Chopard Alpine Eagle, o relógio que precisou de três gerações para ser feito
Não se trata de uma regra, mas parece quase uma tradição que cada novo membro da família Scheufele tenha de desenhar um relógio quando entra para a Chopard. Chegou a vez de Karl Fritz, com quem conversámos na Boutique Torres, em Lisboa.
Quando Caroline Scheufele entrou para a Chopard, em meados dos anos 1980, uma das suas primeiras contribuições foi desenhar um modelo inspirado na linha Happy Diamonds, mas com uma nota mais jovem e desportiva. Foi assim que surgiu o Happy Sport. Antes, já o irmão, Karl-Friedrich, tinha feito o mesmo e desenhado o St. Moritz, o primeiro relógio desportivo da marca. Agora chegou a vez do seu filho, Karl Fritz, e esta é a história de como surgiu a Alpine Eagle, a linha em maior crescimento dentro da marca suíça.
Fundada em 1860 por Louis-Ulysse Chopard, a marca foi gerida pela sua família até que, em 1963, Paul-André Chopard, sem filhos interessados em dar continuidade ao negócio, vendeu a companhia a Karl Scheufele III, um relojeiro alemão. Já neste milénio, a companhia passou a ser gerida pelos seus dois filhos, Caroline e Karl-Friedrich, como copresidentes.
Karl Fritz ainda se recorda de ver alguns dos modelos do St. Moritz no escritório do pai, em criança. Depois da escola ia muitas vezes para a Chopard, em vez de seguir para casa e esse modelo, em específico, marcou-o para sempre. Foi por isso que lhe quis dar uma nova vida, mas quando abordou a ideia com o pai, não obteve a reação desejada: ‘não é o momento’ respondeu-lhe, pondo um ponto final no tema.
Karl Fritz não estava pronto a aceitar o não paterno, pelo que apelou a uma instância superior, ou seja, o avô, descobrindo, com surpresa que também o decano da família concordava em dar uma nova vida ao relógio. Começaram então a redesenhar o modelo, em segredo. "Na minha ingenuidade, achava que só precisava de o tornar um pouco maior e estava pronto. Foi o meu avô quem me explicou que não era bem assim que funcionava, e que cada pormenor de design teria de ser repensado e restruturado, sob pena de não ficar coerente". Mais tarde recorreram ainda à ajuda da tia, Caroline, antes de apresentarem o modelo ao pai.
"Creio que a dada altura começou a desconfiar", recorda-se Karl-Fritz "mas não sabia exatamente do que se tratava até lhe apresentarmos os desenhos… e a partir desse momento estava convencido".
Desde o lançamento, em 2019/2020, que a Alpine Eagle revelou ser uma excelente plataforma para desenvolver modelos, com complicações, novos movimentos, cronógrafos, pequenos segundos, em aço ou metais preciosos. Logo no primeiro ano apresentaram um modelo totalmente engastado a diamantes, e como as possibilidades são imensas, a linha tem crescido a um ritmo superior à das outras coleções. Por isso aproveitámos a primeira visita de Karl-Fritz a Lisboa para falar com ele e ficar a conhecer um pouco melhor a história deste modelo.
Este relógio foi mesmo um projeto familiar?
Sim, para mim este projeto representa exatamente isso. O que um negócio de família pode ser, e o quão estimulante pode ser. De início, tínhamos dois pontos de vista, o meu e do meu avô, depois juntou-se a minha tia e mais tarde o meu pai e de repente éramos quatro pessoas a opinar.
O que mudou do St. Moritz para o Alpine Eagle?
Mantivemos os parafusos, até porque não são só uma questão estética, são funcionais e fecham a caixa. São também a imagem de marca mais evidente. Mantivemos as proteções laterais, mas deixámos cair as verticais, porque assumimos que assim teria um design mais limpo, mais moderno.
Foi uma ideia sua?
Pelo contrário - por mim, mantinha todas. Para compensar a perda até comprei um St. Moritz original, que uso às vezes. Mantivemos a bracelete, com os dois tipos acabamento, porque dá muita personalidade ao relógio e subimos inclusivamente o tamanho do elo central, para enfatizar esse aspeto.
Porque decidiram alterar o nome?
Para ser sincero, o nome estava registado e já não o podíamos utilizar. É uma razão muito simples, mas na realidade também andávamos com sérias dúvidas sobre isso, porque nos parecia que St. Moritz já não tinha o mesmo apelo de antigamente, temíamos que fosse demasiado restritivo. Uma noite, ao jantar, o meu pai tirou uma folha cheia de nomes e estivemos a discuti-los com a minha mãe e duas irmãs. Ficámos com três ou quatro nomes, creio, e no dia seguinte fizemos o mesmo com o meu avô e a minha tia e foi assim que decidimos por Alpine Eagle. Lembro-me que um dos últimos nomes era Alpine Challenge, mas achámos que tinha uma conotação demasiado desportiva, e não era essa a ideia.
Além disso, para nós enquanto família, faz todo o sentido, porque estamos muito ligados às montanhas e à natureza. Temos o hábito de fazer caminhadas pelas montanhas e tornou-se um passatempo tentar descobrir as águias no céu – o que é cada vez mais raro.
Em criança saía da escola e ia para a Chopard. Sempre soube o que queria fazer?
Não, e nunca houve qualquer pressão para entrar na Chopard. Acho que isso também ajudou. É verdade que nas férias de verão vinha trabalhar para a empresa, por vezes com os relojoeiros, outras com os joalheiros, para perceber bem o que fazíamos, e isso ligou-me muito à marca. Mas tirei um curso de Hospitality, na escola de hotelaria de Lausana, e até comecei a minha vida profissional no setor dos vinhos.
As melhores escolas de Hospitalidade, na Suíça dizem que a relojoaria absorbe uma boa fatia, se calhar a maior, dos seus graduados.
É verdade, e foi o que aconteceu comigo. Comecei por colaborar neste e naquele projeto para a Chopard e fui-me envolvendo cada vez mais, até que chegamos a um ponto que fazia sentido oficializar a relação, porque já trabalhava a tempo inteiro para a Chopard.
Oficialmente, qual é o seu cargo?
É Business Development and Inovation, porque estamos a tentar criar novas experiências para os consumidores, tanto nas lojas físicas como online. Na indústria do luxo, acho fundamental, mesmo no digital, oferecermos uma experiência o mais humana possível, ao contrário do que tem vindo a acontecer.
A Alpine Eagle foi a primeira coleção a apresentar o Lucent Steel, o aço reciclado.
Creio que tivemos outros modelos, antes, feitos com este aço, mas de uma forma generalizada, sim, foi a primeira coleção. Acho que antes de ser apresentado em conjunto com os Alpine Eagle o aço nem se chamava assim.
Era importante ter este fator mais ambiental com a nova coleção?
Era muito importante. Era fundamental que o novo modelo não fosse apenas uma recriação, mas que tivesse uma inovação técnica. Às vezes as pessoas perguntam-me porquê 80% reciclado e não 100%, mas é tecnicamente muito difícil fazer este aço. Por causa desse processo de fabrico o Lucent Steel é 50% mais resistente ao choque e aos riscos, do que o normal. Ok, não é 100%, mas faz uma diferença enorme e é um aço mais puro e mais sustentável. Todos ganham.
Entretanto criaram também a Fundação da Águia Alpina.
Sim, exatamente, porque nas nossas caminhadas era cada vez mais raro conseguir avistar as águias, e quando falámos com especialistas confirmaram-nos que estavam a desparecer.
Como funciona o processo? Parte das receitas dos relógios servem para financiar a Fundação?
Tivemos um modelo, precisamente o Alpine Eagle Foundation, em que as receitas serviram para financiar a Fundação diretamente, mas no geral somos nós, enquanto marca ou família, quem financia as operações.
A que se dedica a Fundação mais exatamente?
A missão principal é criar e reintroduzir as águias nas montanhas à volta de Genebra, assim como aumentar a sensibilização das pessoas para o problema e para as alterações climáticas, que estão a alterar o habitat natural das águias.
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As marcas de relógios de que nunca ouviu falar… mas devia
Toda a gente conhece a Rolex, Omega ou Cartier, mas para lá dos grandes nomes da relojoaria mundial há um mundo de pequenas marcas independentes a receber cada vez mais atenção por parte de colecionadores e entusiastas. Muitas, até, com preços mais acessíveis.
A NASA dava aos seus astronautas um relógio Omega Speedmaster Pro, que exigia de volta no final das missões. Felizmente, alguns levavam também os seus Rolex GMT-Master. E é por isso que, agora, vai ser possível adquirir o relógio que Edgar Mitchell levou à lua a 5 de fevereiro de 1971.
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Mais do que indispensáveis para saber o tempo, no universo da Sétima Arte os relógios de pulso são fiéis aliados em missões secretas, em qualquer viagem no tempo ou simplesmente para combater o mal.
Um bom relógio não só finaliza o look como acrescenta um extra de estilo, status e confiança. Porém, pode ser impossível para a carteira de muitos, principalmente quando falamos de marcas de luxo. Com ouro, diamantes ou platina, descubra os relógios raros dos famosos.