Cervejaria Liberdade: um clássico que se soube renovar
O restaurante do Tivoli Avenida Liberdade regressa com novo fôlego e nova decoração, mas com muitos pratos e o serviço de sempre. Porque há coisas que não queremos que mudem.

O pé-direito alto e as janelas amplas com vista para a avenida mais famosa da cidade continuam a definir o cenário, deixando entrar a luz sem grandes barreiras. O espaço está mais claro e luminoso, embora equilibrado pelos tons mais escuros das madeiras e do mobiliário. Ao fundo, na parede oposta à entrada, a tapeçaria “Os Signos do Zodíaco” continua a dominar a sala, tal como no dia da inauguração, em abril de 1961.
A peça da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, baseada num desenho do francês Jean Lurçat, deu nome ao restaurante original — o “Zodíaco” — e é um elemento identitário tão marcante que o espaço nunca seria o mesmo sem ela. À entrada, porém, é impossível não reparar nas novidades — e no piscar de olho às marisqueiras mais tradicionais, com um aquário de marisco vivo e uma montra de peixe fresco, para que os clientes possam ver o que chegou do mar, confirmar a qualidade da matéria-prima e até escolher a sua peça.

Pratos novos, sabores antigos
A carta continua centrada no peixe e no marisco da costa portuguesa. Há recheio de sapateira, amêijoas à Bulhão Pato, ostras e croquetes de novilho de entrada, como em qualquer boa cervejaria lisboeta. Entre os principais, mantêm-se os clássicos Bacalhau à Brás, Arroz de Marisco e Bife de Lombo à Cervejaria e o peixe do dia — o mesmo que se vê na montra — pode ser grelhado, assado, cozido ou preparado à meunière.
Mas entre as novidades surgem já um surpreendente Arroz de Peixe com salicórnia e limão, umas lulas a baixa temperatura com puré ou a Perna de Pato confit com arroz de enchidos. Todos preparados com técnica segura, alguns toques de originalidade e uma execução sem excessos — reflexo do trabalho do chef Miguel Silva, que tem mais de dez anos de casa e é formador na Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal.
As sobremesas seguem a mesma lógica: farófias e sopa de morangos entre os intocáveis da carta, e algumas novidades, como um bolo de bolacha ligeiramente diferente, pensado para ser terminado à mesa.

O regresso da cozinha de sala
Houve tempos em Lisboa em que qualquer restaurante com alguma ambição tinha de ter pratos terminados à mesa. Foi assim na Cervejaria Liberdade — que, antes de assumir este nome também se chamou Beatriz Costa e Brasserie Flo —, onde nasceram clássicos como os Crepes Suzette e o Bife Tártaro.
Esses rituais permanecem com igual protagonismo. O bife continua a ser misturado na sala e ajustado ao gosto de cada cliente, e os crepes flambeados no momento com uma destreza própria de um malabarista. Este tipo de serviço, quase desaparecido, volta agora a ganhar popularidade — mesmo que sob nomes mais “modernos”, como showcooking — mas aqui nunca deixou de existir. O próprio bolo de bolacha foi pensado para ser montado à frente do cliente.
São gestos que só se mantêm graças a quem conhece bem a casa, como o Sr. Ribeiro, o Sr. Belém ou o Sr. Felizardo. Figuras de longa data que ajudam a preservar a alma deste restaurante.

Ambientes renovados
A tapeçaria Zodíaco continua a atrair todos os olhares, mas agora partilha protagonismo com uma estante repleta de peças de artesanato português, selecionadas por Felipa Almeida. São sobretudo cerâmicas — algumas antigas, outras contemporâneas — que podem ser compradas e que irão sendo substituídas ao longo do tempo.
Outra das novidades é o novo bar junto à entrada, que permite petiscar ao longo do dia: entradas, tábuas de queijos e enchidos, pregos, ostras e até o bife tártaro. Aqui, como na sala principal, a cerveja ganha novo destaque, especialmente as artesanais, que ganharam maior presença. A carta de vinhos foi também refeita, juntando aos nomes clássicos do país as propostas de pequenos produtores e edições limitadas.

Menu Executivo
Além da carta principal, a Cervejaria Liberdade mantém os menus de almoço, disponíveis nos dias úteis até às 15h. O Menu Executivo (35 €) inclui entrada e prato principal, ou prato principal e sobremesa; o Menu Completo (43 €) acrescenta as três opções. Em ambos há sempre uma boa variedade de escolhas — cinco ou seis pratos principais — a pensar também nos clientes habituais.
“Estamos a evoluir sem mudar o legado do espaço”, explica o chef Miguel Silva. “A cozinha é descomplicada, pensada para ser saborosa e fiel ao que sempre fomos”, porque há sítios onde isso é tudo o que se quer.
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