Um dia na vida de Rui Reininho
Há mais de quatro décadas que o carismático vocalista dos GNR, que “fez da língua portuguesa um canto e do canto uma forma nova de linguagem”, não deixa ninguém indiferente com a sua voz inconfundível e letras poéticas. Depois de as ouvir, pode lê-las em “Soñetos”, uma antologia que reúne mais de 150 letras-poemas, entre as escritas para o Grupo Novo Rock e os projetos a solo.

É impossível falar do rock nacional sem falar de Rui Reininho que, aos 70 anos, com o estilo excêntrico e a autenticidade desarmante de sempre, continua a arrastar multidões um pouco por todo o país. A 30 de maio, o vocalista dos GNR foi até à Livraria Lello, no seu Porto natal, para a apresentação oficial do livro Soñetos.
Dunas, Efetivamente, Pronúncia do Norte, Morte ao Sol, Popless, Mais vale nunca e Vídeo Maria, alguns dos temas de maior sucesso da banda que celebra este ano o 45° aniversário, estão entre as letras "plenas de sentido ou da evidente falta dele" eternizadas nas páginas da antologia, lê-se na sinopse. Esta fica completa com os poemas escritos pelo artista para as canções que editou a solo, registadas nos discos "Companhia das Índias" (2008) e "20.000 Éguas Submarinas" (2021).
"É um retrato da sua forma única de tratar a língua portuguesa, onde o sentido — ou a sua aparente ausência — desafia, provoca e encanta. Desde os anos 1980 que Reininho nos oferece frases inopinadas, excêntricas e, ainda assim, estranhamente certeiras", diz Aurora Pedro Pinto, administradora da Lello, sobre o título publicado pela Imprensa Nacional.
Numa entrevista à Must, via email, o compositor contou que a obra, cujo nome significa "sonetos sonhados", nasce de um desafio de Jorge Reis-Sá, editor e coordenador da série Letra Poema, da colecção Plural, em que agora se insere. Questionado sobre planos para novos livros, o autor deixa em aberto: "se tiver a coragem de atravessar o grande rio da prosa, edito o Vírus do Minho porque gosto de dançar o vira".
A que horas se costuma levantar?
Depende sempre da hora de deitar. Normalmente, de manhã (surpresa!), mas mais tarde se as dezenas de espectáculos obrigarem ao regresso de madrugada. A regra serão as sete, oito ou nove horas de sono de "beleza".
O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordado?
Onde estou, de onde vim, para onde vou… enfim, como toda a humanidade.
Qual é a sua rotina quando se levanta?
Água na cara, na língua e no pescoço; depois xixi e pesar. Flexões com luz do dia, alongamentos e exercícios vocais.
Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?
Chá, iogurte grego com chia, vitaminas solúveis. Sólidos só uma hora mais tarde.
Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?
Jornal em casa, janela no mundo, alimentar a cadela e a gata.
Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…
Felizmente, cada vez mais a pé.
Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?
Respirar com gongos e pedir inspiração ao Sr. Cosmos.
A que horas começa a trabalhar?
"Quando a inspiração chega (e se…) encontra-me a trabalhar."
Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?
Divertir o grupo e fazer render o peixe.
Como gere o seu tempo?
Nem sempre bem, confesso, mas com muita pontualidade.
Como lida com a pressão e o stress?
Bem, obrigada.
Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?
Gosto da sensação de dever cumprido, mas dispensava a claustrofobia do estúdio e os dias compridos.
Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?
Com tacto.
Costuma fazer pausas no trabalho? Para?
Sim, várias vezes. Bebo dois a três litros de água e chá.
Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?
Desgosto de almoçar, sobretudo com desconhecidos.
Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?
As críticas, com rancor passageiro. Os elogios, com distância e bonomia.
O que diria sobre a ideia que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?
Que sou preguiçoso, o que é um luxo adquirido.
Ao longo do dia dá importância às redes sociais?
No final do dia gosto de notícias e calúnias futebolísticas, transferências…
Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?
A minha vida é um hobbie.
A que horas costuma terminar a atividade profissional?
Quando posso. Adorava poder receber imediatamente.
"Leva" trabalho para casa?
Oh, sim.
Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?
Comentários jocosos, má língua inofensiva…
Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?
Ui, metade do ano civil e oficial.
Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?
O fim de semana é o pico da atividade.
Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?
O mais cedo possível, ao pôr do sol. Muito peixe. Sopa de peixe.
O que faz antes de dormir?
Canso-me com imagens, filmes, poucas séries (nunca vi a maioria das ‘famosas’), futebol, hóquei e basquete, mas irrito-me com os time outs.
A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?
Nunca antes da meia-noite, para me convencer que sobrevivi a mais um dia.
Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?
Longa vida, tempo curto na Terra, com calma e algum desespero com a estupidez humana.
Vê-se a ter outra profissão?
Já não.
O que mais gosta e menos gosta na sua profissão?
De ter sido escolhido, gosto. Não gosto das conversas profissionais, aparelhagens, instrumentos: admiro os padres que não falam de fé à mesa, mas sobre viandas e vinhos.
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