Leilão de autorretrato de Frida Kahlo em vias de bater recorde
De acordo com as estimativas da Sotheby's, a leiloira responsável pela venda da obra, "El Sueño" poderá atingir um valor entre 34 a 52 milhões de euros.
Os autorretratos são das obras mais famosas de Frida Kahlo. Com boa razão. A pintora, nascida na Cidade do México, em 1907, é considerada uma das maiores artistas plásticas do século XX, e autorretratou-se mais de 50 vezes. Hoje, dia 20 de novembro, uma dessas obras terá oportunidade de fazer história: vai a leilão e acredita-se poderá ser vendida por qualquer coisa entre 40 e 60 milhões de dólares (entre 34 e 52 milhões de euros). Um valor que poderá mesmo marcar um novo recorde para a obra mais cara de uma artista feminina a ser vendida em leilão. Até ao momento, o recorde é detido pela pintora Georgia O’Keeffe, considerada a mãe do modernismo norte-americano, com o quadro Jimson Weed/White Flower No. 1, pintado em 1932 e comprado em 2014 por 44,4 milhões de dólares (mais de 38 milhões de euros).
Em questão está o retrato El Sueño (La Cama), pintado em 1940 – um ano de intenso trauma pessoal para a artista. Frida, sofria de dores crónicas. Em 1913, foi-lhe diagnosticada uma poliomielite, que lhe deixou várias sequelas. Mais tarde, em 1925, teve um acidente de viação no qual sofreu graves ferimentos: ficou com lesões nas costas, na coluna vertebral, na anca e nas pernas, que exigiram inúmeras cirurgias ao longo da vida. Mas 1940 trouxe ainda mais dificuldades: um divórcio, um novo casamento e o assassinato de um amigo próximo. Uma montanha-russa emocional que lhe causou bastante sofrimento, levando a problemas com álcool que lhe afetaram os rins e a uma contínua deterioração da sua saúde que chegou a obrigar à sua hospitalização. É nesse contexto que Frida se pinta neste quadro: entre a vida e a morte. Deitada na sua cama, que retratou estar a flutuar num céu azul, tapada com um cobertor amarelo e entrelaçada por folhas de vinha; em cima da cama jaz um esqueleto envolvido por fios de dinamite e a segurar um ramo de flores secas, como quem aguarda pacientemente.
Num género muito específico de Surrealismo – um que Frida Kahlo definiu (apesar notoriamente recursar esse rótulo), fundindo a realidade física, o simbolismo pessoal e a tradição mexicana –, este quadro retrata a morte como uma companhia, como algo natural da vida, e não como uma tragédia. De resto, no México, país que criou e a celebração do Día de Muertos, a morte é comemorada, ritualizada e familiarizada.
Esta semana, 85 anos depois de ter sido pintada, El Sueño será a estrela do leilão Exquisite Corpus, da Sotheby’s, em Nova Iorque – um evento dedicado ao Surrealismo, onde, para além deste autorretrato, serão vendidas pinturas de Salvador Dalí, René Magritte, Max Ernst e Dorothea Tanning. Já em 2021, outra obra de Frida Kahlo, Diego y yo, de 1949, estabeleceu o recorde do valor mais alto pago em leilão por uma obra de arte latino-americana: 34,9 milhões de dólares (cerca de 30 milhões de euros). Ou seja, as expectativas da leiloeira para El Sueño têm fundamento.
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