Treestory: uma história georgiana contada à mesa
Em Lisboa, há um restaurante que traz na bagagem o melhor que a gastronomia da Geórgia tem para oferecer.

Situado no coração da cidade, a alguns passos da Praça do Marquês de Pombal, encontramos um recanto que nos faz viajar sem sair da mesa. Fomos conhecer o Treestory.
Com mestria da chef Sofia Iosepifidu, este é um restaurante que chegou com o mote de trazer o conforto da gastronomia georgiana a Portugal. Assinala este mês o seu 7º aniversário, recebendo quem por lá passa com a hospitalidade que caracteriza a cultura da Geórgia, como explicam à Must.

Somos acolhidos na esplanada, fresca e arejada, num refúgio que nos protegeu do calor de um tórrido dia de verão. Para refrescar, são-nos recomendadas limonadas típicas, com aromas únicos e de aspeto caricato. Ambas com um toque gaseificado muito subtil, bastante adocicadas, afastando-se da característica acidez da limonada comum. A bebida de feijoa apresenta uma cor amarela clara e tem gosto muito agradável. Já a limonada de estragão chama à atenção pela cor, que lembra o Fuego Valyrio, a bebida mística d’ A Guerra dos Tronos, essa que simulava o fogo dos dragões e que continha a capacidade de derrubar civilizações inteiras. A verdade é que esta limonada não tem esse tipo de habilidades, mas foi uma opção certeira para acompanhar o repasto. Também na onda das bebidas com gás, apresentam-nos a borjomi, uma água salgada e típica, semelhante à água das pedras e ideal para ser servida fresca.

Explicam-nos que, na Geórgia, se tem por costume servir tudo ao mesmo tempo. O resultado típico é uma extensão de pratos a encher a mesa. Albergados na hospitalidade característica, provamos aquela que pode ser considerada a estrela do restaurante: o adjaruli khachapuri, um pão recheado com queijo derretido, ovo a cavalo e manteiga. O formato lembra um barco com um sol ao centro, devido ao formato do pão com uma gema de ovo por cima. Tem origem em Adjara, região banhada pelo Mar Negro.

Este prato come-se à mão, molhando o pão no recheio, fazendo as delícias de quem por lá passa. É desenhado para partilhar, evocando união à mesa. Provámos a versão especial, com trufa, lançado a propósito do khachapuri festival, que se realizou em julho. Totalmente dedicado a essa iguaria, foram apresentadas outras variantes nesse evento. Confessam-nos ainda que esta versão com trufa se tornou num favorito de quem os visita, e que passará a constar no menu fixo do restaurante.
O khachapuri também é servido na versão de megruli, em formato redondo, que se assemelha à forma de uma pizza.
Segue-se então o sortido de entradas da chef Sofia, composto por pkhali, uma pasta verde de nozes e alho, e por badrijani, uma pasta de nozes envolvida por beringela. Explicam-nos que a presença da beterraba tem um contexto cultural, não é ao acaso. Este vegetal é bastante típico devido ao clima do país, marcado pelo frio, condicionando a plantação de frutas e vegetais.

Estas entradas vinham ainda acompanhadas por uma quantidade generosa de beringela, cebola roxa, alface e um pão de milho com especiarias, com um travo intenso a pimenta preta, que foge um pouco à tradição, mas resultou como um toque moderno da chef.

Compõe a mesa o iakhne (megruli kharcho) e o vitelão premium (mtsvadi). Começando pelo vitelão grelhado, marinado durante 24 horas para garantir a maciez da carne, é acompanhado por molho satsebeli, pão de wrap e uma salada de legumes da época, regado com alguns bagos de romã.
Já o iakhne é um ensopado de novilho com tomate, nozes e mistura de especiarias georgianas, servido com gomi, uma espécie de creme de milho cozido com queijo. A carne muito tenra e resultou numa combinação ideal com o gomi cremoso.

A carta das bebidas apresenta uma variedade que passa dos vinhos portugueses até aos georgianos. O Seroba Mukuzani, fortemente recomendado, é um tinto seco com origem de Mukuzani, produzido a partir de uva Saperavi. Foi-nos dada uma pequena introdução a este vinho, que se distingue do tinto português. Sugeriram-nos que esperássemos aproximadamente três minutos para dar espaço à bebida para "abrir". Num ato de pura curiosidade, provámos assim que servido e logo após o tempo recomendado, de maneira a notar a diferença. Bem harmonizado junto ao vitelão grelhado, este tinto de tom rubi intenso tem um aroma a frutas vermelhas, que traz alguma acidez. Diz a história que a Geórgia foi a primeira produtora de vinho do mundo, carregando o peso e responsabilidade de pioneira na vinificação.
Após uma refeição rica em comida saborosa e distinta, ainda há espaço para enveredar pela doçaria tradicional. Provámos o napoleon e o medovik. O napoleon é um bolo de natas, semelhante ao nosso mil-folhas, com um creme de manteiga, natas, ovos e baunilha.

Já o medovik, o delicioso bolo com biscoito de mel, leite condensando e natas tornou-se num favorito. Atrevemo-nos a dizer que este foi um dos melhores bolos que alguma vez provámos. Doce na medida certa, encerrou o jantar com chave de ouro.

Aberto diariamente, o Treestory serve almoços das 13h às 17h e jantares das 18h30 (segundas, terças e quartas a partir das 19h) até às 23h. Fica na Rua Luciano Cordeiro 46A, 1150-2, em Lisboa. Também faz entregas ao domicílio e tem um serviço de catering.
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