Um dia na vida de Cristina Jorge de Carvalho: “Já esgotei a dose de stress que me cabia nesta vida”
A designer de interiores fundou o atelier com o seu nome em 2000 e assina projetos que vão de residências a hotéis, espaços comerciais ou outros, com os quais já ganhou prémios internacionais. Cristina Jorge de Carvalho, que também desenha mobiliário, tem marcado presença em publicações especializadas em todo o mundo.

A que horas se costuma levantar?
Entre as 8 e as 9 da manhã… dependendo da vida, do humor e da meteorologia emocional do dia.
O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordada?
“Já é de manhã outra vez?”, ou então, “será que o mundo já acabou e eu posso continuar a dormir?”, mas logo a seguir passo para as newsletters, revistas e emails, portanto sim, o mundo continua.
Qual é a sua rotina quando se levanta?
Ou fico a ler e a responder a emails ou vou ao ginásio tentar convencer o corpo de que ainda tem 30 anos. Há dias em que fico a trabalhar de casa, em modo “não-me-peçam-para-estar-em-lado-nenhum”.
Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?
Depende. Às vezes saudável, às vezes café. E outras vezes… esquecido. A vida real não tem guião fixo.

Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?
Sim, às vezes o ginásio, outras vezes ginástica mental para evitar o ginásio.
Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…
Lisboa ainda não me ofereceu uma passadeira vermelha até ao atelier, portanto vou de carro. Com podcast, silêncio ou ópera dramática, dependendo do dia.
Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?
Respirar fundo, abrir o computador e fingir que tenho tudo sob controlo.
A que horas começa a trabalhar?
Quando chego. Pode ser às 10h, pode ser às 11h. O meu atelier não tem relógio de ponto – só senso estético.
Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?
Criar, desenhar, decidir tudo o que ninguém quer decidir. Inspirar, orientar, resolver dramas com charme e lidar com orçamentos como quem dança tango: com cuidado.

Como gere o seu tempo?
Com alguma sorte, listas infinitas e um certo talento para o caos funcional.
Como lida com a pressão e o stress?
Já esgotei a dose de stress que me cabia nesta vida. Não tenho.
Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?
Favorita, criar algo do zero, como uma alquimista do bom gosto. Menos agradável, papelada e burocracia – que são como ervilhas no prato, inevitáveis, mas dispensáveis.
Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?
Sim, uma equipa afinada, resistente e bem-humorada. Comunicamos com palavras, olhares, emojis e cafés.
Costuma fazer pausas no trabalho? Para?
Para pensar, respirar, ou simplesmente olhar para o vazio com ar de génio criativo.
Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?
Se não tenho almoço marcado, como na secretária, com culpa, mas com elegância. E sim, sei que não devia.

Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?
Críticas, filtro com bom senso. Elogios, aceito com um sorriso e um ligeiro “não é nada”.
O que diria sobre a ideia que as pessoas têm de si profissionalmente?
Provavelmente acham que sou exigente, criativa e misteriosamente calma. Só não sabem que sou calma porque já não me stresso.
Ao longo do dia dá importância às redes sociais?
Dou. Não sou viciada, mas gosto de ver o que o mundo anda a fazer… e mostrar o que eu ando a criar.
Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?
Filmes (até em DVD), livros, exposições, viagens, jantares com amigos e o eterno prazer de desenhar. Criar para mim é um hobby com salário emocional.
A que horas costuma terminar a atividade profissional?
Quando termina. Às vezes às 18h, às vezes às 22h ou até às 2h. A criatividade não tem horas.
“Leva” trabalho para casa?
Não oficialmente. Mas às vezes levo ideias, desenhos mentais ou dúvidas estéticas na carteira.
Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?
Se me apetece desabafar, sim. Caso contrário, falo com o teto e está tudo bem.

Costuma viajar com frequência nas suas atividades?
Sim, viajar inspira-me e é onde muitas ideias nascem.
Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?
Nem sempre. Os fins de semana podem ser de puro lazer… ou de criação intensa. Depende do mood e dos prazos.
Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?
Pode ser às 20h… ou nem existir. Pode ser presunto ou sopa com vinho branco ou um jantar improvisado com amigos.
O que faz antes de dormir?
Vejo filmes, leio, faço meditação e alongamentos lombares (quando me lembro – o fisioterapeuta quer, o PT não quer… e eu digo que sim a ambos).
A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?
Deito-me tarde e durmo o suficiente para não me arrepender no dia seguinte. Entre 7 e 8 horas, com sorte.
Como mantém o equilíbrio entre vida pessoal e profissional?
Deixando que a vida pessoal invada a profissional quando inspira, e vice-versa quando é preciso fugir um bocadinho do Excel.
Vê-se a ter outra profissão?
Sim, talvez realizadora de cinema antigo, livreira excêntrica ou investigadora de silêncio.
O que mais gostaria que mudasse no futuro?
Que houvesse menos pressa no mundo. Mais tempo para criar, mais espaço para errar, e mais beleza nas coisas simples.
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