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Um dia na vida de… Sofia Couto da Rocha

Especialista em medicina preventiva e inovação e transformação digital na saúde são apenas algumas atividades desta profissional de saúde.

Foto: D.R
30 de junho de 2023 | Augusto Freitas de Sousa

Sofia Couto da Rocha fez formação em Silicon Valley (no Campus da NASA) e, entre outras ocupações, trabalha com um hospital, pertence a vários organismos e especializou-se em medicina funcional, estética, regenerativa e anti-envelhecimento. Dá aulas em três universidades e fez parte do fórum de mulheres líderes. Um dia-a-dia com programação digital e não só.

A que horas se costuma levantar?

Adoraria que fosse mais tarde porque o meu biorritmo natural é noturno, mas habitualmente pelas 7 horas ou um pouco antes.

O que costuma refletir/ponderar/pensar nos primeiros minutos acordada?

Há 14 anos que medito e uso habitualmente os primeiros minutos do dia para começar de mente limpa. Demorei quase um ano a implementar o hábito, eu sei que é difícil limpar a mente, mas é um treino, garanto. Comprovado benefício para a saúde e para a sensação de bem-estar.

Qual é a sua rotina quando se levanta?

Meditar e duche normalmente com música para começar a "conectar-me". Um copo de água com limão ou limão e gengibre. Antes de sair de casa, preparo os meus lanches do dia, um hábito recente. 

Sofia Couto da Rocha fez formação em Silicon Valley.
Sofia Couto da Rocha fez formação em Silicon Valley. Foto: D.R

Que tipo de pequeno-almoço costuma tomar?

Normalmente não tomo pequeno-almoço. Conhecer o nosso biorritmo é algo crucial para romper com mitos que comecem por "nunca" ou por "sempre". Nem a todos faz bem pequeno-almoço, nem a todos faz bem jejum intermitente. Parte da magia da nossa sociedade é a incrível variabilidade que temos, há que respeitar o corpo. No meu caso gosto, sim, de tomar um chá ou um sumo verde natural fresco.

Costuma haver algum tipo de atividade antes do trabalho?

Os meus dias não são todos iguais, mas tento alocar um mínimo de 30 minutos diários para ler algo que contribua para alguma das minhas áreas de conhecimento ou de trabalho… de manhã ou à noite são o momento.

Qual é o seu trajeto diário? Como o faz? A pé, automóvel, transportes…

Tenho um regime misto de trabalho, maioritariamente presencial, mas com alguns dias remotos. Nos dias presenciais, e contra o que gostaria, uso carro pela distância que percorro, mas quando já estou no centro de Lisboa ando a pé quando o tempo me permite.

Tem algum tipo de preparação prévia para o trabalho?

Gosto de começar a ler os e-mails de manhã para assinalar os que são mais importantes e os mais urgentes por esta ordem se assim mo permitir.

A que horas começa a trabalhar?

Normalmente pelas 8 horas, seja com consulta ou no escritório. 

"Pertence a vários organismos e especializou-se em medicina funcional, estética, regenerativa e anti-envelhecimento". Foto: D.R

Quais são as suas principais tarefas e responsabilidades no trabalho?

Adoro as áreas em que trabalho, ultrapasso com frequência as 70 horas semanais. Tenho dias preenchidos com atividade clínica onde me dedico ao "smart aging" e à estética, e, como "chief transformation officer" dedico-me à inovação e à transformação digital do grupo Lusíadas Saúde.

Como gere o seu tempo?

Sou extremamente controlada. Tenho agenda digital, claro, mas mantenho uma em papel porque sou visual na organização do meu tempo e com as atividades habituais, aulas e conferências é preciso ter uma visão global do ano. Tenho alguns momentos de paragem que prezo muitíssimo. 

Como lida com a pressão e o stress?

Aprendi a gerir. Sou naturalmente ansiosa, mas estrategicamente calma. Isto é, aprendi a converter o stress em energia geradora de resultados. Canalizar esta forma anímica é a forma mais saudável de a viver, diria que a única.

Qual é a parte favorita e menos agradável do trabalho e porquê?

Adoro lidar com pessoas e ver o impacto do que geramos: seja em consulta ou numa nova solução tecnológica que direta ou indiretamente melhore a vida a alguém. Se conseguir fazer isto uma vez por dia, valeu a pena. Menos agradável: gostaria que os dias tivessem mais horas, há tanto de interessante para fazer.  

Tem uma equipa a trabalhar consigo? Como gere a comunicação com eles?

Tenho sim, são inspiradores. Somos bastante digitais na interação, próximos e informais. Aprendi numa formação de cultura o conceito de "assume good intention" o que nos ajuda muitíssimo a lidar com as nossas diferenças e inclusivamente a tirar o melhor partido delas. Muitos dos meus amigos mais próximos foram antes "somente" colegas de trabalho. 

Dedica-se também ao desporto e há pouco tempo começou a praticar ioga.
Dedica-se também ao desporto e há pouco tempo começou a praticar ioga. Foto: D.R

Costuma fazer pausas no trabalho? Para?

Há uns meses comecei a implementar os "biobreaks", tento marcar reuniões de 55 minutos, 25 minutos, para deixar 5 minutos para necessidades básicas como beber água ou mexer-me. Mentalmente ajuda muito a desconectar de um tema e passar a outro, fazer algumas respirações profundas e avançar com toda a atenção. Melhora muito o meu dia e recomendo, inclusivamente, na minha consulta a fazê-lo - entre outras iniciativas.

Interrompe o trabalho para almoçar? O que costuma comer e onde?

Não sou fã do pequeno-almoço, mas sim do almoço. Há um ano andava a comer em frente ao computador. Acabei com este hábito e aproveito o momento do almoço para mudar de espaço ou procurar o exterior. Faz-nos bem ter paragens e aproveitar para partilhar com outras pessoas. É dos meus momentos preferidos. Adoraria ser capaz de levar comida, consigo-o raramente.

Como lida com eventuais críticas e elogios ao seu trabalho?

Aprendo com ambas. Como em tudo na vida. As pessoas que nos fazem a vida mais difícil são fantásticos professores, se formos capazes de entender a mensagem gastamos energia a evoluir e não em autodestruição. Tanto as críticas como os elogios devem ser recebidos com o mesmo grau de reflexão.  

O que diria sobre a ideia de que as pessoas com quem se relaciona profissionalmente têm de si?

Oiço frequentemente que sou muito acelerada, o que é verdade, gosto de pensar no futuro já que é o único resultado possível do presente.

Ao longo do dia dá importância às redes sociais?

Inevitavelmente. Uso muito frequentemente o Instagram para partilhar informação clínica que creio que contribui para uma literacia mais elevada de temas que me parecem "core". Uso o Spotify para ouvir podcasts, principalmente nas deslocações de carro, e abri uma conta para partilhar os "domingos saudáveis". As redes podem cumprir papéis extremamente importantes na nossa vida se as soubermos "educar", os algoritmos devem ser treinados a mostrar-nos o que pretendemos. 

Sofia Couto da Rocha conta com mais de 10 mil seguidores no Instagram.
Sofia Couto da Rocha conta com mais de 10 mil seguidores no Instagram. Foto: D.R

Tem hobbies ou atividades que faz regularmente?

Ioga, uma aquisição recente. Adoro água. Ler e escrever. Estive no design antes, portanto tudo o que é visual ou manual enche-me as medidas. Recentemente dediquei-me a dar nova vida a móveis, por exemplo. Mas permanente na minha vida é a paixão por viagens.

A que horas costuma terminar a atividade profissional?

Mais tarde do que deveria. Habitualmente por volta das 20 horas.

Leva trabalho para casa?

Tenho muita dificuldade em diferenciar trabalho de lazer nalguns aspetos. Por exemplo, uso períodos antes de ir dormir para ler temas que me são úteis, mas também prazerosos. Se tiver de escrever ou fazer uma apresentação, as horas após o jantar são as mais frutíferas.

Costuma conversar com alguém sobre a sua atividade no final do dia?

Sim, não sempre. Mas falo e oiço sobre o dia, principalmente com o meu marido e os meus pais.

Costuma viajar com frequência nas suas atividades profissionais?

Sim. Gosto muito de viajar. Mas são viagens intensas, mais cansativas do que prazerosas. Por outro lado, são fontes incríveis de aprendizagem.

Há muita diferença entre os dias da semana e os fins de semana?

Os sábados têm habitualmente consultas ou congressos e almoços de família. Os domingos são o dia do oxigénio para a semana. 

"Gosto muito de viajar. Mas são viagens intensas, mais cansativas do que prazerosas". Foto: D.R

Quais são os seus hábitos de jantar? Horário e exemplo de menu?

Apesar de dever, não janto muito cedo 20h30/21h. Gosto de inovar na cozinha, mas no dia-a-dia começo por sopa e junto uma proteína. Habitualmente à noite reduzo muitíssimo os hidratos de carbono.

O que faz antes de dormir?

Tenho sempre um momento de relaxamento. Seja treinar antes de jantar ou pelo menos desligar por uns minutos.

A que horas se costuma deitar e quantas horas dedica ao sono?

Por volta da meia-noite. Sempre dormi pouco, mas saudavelmente dedicava-o ao período ideal do meu biorritmo. Agora dumo 7 horas para conseguir sentir-me recuperada.

Como mantém o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional?

Com racional na execução e paixão na estratégia.

Vê-se a ter outra profissão?

No meu mundo do imaginário vejo-me a ser feliz, a ter propósito e a encontrar inúmeras formas de servir em distintas "vidas".

O que mais gosta e menos gosta na sua profissão?

Adoro pessoas e aprender. Aprendo todos os dias com todos com quem me cruzo, pessoal, digital ou inspiracional (quando leio, por exemplo). Necessito de viver no limite do conhecido e de ter propósito.

Saiba mais Mundo, Educação, Saúde, Sofia Couto da Rocha, Beleza, Medicina
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