Prazeres / Sabores

No jardim do Sr. Lisboa, os vegetais são os protagonistas

Não é um restaurante vegetariano ou vegano, mas tem a sua grande aposta nos alimentos que muitas vezes ficam esquecidos na ponta do prato, trazendo-os para o centro da narrativa: os legumes.

Foto: O jardim do Sr. Lisboa
13 de outubro de 2022 | Ana Filipa Damião
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Uma esplanada espaçosa mas acolhedora convida-nos a entrar no Jardim do Sr. Lisboa, o novo restaurante na rua de São Bento, em frente à Assembleia da República. Ao contrário do que acontece na Cozinha - o primeiro restaurante de Pedro de Sousa, proprietário, na rua de São José - os protagonistas aqui são os vegetais, apresentados de formas inesperadas. Embora este não se trate de um restaurante vegetariano ou vegan, foi pensado para ser uma ode à Natureza e a todos os elementos que a compõem, destacando os vegetais. 

A ideia já pairava no ar, mas foi numa viagem à Dinamarca que Pedro de Sousa, chef executivo, e Francisco Breyner, a mente por trás de tudo, aproveitaram o conhecimento de Riccardo Canella, que trabalhou ao lado de René Redzepi, chef do Noma, considerado o melhor restaurante do mundo no ranking The World’s 50 Best. Em menos de um ano, o Jardim abria as suas portas aos olhares curiosos e a quem procurasse uma experiência gastronómica longe da azáfama da cidade. Tudo foi pensado ao pormenor, da loiça, criada por marcas como Studioneves ou pela artesã Inês Prats, à decoração interior, com destaque para a grande árvore no centro da sala. Da decoração ao menu, tudo evoca o verde.

Foto: O jardim do Sr. Lisboa

"Não somos de por rótulos ou de seguir as massas, e hoje em dia o que sentimos é que somos todos orgânicos, que trabalhamos com fornecedores locais", começa por dizer Pedro de Sousa. "Nós aqui abominamos um bocadinho essas terminologias. Não queremos ser só mais um restaurante a dizer que trabalhamos com produtores pequenos e produtos sazonais, porque isso não nos representa, não faz parte da nossa essência, mesmo que acabemos por - de uma forma mais idônea - fazê-lo, mas também de uma forma muito consciente", maximizando, ao mesmo tempo, o potencial dos legumes. A carta foi pensada consoante a sazonalidade dos produtos, provenientes maioritariamente de produtores locais e orgânicos e, por isso, está destinada a sofrer alterações ao longo das estações.

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Foto: O jardim do Sr. Lisboa

De todas as iguarias com que nos deliciámos durante um belo almoço, com vista para o papel de parede floral do restaurante, destacamos quatro, começando com um prato pensado na partilha, o "Confronto do mar ao jardim" (€6,5), flatbread de kombu, mexilhões, tomate de coração de boi semi-desidratado e flores do Jardim. Além do nome cativante, este é um prato cheio de simbolismo, pois é servido numa loiça de vidro transparente recheado de areia, beatas e outras coisas que não pertencem no areal. "Espera-se que em 2020 haja mais lixo no mar do que peixe, e embora a ideia não é deixar de ter peixe ou carne nos nossos menus, queremos consciencializar as pessoas", afirma o chef executivo, acrescentando que é urgente haver uma mudança de mentalidade de forma de estar, começando por não deixar lixo nas praias. 

Foto: O jardim do Sr. Lisboa

Como pratos principais, é imperativo mencionar o "Esta flor não se cheia, frita-se" (€9), composto por couve-flor frita com chili lactofermentado. Definitivamente um dos preferidos do almoço, perfeito para quem aprecia asas de frango fritas, mas dispensa o frango. E ainda o "Do café lá de casa" (€9), cogumelos ostra feitos no carvão com borras de café, uma textura "quase carne" que faz lembrar os churrascos de verão. 

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Foto: O jardim do Sr. Lisboa
Foto: O jardim do Sr. Lisboa

As sobremesas não ficam esquecidas na carta (nem no bar, com cocktails, cervejas artesanais, sumos e kombuchas caseiras). Para os mais doceiros, haverá sempre o famoso pastel de nata da Cozinha do Sr. Lisboa, sob a forma de creme de pastel de nata, molho de canela e gelado de café (€8). Mas para quem não tem medo de arriscar, e não é fã de finais extremamente doces, sugerimos o "Cuidado que o figo pica" (€6,5), uma pavlova de maçã verde e catos. Sim, uma suculenta do deserto numa sobremesa. Quem diria.

Foto: O jardim do Sr. Lisboa

Quanto à harmonização, Diogo Frade é o sommelier responsável pela carta dos vinhos, composta por 70% de vinhos naturais, portugueses e internacionais.

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Onde? Rua de São Bento 202A, 1200-821 Lisboa. Quando? De segunda a sexta-feira, das 12h à 24h. Aos fins de semana,  abre as portas mais cedo para servir um menu de brunch entre as 10h e as 16h, e encerra às 24h. 

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