Costa Boal em homenagem ao tempo e à arte de fazer grandes vinhos
São poucos, muito poucos, os produtores em Portugal capazes de lançar, ao mesmo tempo, seis ou sete vinhos tão marcantes. Três deles, em particular, cheios de personalidade.
Costa Boal Homenagem 2011, Garrafeira Tinto 2017 e Garrafeira Branco 2022 formam a trilogia que o produtor duriense apresentou no Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras. O lugar não podia ser mais simbólico para a história do Douro, mas tratava-se aqui de honrar a própria história da empresa – e não foi sem emoção que António Costa Boal evocou os 25 anos da morte do pai, momento decisivo para o seu envolvimento na empresa familiar. “A sua coragem e amor pelo campo guiaram-me em todos os passos deste caminho”, dizia. Cada uma destas garrafas guarda, por isso, “um pouco da sua memória e do legado que me deixou”, sendo inclusivamente “as melhores colheitas que já lançámos no mercado.”
Di-lo com indisfarçável orgulho — e provavelmente com razão. Especialmente no caso do Homenagem, um tinto que nos chega desse mítico 2011, com uma vivacidade e jovialidade surpreendentes, taninos bem polidos e fruta no ponto. Tudo com uma evolução e um equilíbrio que só muitos anos conseguem dar. A matéria-prima, diga-se, já era bastante boa, mas o tempo e o saber esperar fizeram a diferença.
As uvas vieram da Quinta de Cabeda, em Alijó, com vinhas velhas plantadas em altitude, em solos de transição de xisto para granito. É um Douro mais fresco do que junto ao rio, o que ajuda a criar vinhos com um perfil de maior elegância do que concentração. As duas Tourigas, Francesa e Nacional, surgem bem temperadas por Tinto Cão e Sousão, que lhe dão um toque extra de acidez e prolongam a vida e a juventude do vinho.
As edições limitadas estreiam também a gama Garrafeira no portefólio da Costa Boal — vinhos com um estágio mais prolongado de, pelo menos, 30 meses, 12 dos quais em garrafa. Isso é o que dita a lei, mas, no caso do tinto, falamos da colheita de 2017, com estágio de três invernos em barrica e os restantes anos em garrafa.
O processo de vinificação é exatamente o mesmo do Homenagem e, tal como nesse rótulo, as vinhas vêm da altitude de Alijó, desta vez com a Tinta Amarela a fazer companhia à Touriga Nacional, mais o Sousão e o Tinto Cão. São vinhos pensados de origem para a longevidade, com a riqueza das vinhas velhas e o tal tempero de acidez.
2017 foi outro grande ano, aqui revelado com elegância e um lado mais vegetal do que frutado — com muita juventude, mas já “perfeitamente no ponto”, como sublinhava o enólogo Paulo Nunes. Depois de provar o Homenagem, fica uma curiosidade irresistível para perceber como vai evoluir este 2017 — porque promete.
Entretanto, em Trás-os-Montes…
As novidades da empresa não se restringem ao Douro. Pelo contrário, o grosso chega de Trás-os-Montes, que é hoje o verdadeiro quartel-general da Costa Boal — e, desta vez, já com rótulos para todas as bolsas. É o caso dos Field Blend – o tinto de 2023 e o branco de 2024. Dois vinhos excelentes, com volume e elegância, acidez viva e bem integrada. Parece-nos difícil pedir mais por 6 euros. Ao mesmo nível está o Flor do Tua Reserva.
Mas se regressarmos aos topos de gama, encontramos outro dos vinhos que mais prazer nos deu ultimamente: Palácio dos Távoras Tinta Gorda 2021 (preço: 45 euros). É certo que a cor interessa pouco nos vinhos — porque não se cheira nem se prova —, mas neste caso a cor clara e aberta também não engana, revelando na boca uma leveza e delicadeza excecionais. Excelente equilíbrio entre álcool (14 graus) e acidez, com notas mais vegetais e de groselha.
Para cúmulo, é um vinho raro, porque não deve haver muitos monocastas de Tinta Gorda, nem de vinhas que há muito celebraram o centenário – e este será, talvez acima de tudo o resto, o grande segredo para a Costa Boal conseguir criar tantos e tão belos exemplares: as vinhas velhas. Vamos percebê-lo também no Alicante Bouschet 2021 ou no Tinto Grande Reserva 2020 (que era precisamente o antigo Vinhas Velhas).
Filipe Caldas Vasconcelos: “A terra deu-me raízes, o mundo deu-me horizontes”
Era quase inevitável que Filipe Caldas Vasconcelos dedicasse tempo da sua vida ao Morgado do Quintão no Algarve. A propriedade manteve a história agrícola e cultural e uma ascendência familiar que vai até ao primeiro dono, o 1.º conde de Silves no século XIX. A inevitabilidade tem a ver com o produtor que se tornou o guardião de um património que hoje cruza vinho, arte e enoturismo.
O Café des Épices traz o sabor e a alma de Marrocos a Lisboa
O novo espaço em Marvila, assinado pelo restaurateur marroquino Kamal Laftimi, recria a atmosfera e os sabores autênticos do Magrebe, com a chef Soumia a comandar uma cozinha que celebra a tradição marroquina e o prazer de partilhar à mesa.
MaÍda: um banquete mediterrânico com alma libanesa e espírito lisboeta
A Rua da Boavista, no Cais do Sodré, tem um novo ponto de encontro para quem vive com apetite de sabores, de música e de partilha. Chama-se MaÍda, nome que evoca, em árabe, banquete, partilha e celebração.
O reconhecido chef inglês tem reinterpretado alguns dos pratos portugueses mais tradicionais. Depois do desastre da reinterpretação do pequeno almoço, chega agora a versão da bifana.
Estudos indicam que, quando consumida com moderação — à medida do que acontece com o vinho —, a cerveja poderá ser tão benéfica para a saúde quanto é o néctar de Baco.
A 8ª edição do Concurso de Vinhos de Portugal escolheu os vencedores entre 1400 candidaturas. A região mais medalhada foi o Douro, seguindo-se as regiões do Dão e Alentejo.
O restaurante de street food SOI acrescentou à sua ementa um prato que acredita ser pornograficamente bom.