Viver

5 vezes em que Pelé rematou ao lado (ou as polémicas da sua vida)

Fatal dentro de campo, falível fora dele. Longe de ser um modelo de virtudes, foram muitos os defeitos que Pelé manifestou ao longo de uma vida longa e repleta de êxitos desportivos. Estes são cinco momentos em que o craque falhou.

Foto: Getty Images
30 de dezembro de 2022 | Áureo Soares

As filhas não reconhecidas

Pelé teve sete filhos de três casamentos e de outras relações. Porém, duas das suas filhas foram reconhecidas tardiamente. Flávia, fruto de um relacionamento extraconjugal com Lenita Kurtz, nasceu em 1970 mas apenas foi reconhecida em 2002. Já Sandra Regina, que haveria de morrer vítima de cancro aos 42 anos, em 2006, nunca chegaria a ser reconhecida oficialmente como filha de Pelé, embora um teste de ADN positivo e anos de batalhas judiciais o tenham deixado mais do que provado.

Com uma das suas mulheres, Rosemeri dos Reis Cholb, em 1973.
Com uma das suas mulheres, Rosemeri dos Reis Cholb, em 1973. Foto: Getty Images

O namoro com Xuxa

A apresentadora brasileira Xuxa conta nas suas Memórias (Ed. GloboLivros, 2000) que, antes ainda de namorar Ayrton Senna, foi em Pelé que viu o amor. Os dois ter-se-ão conhecido numa sessão fotográfica do "Rei" com modelos brasileiras – uma ruiva, uma morena, uma loira, a pedido de Pelé – rodeando o craque, que vestia smoking. De acordo com a autora, Pelé, com 41 anos à data, terá tentado outro alvo primeiro, antes de decidir conquistar o coração de Xuxa, 17 anos. O namoro durou seis anos e as constantes traições do futebolista puseram um ponto final numa relação tão conturbada e polémica quanto mediática.

Com a cantora Xuxa, em 1983.
Com a cantora Xuxa, em 1983. Foto: Getty Images

Da época da Ditadura…

Apesar de ter exercido o cargo de Ministro dos Desportos no governo de Fernando Henriques Cardoso, nos anos 90, o passado político de Pelé é tudo menos consensual. Ao longo dos anos 60, foi acusado de ser no mínimo complacente com a Ditadura Militar (1964-1985), que se apropriou do seu nome para fazer a propaganda do regime brasileiro. Em 1977, numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o craque afirmava que "o povo brasileiro ainda não está em condições de votar por falta de prática, por falta de educação e ainda mais porque se vota, em geral, mais por amizade nos candidatos." 

Com Nixon na Casa Branca, 1973.
Com Nixon na Casa Branca, 1973. Foto: Getty Images

… Às poucas causas modernas

Na última década também o futebol e os seus protagonistas se têm envolvido na promoção da justiça social e no combate à desigualdade, com o racismo à cabeça. No entanto, em jeito de comentário, o "Rei" chegou a afirmar que "Se fôssemos parar cada vez que me chamaram macaco ou crioulo, não haveria jogo." Estávamos em 2014, ano de Mundial no Brasil, e Pelé apelou à não realização de manifestações contra a organização do evento: "Não é uma boa ideia realizar manifestações porque a seleção brasileira promove o Brasil. Não é culpa dela se existe corrupção no país." Uma insensibilidade para com os assuntos sociais que contrasta com posições passadas. Em 1994 Pelé chegou a avaliar uma possível candidatura à presidência da República do Brasil, declarando-se socialista.

Associado a uma campanha contra a fome, em Londres, com David Cameron.
Associado a uma campanha contra a fome, em Londres, com David Cameron. Foto: Getty Images

E um ego do tamanho do mundo

"Como na música, só existe um Frank Sinatra e um Beethoven, ou nas artes, com um único Michelangelo, no futebol só há um Pelé." O alvo era Maradona, nos anos 80, quando o argentino ameaçava o legado até então sem par do brasileiro. No futebol, em que tantas vezes o talento puro é proporcional ao tamanho dos egos, Pelé era quase imbatível. Falava de si na terceira pessoa e não admitia comparações. Outro dos frequentes visados da sua intolerância para com as comparações era Romário. A importância do "baixinho" no futebol brasileiro levou Pelé a repetir: "Igual a Pelé não tem nem vai ter. Minha mãe me fez e fechou a fábrica." A resposta de Romário a esta diatribe de índole quase biológica não se fez esperar: "O Pelé calado é um poeta. Como jogador foi o nosso rei, nosso deus, mas devia colocar um sapato na boca". Isto foi em 2005. A 27 de dezembro, dois dias antes da morte de Pelé, Romário enterraria o machado de guerra: "Rei, melhora. Muita fé. O mundo todo está olhando e rezando por você. Melhora! Beijo no coração."

Romário, com quem Pelé não admitia comparações.
Romário, com quem Pelé não admitia comparações. Foto: Getty Images
Saiba mais Pelé, Ditadura Militar, Xuxa, Brasil, Romário, desporto, futebol, política, questões sociais
Relacionadas

Isto Lembra-me Uma História: O bigode de Bellerín

Jogadores de bigode há e houve muitos. E futebolistas cujo percurso foi marcado pelas excentricidades também não faltam na história do belo-desporto. Hector Bellerín, o catalão que este ano chegou ao Sporting, tem dado nas vistas por não ter exatamente o perfil do futebolista dos anos 2020.

Mais Lidas
Viver Arte, moda e lifestyle na Avenida Open Week

De 4 a 10 de maio, a artéria emblemática de Lisboa abre as suas portas para revelar os seus segredos mais bem guardados, partilhar conhecimentos e oferecer uma imersão no seu mundo de luxo e sofisticação.