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Joachim Koerper. Histórias de uma carreira de 50 anos na cozinha

Da Alemanha natal à amada Lisboa, o chef continua a provar como se pode atravessar décadas na Gastronomia, sempre de olhos postos no futuro. Não é missão para todos. Para assinalar a data, o "seu" Eleven tem um menu imperdível para provar até ao fim do ano.

Foto: DR
04 de junho de 2021 | Rita Silva Avelar
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Chegar aos 50 anos de carreira não é feito para todos, sobretudo mantendo o rigor, a mestria e a sapiência na respetiva arte. É o caso de Joachim Koerper, chef de referência, que atravessou países, influências, décadas e restaurantes até se estabelecer no Eleven, em Lisboa (que mantém uma estrela Michelin). À mesa, sentimos a tranquilidade e a maturidade do chef, sobretudo ao ouvi-lo contar as histórias das suas aventuras gastronómicas que contaram com paragens na Alemanha, na Suiça ou em Espanha.

2021-06-04_12_49_32 Salmonete de Moraira com ervilhas e açafrão_4.jpg
2021-06-04_12_49_56 Lagostim com joelho de porco (eisbein), abacate e gengibre_1.jpg

Para assinalar esta data, Koerper idealizou um menu que estará disponível até ao fim de 2021. Nele, contam-se e escondem-se os diferentes capítulos da sua vida, os pratos que o marcaram e que o celebram, a homenagem à suas raízes e, claro, à sua amada Lisboa. "A minha aventura na gastronomia começou há 50 anos, na minha Alemanha natal [O chef nasceu na pequena cidade de Saarbrücken, em 1952]. Nas cinco décadas seguintes vivi e cozinhei em vários países, onde me fui formando como cozinheiro e como pessoa. Este menu é uma viagem por esse percurso de vida, com pratos que fui criando nos locais que mais me marcaram. Espero que através deles possam descobrir a minha essência." 

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A experiência gastronómica começa precisamente com uma homenagem ao nosso País: viajamos pelos sabores da nossa sardinha, com um patê fumado delicioso, suave, que se desfaz na boca. Depois, regressamos à Alemanha dos anos 70 com o lagostim com joelho de porco (eisbein), abacate e gengibre. "O joelho de porco foi o primeiro prato que cozinhei", recorda o chef, que vai fazendo recuos às memórias gastronómicas da sua vida à medida que estas chegam à mesa. Também evoca de forma nostálgica o prato "barra de ouro", um foie gras com ameixa de Elvas que se cruza diferentes influências que bebeu de 1974 a 1988.

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Quando lhe perguntamos quais os pratos mais presentes na sua carta ao longo dos anos, responde "salmonete". Não é por isso surpreendente que o prato seguinte tenha infuência de Espanha (1989 a 2004) e seja um delicioso salmonete de "Moraira" com ervilhas e açafrão, que lembra o restaurante O Girassol, com duas estrelas Michelin, que teve nessa localidade espanhola, situada numa zona costeira. Como não poderia deixar de ser, recorda o período em que passou pela Quinta das Lágrimas, no início do milénio, com o leitão da Bairrada lacado com fried rice. O leitão comeu-o na Bairrada à moda tradicional, o fried rice numa viagem a Singapura, num restaurante de rua que nunca mais esqueceu.

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2021-06-04_12_50_07 A minha versão do pastel de nata com sua bica_4.JPG
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Na sobremesa, regressamos à Lisboa dos nossos dias, com a "minha versão do pastel de nata com a sua bica". O pairing de vinhos é imperdível porque é feito com vinhos do próprio chef. É o caso do espumante da Bairrada e dos brancos e tintos que produz na Herdade da Malhadinha, até aos que faz na Alemanha, com as vinhas da família.

O menu custa €99 por pessoa (paring de vinhos à parte, por €49).

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