debateu o tema "Do imobiliário ao turismo", que contou com a participação de João Bugalho, CEO da Arrow Global Portugal, Margarita Oltra, gestora regional da Engel & Völkers Portugal, e Marcos Drummond, responsável pelos projetos Pinheirinho e Prata Riverside Village, com a moderação da diretora do Negócios, Diana Ramos.

Começando com João Bugalho, o responsável explica que "a Arrow é, essencialmente, a Lehman Brothers em Portugal", que entrou no país para gerir 55 mil milhões de crédito malparado, um valor que desceu para 7 mil milhões entre 2015 e o momento atual. O motivo pelo qual entraram no imobiliário prende-se com o facto de haver "muitos imóveis nas carteiras de malparado". E hoje são "os maiores investidores em Vilamoura", onde compraram cinco hotéis que estão a reformar com o objetivo de os subir de nível. Alerta, porém, para o facto de haver "espaço para um turismo diferenciado, que não temos em Portugal no volume desejável e com o género de serviço que este tipo de consumidor quer". Acrescentando que os americanos, em particular, são "muito exigentes". Dá ainda o exemplo do turismo hípico: os cavalos trazem "o tipo de negócio que Portugal quer, gente com muito dinheiro que vem fora da época alta".

Sobre como o mercado imobiliário tem vindo a mudar nos últimos anos, Margarita Oltra diz que "as casas estão mais caras, sim, mas também houve uma desconcentração", com as casas vendidas a estarem menos concentradas na costa e nos grandes polos urbanos. No Porto e em Lisboa, os clientes da Engel & Völkers são 60% nacionais e 40% estrangeiros, mas "no segmento da segunda residência, o comprador internacional chega aos 90% e escolhe locais fora dos grandes centros".

Já Marcos Drummond diz que tanto no projeto Pinheirinho Comporta, como no Prata Riverside Village, em Marvila, "mais de metade dos clientes são portugueses, em qualquerprice point". Ainda assim, têm clientes de "mais de 40 países". Sobre o projeto da Comporta, refere que é contracíclico: "Pela sua baixa intensidade, a Comporta é um refúgio. Como tal, tem sempre valor, quer seja comprado como habitação ou como ativo. Quanto mais ruído e mais crises, mais esta faixa de público com poder de compra considera avançar [com o negócio]. Podem perder metade dos ativos e continuam a poder avançar com a compra sem problemas. Quanto maior o ruído, maior o desejo de refúgio."

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