Negócios do Luxo

Teresa Oliveira retorna à Casa da Calçada como diretora de alojamento

O fecho para obras do palácio amarantino levou Teresa Oliveira a mudar-se para o Alentejo. Por lá, trabalhou na Herdade da Malhadinha Nova, outro membro emblemático da família Relais & Châteaux, uma das mais emblemáticas associações de hotéis do mundo. A reabertura possibilitou o retorno.

Aos 28 anos, Teresa não se imagina a ter outra profissão
Aos 28 anos, Teresa não se imagina a ter outra profissão Foto: DR
05 de setembro de 2025 | Patrícia Santos

O encerramento da Casa da Calçada, em 2023, para uma reabilitação profunda, obrigou a algumas despedidas indesejadas. Quase três anos depois, porém, a reabertura daquele que se destaca entre os mais deslumbrantes e icónicos hotéis de luxo do país tem permitido celebrar uma série de regressos inesperados. Teresa Oliveira, atual diretora de alojamento da propriedade, é a personagem principal de um deles.

“Assumi funções em junho, mas, no passado, já tinha trabalhado aqui. Primeiro, atuei como coordenadora de grupos e eventos. Posteriormente, passei para a área comercial. Foram 6 anos enriquecedores, durante os quais fui feliz e aproveitei para aprender o máximo que podia. O fecho para obras, mesmo que temporário, acabou por precipitar a minha saída. Mudei-me então para o Alentejo, onde trabalhei na Herdade da Malhadinha Nova. Estive lá cerca de um ano, até que surgiu a hipótese de retornar”, começa por dizer a gaiense.

“Não foi uma coisa planeada. Ao deixar o projeto, não imaginava voltar. E a verdade é que me sentia realizada na Malhadinha. Agora, por muito que viver no Alentejo, rodeada por paisagens espetaculares e afastada do caos urbano, proporcione outra qualidade de vida, tinha muitas saudades da família e dos amigos. Estava com o meu namorado, mas era algo de que ambos sentíamos falta. Assim, quando as circunstâncias acabaram por viabilizar o regresso, fez-me sentido, até porque gosto imenso de tudo o que envolve a Casa da Calçada. Agrada-me que seja um negócio familiar, a história, o segmento em que se insere e o facto de ser membro da Relais & Châteaux, uma [prestigiada] associação [de hotéis e restaurantes] que privilegia valores com os quais me identifico, como a hospitalidade de excelência, as raízes locais, a comunidade, a gastronomia, os vinhos, o ambiente e a sustentabilidade. Além disso, é o espaço que me deu a primeira grande oportunidade laboral, bem como a possibilidade de crescimento interno”, acrescenta.

Na chegada a Amarante, deparou-se com interiores completamente renovados, cinco quartos novos, um wellness center construído do zero — composto por piscina interior aquecida, fonte de gelo, sauna, ginásio, salas de tratamento e banho turco — e Francisco Quintas à frente do Largo do Paço, um local de referência sempre que a cozinha de autor é tema. Por estes dias, o chef de Miranda do Corvo apresenta dois menus de degustação, com 13 (€140) e 15 momentos (€160), protagonizados por ingredientes como os brócolos, a sapateira, a gamba violeta, o tomate, a enguia fumada, o pregado, o pombo e o morango. Com harmonização vínica, a experiência pode ascender, respetivamente, aos 215 e aos 260 euros. 

“Para lá do que é óbvio ao olhar, a remodelação permitiu ainda aprimorar o serviço, que está consideravelmente superior. É nesse sentido que temos vindo a trabalhar com todas as equipas, cheias de sangue fresco e caras conhecidas com vontade de fazer mais e melhor”, clarifica a diretora de alojamento, que se licenciou em Gestão de Atividades Turísticas no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. Inalterado, permanece o charme e carisma do palácio — um edifício histórico, de traça barroca, erguido junto ao Tâmega no século XVI.

Prestar atenção a tudo o que diz respeito à estadia de quem os visita é a sua principal tarefa. “Acompanho os check-ins, os check-outs e as equipas como um todo para garantir que os serviços estão de acordo com os nossos padrões. Também olho para os números, analiso os feedbacks que vamos recebendo dos clientes e estudo os relatórios diários”, enumera. Apesar da elevada responsabilidade, a profissional não se abala pelo stress típico do setor. “Admito que há dias e ocasiões que podem ser particularmente desafiantes, contudo, quando estamos cercados por colegas que nos apoiam em todos os momentos e conseguimos delegar e trabalhar em conjunto, lidar com a pressão fica mais fácil. Para que haja sintonia, tento que a comunicação seja clara, objetiva e honesta. Não só gosto de ouvir a opinião e conhecer os pontos de vista de toda a gente, como de explicar o motivo para as coisas serem feitas de uma determinada maneira. Implementar procedimentos sem esclarecer os objetivos e motivações dos mesmos não é a estratégia adequada”.

Aos 28 anos, Teresa, que anseia voltar às aulas de ioga e aproveita o tempo livre para ler, ver uma série da Netflix, passear e estar com os seus, não se imagina a ter outra profissão. “Considero que cheguei ao lugar que sempre quis. Ou seja, a uma casa pela qual tenho um carinho especial, composta por pessoas com as quais gosto muito de colaborar e a fazer algo que adoro”, conclui.

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