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Acreditar que se é mais novo pode rejuvenescer-nos, segundo a ciência

O estudo não é recente, mas nunca deixa de surpreender. A investigadora Ellen Langer foi ao podcast da autora Mel Robbins, e falou sobre a experiência que fez com homens de 80 anos e como, em menos de uma semana, conseguiu reverter as suas idades fisiológicas.

Ellen Langer concluiu que a atitude é mais importante do que pensamos
Ellen Langer concluiu que a atitude é mais importante do que pensamos Foto: Pexels
07 de outubro de 2025 | Madalena Haderer

Já toda a gente ouviu dizer – e é provável que tenha tido vontade de revirar os olhos – que a idade é só um número. Ainda assim, é verdade que a forma como nos vestimos, como falamos, como nos movemos, pode descontar – ou acrescentar – uns bons anos à nossa idade verdadeira. Num dos seus livros, a escritora Isabel Allende conta que, um dia, ao conhecer a famosa actriz Sophia Loren – que tem mais oito anos que a autora chinela – lhe perguntou qual era o seu segredo para parecer sempre tão jovem e glamorosa. A resposta foi lapidar: “Não faço sons de velha.” E quem diz velha, diz velho. Sabe, certamente, ao que Loren se refere – aqueles sons de dobradiça com falta de óleo, quando uma pessoa se levanta do sofá ou se baixa para apanhar alguma coisa, ou aquelas tosses de bulldog francês com bronquite asmática. A musa do cinema move-se com o silêncio de uma gata esguia e ágil.

Uma excentricidade? Nem por isso. Há muitos estudos que demonstram que o cérebro é uma máquina fácil de influenciar. Na prática, se uma pessoa se convencer que é mais nova do que é na verdade, falando, mexendo-se, agindo e pensando como uma pessoa mais nova, o cérebro convence-se e acompanha. E por vezes fá-lo de formas não só francamente espantosas, mas que podem ser medidas, quantificadas e analisadas. É caso disso o famoso estudo Counterclockwise (que significa “no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio”, ou, numa tradução mais livre, “pôr o tempo a andar para trás”), levado a cabo, em 1979, por Ellen Langer. A investigadora e professora de psicologia na Universidade de Harvard foi, recentemente, ao podcast da autora norte-americana Mel Robbins, onde recordou os resultados dessa investigação que, mais de 40 anos depois, continuam a surpreender.

Langer explica que a ideia por detrás do estudo era perceber se levar a mente dos participantes de volta para um tempo em que eles eram mais novos, colocando-os num ambiente consonante com o que era normal 20 anos antes, teria algum efeito reversivo na forma como a sua velhice se manifestava. Ou seja, na prática, a investigadora pegou num grupo de homens, todos eles com cerca de 80 anos – isto, em 1979 – e colocou-os num contexto em tudo semelhante ao de 1959, como se tivessem entrado no set de um filme.

De acordo com a investigadora, “o que se fez foi organizar uma espécie de retiro“ em que tudo o que existia à volta dos participantes era típico do final da década de 50: a decoração, os móveis, o papel de parede, mas também os jornais que liam, os filmes que viam e os programas de televisão e rádio que viam e ouviam. Estes conteúdos audiovisuais eram-lhes apresentados como se tivessem acabado de ser produzidos – ou seja, não era como estar a ver a RTP Memória. “Entre eles, discutiam a Crise dos Mísseis de Cuba e outros eventos passados, como se estivessem a acontecer naquele momento”, conta Ellen Langer. 

“Isto,” sublinha a investigadora, “foi num tempo em que um homem de 80 anos era mesmo muito velho, não é como agora, que os 80 são os novos 60.” E continua: “Em menos de uma semana, descobrimos que a visão dos participantes tinha melhorado, a sua audição também tinha melhorado, bem como a memória e a força, e tinham um aspecto rejuvenescido. Tudo isto, sem qualquer intervenção medicamentosa.”

Ellen Langer conclui o relato, perante uma atónita Mel Robbins, dizendo que “os nossos pensamentos impedem-nos de termos todo o tipo de comportamentos muito positivos”. Ou, dito de outra forma, o cérebro põe em prática, no nosso corpo, aquilo que a nossa mente pensa sobre a nossa idade e sobre aquilo que acreditamos que uma pessoa da nossa idade consegue e não consegue fazer. Numa frase: a idade é, em parte, uma construção mental.

Langer é uma das figuras mais influentes no campo da psicologia positiva e do mindfulness científico – uma forma de treinar o cérebro para viver com mais presença e equilíbrio, com resultados que podem ser medidos e replicados, e que não está relacionada com a espiritualidade. O foco do trabalho desta investigadora é descobrir como a mente influencia o corpo, e como as crenças e percepções podem mudar o funcionamento fisiológico de forma que pode ser medida e analisada.

Desde o sucesso do Counterclockwise, a investigadora já fez outros estudos semelhantes. Um deles, por exemplo, demonstrou que pessoas que pensam que fazem mais exercício do que realmente fazem (como empregadas de hotel que consideram o seu trabalho físico como um treino) têm melhorias reais de saúde – como a descida da pressão arterial, menos gordura corporal, desenvolvimento muscular, etc. Mais uma prova de que o corpo obedece às instruções da mente.

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