Em Alcântara, junto ao rio, há um restaurante que arrecada uma das melhores vistas de Lisboa. Mas é da cozinha que saem as melhores iguarias, capazes de voltarmos e repetir o pedido, sem provar novas coisas.
11 de julho de 2024 | Rita Silva Avelar
"Eu venho da cidade das ostras, se há sítio onde há ostras, é lá", diz com timidez e a sorrir o chef Lucas Aaron, vindo de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina no sul do Brasil, para Lisboa, para explorar a cozinha de Portugal. Perguntamos pelas ostras que não estão no menu, mas que vimos no Instagram do Catch Me. Aaron, que está na equipa há 2 anos e que antes trabalhou ao lado de Helena Rizzo, (eleita melhor chef do mundo pela Restaurant em 2014), explica que as há, da Ria Formosa, ao natural e numa versão com um molho especial feito por ele. Chegam à mesa em "packs" de três, e são tão frescas como seria de esperar num País à beira-mar. Lucas concorda que nem gostava assim tanto de ostras até provar as nossas. Rendeu-se, e agora não se tiram do menu do Catch Me. Estamos na esplanada do restaurante, que tem das melhores vistas da cidade sobre o Tejo, e que numa quinta-feira à noite fervilha de vida e de festa, do rooftop ao interior, tudo zonas que se interligam com fluidez e onde as pessoas parecem estar verdadeiramente divertidas.
O interior remete para viagens e aeroportos.
Foto: DR
As ostras são da Ria Formosa, e Lucas faz-lhes um molho especial.
Foto: DR"O ambiente e a decoração são inspirados nos lounges de aeroporto dos anos 70 tal como o horário que permite acolher os 'passageiros' a qualquer hora do dia" lemos na descrição do restaurante, que também divide a ementa como se fosse uma viagem de avião, "descolagem" (entradas), "longo curso" (principais), "aterragem" (sobremesas). A cozinha está aberta até à meia-noite (uma raridade), todos os dias da semana, seja para uma refeição completa, um cocktail ao pôr-do-sol, um late snack ou dançar com amigos nas noites quentes.
O restaurante tem uma vista deslumbrante.
Foto: DR
A paixão do chef pela gastronomia portuguesa e a sua paixão por viagens, pelos ingredientes locais, pela natureza e pelo mar, refletem-se na cozinha que faz. Por exemplo, foi buscar os cogumelos biológicos NÃM Urban Farm para um prato absolutamente surpreendente: cogumelo ostra, cogumelos grelhados com creme aveludado de espinafres, mozzarella flor di late e furikake (€18). Uma combinação tão saborosa, bem temperada, e com o sabor do cogumelo bem presente, que é prato principal (é lá que ele está, no menu). "Quando descobri este projeto, sabia que queria fazer um prato em torno deste ingrediente, tinha de ser".
Cogumelo ostra, cogumelos grelhados com creme aveludado de espinafres, mozzarella flor di late e furikake.
Foto: DR
A ceviche é feita com corvina.
Foto: DRSe a lógica for partilhar, a estes dois pedidos junte o ceviche com corvina, "leche de tigre", cebola roxa, pimentos, coentros, batata-doce e milho frito (€15,50), que, espante-se de tão incomum que é nos dias de hoje, sabe precisamente a ceviche, sem disfarces. Afinal, falamos da corvina, um dos peixes mais saborosos a que temos acesso, e o chef concorda. Para acompanhar a refeição, foi-nos aconselhado - de uma carta de vinhos com mais de 20 escolhas, dos tintos aos espumantes, verdes ou rosés - o Atlantis Verdelho Branco (€37,50), dos Açores, uma boa solução mineral para acompanhar todos os pratos.
O chef é natural de Florianópolis.
Foto: DRSobretudo este último prato, o risotto al Gamberini com camarão grelhado, espinafres e molho cítrico (€20), que desde o início da refeição teima em sobressair como aroma principal das outras mesas. É, de longe, um dos mais cremosos e apurados risottos, e quem já tentou em casa sabe do que falamos. Não houve estômago para sobremesas, mas ficou a piscar-nos o olho a Apple Crumble (compota de maçã, crumble de canela e biscoito Lótus, coulis de frutos vermelhos e gelado de baunilha, €7) e a "Cheese If You Can" com farofa doce, mascarpone, curd de maracujá e cubos de manga (€6). Por fim, e embora não tenhamos provado nenhum, os cocktails são tantos quanto os vinhos, e dividem-se entre os clássico e os do Catch Me. Na segunda, há invenções tão criativas como "Having a Green Affair", que junta mezcal, pisco, xarope de gengibre, shrub de maçã de aipo, lima, sumo de maçã (€12) ou "Getting Hot" com tequila Don Julio Reposado, lima, Ginjinha Mariquinhas e xarope de malagueta (€14).
Há uma aposta forte nos cocktails.
Foto: DROnde? Jardim 9 de Abril, Lisboa. Quando? Todos os dias do 12h30 à 1h, excepto de sexta-feira a domingo, que encerra às 2h. Reservas 21 396 3668.
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